Após dominar paradas musicais com 'Despacito', Luis Fonsi estreia no Brasil

Cantor porto-riquenho desvia suas baladas românticas para o pop e faz shows em três capitais brasileiras

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São Paulo

Muitos não conhecem sua cara, mas certamente já ouviram sua voz e ao fim deste parágrafo estarão cantando como ele. Com o hit “Despacito”, o porto-riquenho Luis Fonsi, 40, liderou as paradas em 47 países. O single foi o segundo com mais downloads e reproduções em streaming no ano de 2017.

A canção original e sua versão com o astro canadense Justin Bieber foram tocadas mais de 7,5 bilhões de vezes em plataformas digitais até abril deste ano. No saldo do ano passado, só ficaram atrás de “Shape of You”, do britânico Ed Sheeran, nº 1 no mundo.

O sucesso impulsiona a turnê “Love & Dance”, que chega ao Brasil já em sua reta final, com shows em São Paulo, na sexta-feira (4/5), em Curitiba, no sábado (5/5), no Rio de Janeiro, no domingo (6/5).

Fonsi construiu uma carreira de duas décadas escorado em baladas românticas, mas só explodiu globalmente quando se rendeu à mistura de reggaeton e pop que gerou “Despacito”, fórmula que pretende continuar explorando.

"É definitivamente diferente em termos de estilo [do que suas outras canções]; talvez isso fosse o que eu precisava ter feito antes, mas agora me pareceu o momento certo, e fui muito abençoado por o mundo ter aberto suas portas para mim e para a música latina no geral”, diz Fonsi à Folha.

Um fenômeno como este geralmente não está completamente alheio nem rendido à sorte. Jesús López, CEO da Universal na América Latina e na Península Ibérica, diz que a gravadora trabalhou a faixa por um ano antes que ela fosse lançada, em janeiro de 2017.

"Escolhemos o produtor, batemos na porta de Daddy Yankee [ícone do reggaeton, que participa da faixa], filmamos o vídeo e nos certificamos de que ele fosse o primeiro single latino a ser lançado em 2017”, disse López no Global Music Report 2018, divulgado na terça (24).

O levantamento da Federação Internacional da Indústria Fonográfica, principal mapeamento do setor, salienta “Despacito” como o grande case de sucesso de globalização de uma música regional.

O executivo também destaca a rapidez para incorporar o remix de Bieber à campanha: a versão teria sido gravada em uma terça e divulgada no domingo da mesma semana.

Menos de um ano depois do lançamento de “Despacito”, o porto-riquenho estava novamente nas paradas de 14 países —desta vez, com “Échame la Culpa”, dueto festivo com a cantora Demi Lovato, que canta trechos em espanhol.

"Venho trabalhando muito nos últimos 20 anos, não é como se eu não estivesse dando duro antes”, diz o cantor. “A música mudou e o modo como a consomem é diferente, você pode lançar uma canção hoje e amanhã o mundo inteiro pode ouvi-la.”

Fonsi reconhece que abarcou uma abordagem mais rítmica, mas garante que ainda mantém o mesmo romantismo pelo qual era conhecido.

"Lá atrás, se eu fizesse uma canção rítmica, as rádios não a tocariam, eu tinha que surgir com uma balada”, afirma. “E agora é o contrário. Rádios não querem mais baladas, querem músicas dançantes.”

Chega a ser sintomático que seus dois maiores hits, cantados em espanhol, tenham explodido nos Estados Unidos em meio a debates sobre a presença de imigrantes no país.

Para o cantor, a explicação é simples: “Acho que as pessoas apenas precisam dançar.”

"As pessoas precisam de felicidade em suas vidas, de uma desculpa para fugir seja da tensão política, da situação econômica que todos os países estão enfrentando ou de uma situação pessoal”, diz.

Nas falas de Fonsi, transparece seu desejo de agradar ao público, seguindo as tendências do momento e, quem sabe, bater o próprio recorde.

"Apenas acho que se trata de andar adiante, não sei o que irá acontecer daqui a cinco anos, e é quase como se eu não quisesse saber”, afirma. “Quero ver as voltas que o mundo dará, o que as pessoas vão querer ouvir e então vou dar meus próprios toques e esperar que elas gostem.”

Após esnobação, Fonsi diz que Grammy é questão de opinião

Com “Despacito”, Luis Fonsi levou quatro prêmios do Grammy Latino, incluindo os de gravação e canção do ano, e foi indicado a três categorias da premiação americana, o Oscar da música —mas saiu sem nenhum.

"Não sou mau perdedor, é o Grammy. São opiniões de músicos e respeito 100%”, diz, afirmando-se fã de Bruno Mars, por quem foi desbancado. “É uma opinião, é o que torna o Grammy grandioso. Não se trata de números ou de quem mais vendeu, e sim de como as pessoas se sentem.”

O resultado repercutiu negativamente para a Academia de Gravação Americana, criticada novamente quando tentava se redimir da edição anterior, marcada por premiar apenas artistas brancos em suas principais categorias.

"Talvez a Academia ainda não esteja pronta para votar em uma canção em espanhol”, diz o porto-riquenho. “Ouvi comentários de pessoas dizendo ‘você já tem seu Grammy latino, essa é uma categoria diferente’”, diz. “Se for verdade, seria muito triste.”

Luis Fonsi - ‘Love & Dance Tour’
Sex. (4/5), às 20h30 (abertura), no Espaço das Américas, r. Tagipuru, 795, São Paulo. Sáb. (5/5), às 20h, no Live Curitiba, r. Itajubá, 143, Curitiba. Dom. (6/5), às 18h, no Viva Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, Rio de Janeiro. De R$ 60 a R$ 330 nas bilheterias ou em ticket360.com.br; diskingressos.com.br e eventim.com.br. 16 anos (menores com os responsáveis); 18 anos (Rio).

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