Filipe Catto canta em show sua nova seleção de autores

Terceiro álbum afirma proposta de registrar compositores contemporâneos

Filipe Catto, que apresenta três shows no Sesc Vila Mariana neste fim de semana para lançar seu terceiro disco de estúdio - Keiny Andrade/Folhapress
THALES DE MENEZES
São Paulo

"Catto" tem dez músicas embaladas numa caixa de acrílico transparente, com letras e grafismos mínimos aplicados em azul e rosa em tons claros. Junto com um encarte requintado e farto de fotos e desenhos, está à venda envolta em uma capa de papelão que exibe o artista que faz shows de sexta (2) a domingo no Sesc Vila Mariana.

Filipe Catto faz graça da embalagem, que foi criação sua. "Parece um perfume de velha, né?", diz, rindo, em entrevista à Folha. "Fico quase constrangido de vender um disco numa caixinha de plástico simples por R$ 30. O custo do meu disco ficou bem alto, tenho margem de lucro mínima." O lançamento é pela gravadora Biscoito Fino.

O mesmo capricho do invólucro se repete no conteúdo. O terceiro álbum de estúdio do gaúcho de 30 anos radicado em São Paulo tem canções poderosas, três escritas por ele e as outras elencando compositores contemporâneos de relevância, como Romulo Fróes, Cesar Lacerda, Nuno Ramos e Juliano Holanda.

De nomes já consagrados, ele regravou "Arco de Luz", de Marina Lima e Antonio Cicero, e divide com Zélia Duncan composição e vocais da faixa "Só por Ti".

"Fôlego", seu primeiro álbum, que em 2011 revelou a um público maior sua voz aguda e afinada, tinha nove músicas compostas por ele. "Tomada", de 2015, trazia quatro. A redução das músicas autorais veio pela maior oferta de canções de outros.

Catto continua compondo bastante, tem muita coisa gravada por amigos. Admite que poderia gravar um disco inteiro autoral, mas registrar a geração atual dos autores se tornou proposta clara.

"Não falta por aí compositor bom, mas tem muito intérprete por aí insistindo em regravar Chico. Eu adoro, mas é demais. Não é uma crítica, é uma constatação."

"Quando percebi que estava ficando mais conhecido e as pessoas me davam músicas, me senti muito feliz. Essas músicas são meus filhos adotivos, eu virei a Angelina Jolie das canções."

Apesar da variedade de autores, "Catto" tem unidade sonora que ainda não estava clara nos discos anteriores. Com direção musical do também gaúcho Felipe Puperi, da banda Wannabe Jalva, traduz bem as influências do indie assumidas por Catto: Arcade Fire, Anna Calvi, PJ Harvey...

Cinderela

"Tudo que concretizei neste terceiro disco eu já ambicionava no primeiro", diz. Para ele, aquele momento "foi meio história de Cinderela". Depois de fazer show em São Paulo divulgando um EP com vocação mais para a MPB, Catto foi parar na gravadora Universal e, com "Fôlego", fez o registro de uma sonoridade que já estava pronta nos shows de então. O álbum, assim, como "Tomada", foi gravado em duas semanas.

"Catto" levou nove meses para ficar pronto. Depois de encontrar Puperi e começarem a trabalhar, a ideia do disco veio durante turnê em Portugal, quando cantou a música "Canção de Engate", do músico português António Variações (1944-1984).

"Fique pensando... Variações, Zélia, tem "Arco de Luz", da Marina e do Antonio Cicero, tem 'Faz Parar', de Romulo Fróes e Cesar Lacerda, tem essa que eu escrevi... Olhei para o Tejo e percebi que tinha de fazer um disco."

A intenção de Catto de não ligar para convenções está na abertura e no encerramento do disco. "Como um Raio" começa com "Dizem por aí que eu não sou nada". Na última faixa, "Eu Não Quero Mais", a letra termina com "Eu quero mais é que você se foda".

filipe catto

  • Quando sexta (2) e sábado (3), às 21h; domingo (4), às 18h
  • Onde Sesc Vila Mariana, r. Pelotas, 141, tel. (11) 5080-3000
  • Preço de R$12 a R$ 40
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