Inglesa Gang of Four mostra receituário pós-punk em shows no Brasil

Entre as que são mais cultuadas do que famosas, banda está prestes a completar 40 anos

Thiago Ney
São Paulo

Formado em 1977 na Inglaterra, o Gang of Four está no time das bandas que são mais cultuadas do que famosas. A quantidade de discos que venderam é inversamente proporcional ao número de nomes da música que foram influenciados por eles.

E nomes da música bem diferentes entre si, como Franz Ferdinand, R.E.M., Red Hot Chili Peppers, Nirvana, The Rapture, TV on the Radio, Portugal, the Man, entre tantos outros.

“Não sei muito bem por que isso acontece”, diz Andy Gill, guitarrista e um dos fundadores da banda. “Ficamos conhecidos por fazer letras que têm conteúdo social e político. Elas se conectam com nossas vidas, com a economia, sociologia. Não importa de onde você venha, são coisas que afetam todo mundo.”

Mas não é só isso. Tem a música também: “Era algo original naquela época (final dos anos 1970, começo dos 1980). Eu ouvia muita coisa, como Jimi Hendrix, Velvet Underground, James Brown, gente da Motown, reggae. Então para mim a banda significava usar todas essas referências.”

São esses ingredientes que serão utilizados nos três shows no Brasil: nesta quinta (22) e sexta (23) no Sesc Pompeia, em São Paulo, e no sábado (24) no Sesc Ribeirão Preto (SP).

Quatro homens, o da esquerda com copo na mão, em frente a muro de tijolos
A banda Gang of Four no Festival Marvin CDMX, no México, em maio de 2018 - Reprodução

O Gang of Four ajudou a moldar o pós-punk, em que a atitude e a energia do punk eram misturadas com baixos funk, ou com bateria dançante. Não eram os únicos. Killing Joke, Pere Ubu, The Slits, Wire, Siouxsie and the Banshees, The Fall —foi um dos períodos mais criativos do rock.

“Nós deixávamos todos os instrumentos com a mesma importância, lado a lado: vocal, guitarra, baixo, bateria. Não colocávamos um elemento à frente do outro. E acho que fazíamos isso com um certo charme e com empolgação. Era algo novo e não uma cópia do passado.”

Por “nós” entende-se Gill, o vocalista Jon King, o baixista Dave Allen e o baterista Hugo Burham.

Foi com essa formação, a original, que o Gang of Four veio pela primeira vez ao Brasil, em 2006, dentro do extinto festival Campari Rock. Atualmente, apenas Gill continua na banda. Muita gente torce o nariz para grupos que excursionam sem os integrantes originais, mas Gill não se incomoda.

“Os novos músicos têm energia e são talentosos”, afirma. “Sim, eu sou o único integrante original. Mas, no início, éramos eu e Jon King, poderíamos ter qualquer um no baixo e na bateria. Jon King e eu fazíamos tudo, todas as músicas. Tanto que, depois, a banda mudou a formação e eu e ele trabalhamos com vários baixistas e bateristas. Mas teve um momento que Jon não quis mais continuar na banda, excursionar, ele queria fazer outras coisas. Tudo bem, mas eu sigo em frente.” King deixou o grupo em 2012.

No ano que vem, o primeiro (e mais celebrado) disco do Gang of Four, “Entertainment!”, completará 40 anos. O álbum tem faixas como “At Home He’s a Tourist”, “Guns Before Butter” e o hit “Damaged Goods”. Gill diz que, por enquanto, o grupo tem marcado shows no Japão, Austrália e Nova Zelândia para festejar o disco. Mas, antes, eles vão soltar um álbum novo, que deve chamar “Happy Now” e sair em fevereiro.

“Nos shows no Brasil vamos tocar várias músicas do ‘Entertainment!’, do ‘Solid Gold’ (de 1981), além de faixas de praticamente todos os nossos discos. Mas também quero tocar algumas do álbum novo. Chamei um produtor, o Ross Orton, que já trabalhou com o Arctic Monkeys e com a M.I.A. Queria algo mais acessível. Acho que conseguimos.”

Gang of Four

  • Quando quinta (22) e sexta (23)
  • Onde Sesc Pompeia; Sesc Ribeirão Preto no sábado
  • Preço R$ 40 (ingressos esgotados); R$ 17 (em Ribeirão Preto)
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