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Depoimento

O dia em que pensei na morte indo a Paraty

Tive certeza de que não sairia com vida daquela maldita estrada de Cunha

De repente, a estrada virou um pesadelo, com curvas estilo 'cotovelo'

TETÉ RIBEIRO EDITORA DA “SERAFINA”

Foi a caminho da Flip do ano passado que, pela primeira vez na vida, imaginei o meu fim. Imaginei, não, tive certeza que daquela maldita estrada de Cunha eu não sairia com vida.

O plano era ouvir debates entre escritores, pensar em questões filosóficas, ter jantares regados a ótimas caipirinhas com amigos muito cultos, num cenário paradisíaco.

Entrei no carro que me levaria a Paraty cheia de sonhos, e saí dele, quase seis horas depois, com apenas um: continuar viva.

O dia estava lindo, o motorista confiante na tecnologia, eu confiante na experiência dele. Ele botou "Paraty" no GPS e lá fomos nós.

De repente, a estrada virou um pesadelo, pista única, com curvas estilo "cotovelo" a cada dois ou três minutos (nunca tinha ouvido esse termo, mas o motorista falou umas boas 300 vezes no caminho, aí assimilei). Na pista oposta, um desfile de veículos que quase não se vê nas ruas: Fuscas velhinhos, Kombis, caminhões sem placa, motos com três pessoas, nenhuma com capacete.

Aí o sol começou a se por, e, com ele, foi embora a confiança do motorista, que então trocou a descrição de cada curva por um "meu Deus", ou "minha virgem Maria". Sentia a pamonha que tinha comido revirar no estômago.

Mas, enfim, chegamos lá, vivos (e a pamonha dentro de mim). Aí só precisei sobreviver aos amigos, aqueles lá de cima, todos muito cultos e regados a ótimas caipirinhas, que me paravam nas ruas de paralelepípedo da cidade histórica para rir da minha cara: "Você que veio por Cunha?".


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