Descrição de chapéu Artes Cênicas

Após anunciar o seu fim, companhia Quasar ressurge em ode à bossa nova

Grupo de dança, que havia encerrado atividades por falta de verba, estreia 'O que Ainda Guardo'

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MLB
São Paulo

Há cerca de dois anos, a Quasar Companhia de Dança se viu sem saída. Perdeu o patrocínio da Petrobras, e os convites para se apresentar não mais sustentavam os artistas. O grupo goiano chegou a ser transformado numa organização social ligada ao governo do estado, mas até hoje o edital e a respectiva verba não saíram do papel.

Mesmo o corte no corpo de bailarinos —o elenco fixo foi de dez para seis— e a redução de viagens internacionais pela metade não foram suficientes para segurar as contas. A companhia acabou anunciando o fim das atividades. Sua sede, um imóvel em Goiânia que o Quasar ocupou por 15 anos, foi entregue, e figurinos e cenários ficaram encaixotados.

“Queríamos continuar esse perfil de companhia de trabalho contínuo, que assina carteira, mas não tínhamos condições”, lembra o diretor e coreógrafo Henrique Rodovalho, que seguiu criando espetáculos para outros coletivos, como a São Paulo Cia. de Dança.

Mas o Quasar ganhou sobrevida, ainda que temporária, em seu 30º aniversário. Neste ano, o grupo foi convidado a criar um espetáculo baseado na bossa nova para o projeto de uma marca de joias. “O que Ainda Guardo”, que passa por São Paulo e Rio de Janeiro, é uma ode ao gênero musical e à trajetória do grupo.

O espetáculo é pincelado de referências a outras montagens do Quasar e ressurgem em cena os gestos que marcaram as criações do grupo —movimentos quebrados e velozes, salpicados de humor.

A bossa nova guia a trilha sonora, mas o trabalho não se prende a narrar a história do gênero. Rodovalho buscou na leveza do estilo musical um fio condutor para sua coreografia. Os movimentos surgem coloquiais, quase como uma conversa entre amigos.

Isso fica evidente numa quebra logo no início. A apresentação abre com canções pré-bossa nova, com o cantar rebuscado de nomes como Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso e Cauby Peixoto, e uma coreografia vigorosa. Logo surge o cantarolar baixinho, quase falado, de João Gilberto, e os movimentos seguem a toada.

“Eu quis fazer um espetáculo que trouxesse essa leveza para hoje”, diz Rodovalho. “Mas não com nostalgia, tem uma contemporaneidade.”

A atualidade vem tanto nos movimentos —há referências a danças urbanas— quanto na temática. Ao fim, “O que Ainda Guardo” faz um contraponto entre a atual situação de crise do Rio de Janeiro e a cidade maravilhosa cantada nas canções “Corcovado”, “Samba do Avião” e “Águas de Março”.

O projeto prevê poucas sessões e não há destino certo para o Quasar, mas o grupo já tem recebido convites para para apresentar a montagem em outras cidades. “É claro que a gente está torcendo que algo aconteça, que a gente continue”, afirma o diretor. “Esse espetáculo ganhou uma responsabilidade muito grande.”

 

O que Ainda Guardo

Sáb. (22), às 21h, e dom. (23), às 19h, no Auditório Ibirapuera, pq. Ibirapuera, SP. Ingr.: R$ 30. Qua. (26), às 21h, na Cidade das Artes, av. das Américas, 5.300, Rio. Ingr.: R$ 40 a R$ 80. Livre

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