Descrição de chapéu

Filme de terror, 'Slender Man' é incapaz de assustar o espectador

Apesar do roteiro sem rumo e diálogos constrangedores, longa deve ir bem nas bilheterias

Slender man - Pesadelo sem rosto [Slender man, Estados Unidos, 2018], de Sylvain White (Sony). Gênero: terror. Elenco: Julia Goldani Telles, Joey King, Annalise Basso. Classificação: 12 anos
Cena do filme de terror "Slender Man" - Divulgação
Thales de Menezes

SLENDER MAN (Slender Man)

  • Quando Estreia nesta quinta (23)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Joey King, Julia Galdoni Telles, Annalise Basso
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Sylvain White

Veja salas e horários de exibição

Lendas urbanas estão espalhadas por aí, ganhando muito mais força quando têm um componente assustador. Os exemplos vão da “loira do banheiro”, comentada há quase 50 anos no Brasil, ao surto recente de palhaços assassinos em cidades americanas.

Mas é difícil encontrar um desses casos com origem conhecida e comprovada. É o que acontece com o Slender Man, nome que pode ser traduzido em português para “homem muito magro”. A trajetória dessa criatura como lenda urbana é bem mais interessante do que o filme de mesmo nome que estreia nos cinemas.

Em 2009, o americano Victor Knudsen criou o personagem para um concurso de usuários de Photoshop. Inventou um monstro que é basicamente um homem de altura anormal, algo entre dois e três metros, que não tem rosto e possui o dom de esticar braços e pernas para agarrar crianças e jovens incautos.

O Slender Man ganhou o mundo virtual. Sua imagem passou a ser inserida da forma mais realista possível em fotos que circulam pelas redes sociais. Daí a alcançar ares de algo possivelmente verdadeiro não demorou muito. 

Uma busca na internet por essas imagens é passatempo bem mais divertido do que uma sessão de “Slender Man”, do diretor Sylvain White, que não mostra mérito algum para ter largado as séries de TV medianas em que já trabalhou.

Pelo contrário. “Slender Man” não é um filme de terror, é um horror de filme.

Com tantas referências espalhadas pela internet, a história poderia se transformar numa versão 2018 para o fenômeno “Bruxa de Blair” (1999), primeiro eficiente cruzamento do cinema de horror com o potencial de alcance do mundo virtual.

Mas para isso era preciso um filme melhor. “Slender Man” quer mostrar como um grupo de garotas se dá mal ao cruzar com a criatura misteriosa, mas faz isso com um roteiro sem rumo, diálogos constrangedores e jovens atrizes que deveriam pensar duas vezes antes de assinar contrato para produções desse nível.

E o filme ainda comete o pecado mais imperdoável para os fãs do gênero: é incapaz de dar um mísero susto no espectador. Falha também ao tentar criar um clima de angústia e medo. Algumas montagens fotográficas na internet, principalmente as que inserem o Slender Man meio escondido em lugares públicos lotados de crianças, são bem mais assustadoras.

Como a afluência de público adolescente nos filmes de terror exibidos nos cinemas americanos não dá mostras de enfraquecimento, “Slender Man” deve ir bem de bilheteria. Uma franquia não está fora de cogitação. Esse provável sucesso diz muito sobre o momento sofrível dos filmes supostamente destinados a amedrontar as plateias.

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