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Moda entre jovens, aparelhos falsos trazem riscos à saúde

Uso irregular de fios e peças metálicas, que são fixadas com cola, pode causar perda óssea e retração da gengiva

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo tem feito blitze para coibir o comércio ilegal de material

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

Aparelhos dentários falsos viraram uma moda perigosa entre os adolescente. Com elásticos coloridos e trançados, são chamados de "diferenciados" e vendidos por camelôs noo centro de São Paulo e em redes sociais.

Os participantes dos "rolezinhos" evidenciaram a moda do sorriso metálico, já que nunca se viu tamanha concentração de jovens com bocas coloridas.

Os dentistas alertam que o conjunto de peças coladas e unidas por um elástico ou fio provoca uma movimentação nos dentes, que pode causar, entre outras coisas, retração na gengiva e perda óssea.

Nos últimos meses, o Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) iniciou uma cruzada contra o comércio ilegal, com apreensões de material falso e também vendido em lojas autorizadas.

Ontem, houve uma reunião com empresas do setor para que elas restrinjam a venda de produtos ortodônticos a profissionais. Um projeto de lei estadual também foi protocolado nesse sentido.

"Há de tudo na rua, material verdadeiro e falso. Estão usando até cerda de vassoura", afirma o presidente do Crosp, Claudio Yukio Miyake.

Em geral, quem instala os aparelhos são jovens sem nenhuma formação odontológica, que se autopromovem pelas redes sociais. Cobram em média R$ 120 para colocar e R$ 50 pela manutenção.

"Muito trampo hoje. Já já indo por aparelhos e fazer manutenção (sic)", escreveu Phelipe, 18, em uma rede social. Acusado de exercício ilegal do profissão, ele está foragido desde o ano passado.

Segundo a polícia, ele atendia cerca de 50 pessoas em uma casa alugada em Diadema (SP). Mas não é o único. Ontem, a reportagem encontrou pelo menos dez páginas na internet anunciando colocação e manutenção de aparelhos "diferenciados".

Na condição de anonimato, a Folha conversou com dois jovens que tiveram os aparelhos colocados por colegas "dentistas". "As minas gostam. Todo mundo agora está usando aparelho colorido. Minha mãe ficou louca, quer que eu tire, mas nem a pau (sic)", disse J.C., 16, que, mesmo sem precisar, mantém o aparelho com fios azuis.

Ele diz que não se preocupa com os riscos. "Não fica muito apertado, não."

Mas os dentistas enumeram vários problemas que essa moda pode trazer. "Há uma força no local que provoca uma movimentação dos dentes. Leva para posições erradas, causa perda óssea, reabsorção da raiz e até a perda do dente", diz Miyake.

A ortodontista Nerli Juliano diz que a colocação errada das peças metálicas pode romper o nervo e fazer com que o dente saia do osso. Ela conta que, por conta da moda, tem atendido adolescentes que relutam em tirar o aparelho verdadeiro' da boca mesmo após o tratamento. "Uma menina não queria tirar alegando que o namorado gosta de meninas de aparelhos. É inacreditável."

O periodontista Helio Sampaio Filho diz ainda que o uso de cola extraforte pode ter efeito tóxico para mucosa da boca, levando a lesões."

Ele lembra que, sem orientação profissional, a higienização da boca pode ser negligenciada, o que provoca gengivites. "Ninguém sabe a origem desses materiais. Os jovens não têm ideia do perigo que mora em suas bocas."


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