Após uma primeira temporada celebrada, “True Detective” tornou-se um fenômeno pop que rendeu indicações ao Globo de Ouro e ao Emmy, em 2014. A criação do novato roteirista Nic Pizzolatto sobre dois detetives à caça de um assassino pela Louisiana logo recebeu o sinal verde para um segundo ano.
Mas a trama urbana da segunda temporada, exibida em 2015, conseguiu errar todos os alvos. O resultado foi um ataque dos críticos e números abaixo da temporada de estreia. O impacto foi tão forte que o presidente de programação da HBO, Michael Lombardo, admitiu o erro de pressionar para que um novo ano fosse logo ao ar.
Três anos se passaram sem “True Detective”, mas o hiato acaba no domingo (13), à meia-noite, quando a terceira temporada começa a ser exibida mundialmente pela HBO.
A Folha teve acesso aos primeiros episódios e pôde comprovar o retorno de vários elementos que fizeram o sucesso da série, como a fusão de policial noir a personagens complexos, o ambiente onde a fantasia contamina a realidade criminosa, além dos estranhos assassinatos.
O ator Mahershala Ali (ganhador do Oscar por “Moonlight”) faz o detetive Wayne Hays. Ao lado do parceiro Roland West (Stephen Dorff), ele investiga o sumiço de um casal de irmãos pequenos.
A série segue três linhas temporais: inicia nos anos 1980, pula para a década de 1990 e tem reflexos em 2015, quando Hays, já aposentado, é entrevistado para um documentário sobre crimes reais.
“O público é atraído por histórias que refletem uma realidade [sinistra] da qual as pessoas podem participar de forma segura e escapar ao desligar a TV”, diz Ali.
Como “True Detective” vai se destacar em um cenário dominado por programas de crimes (reais ou ficcionais) é ainda um mistério.
Os oito episódios foram filmados em locações reais. “Foi algo tão imersivo que senti muitas vezes levar para casa o caso que investigava como o personagem. Foi um desafio, admito, mas também um prazer ter um material assim para dar vida”, recorda Ali.
O processo não foi um mar de rosas. Nic Pizzolatto deixou claro seu temperamento difícil, uma das razões da saída do diretor Cary Joji Fukunaga após a primeira temporada. Nenhum ator recebeu todos os roteiros antes de começarem a filmar.
“É o estilo de Nic”, diz Stephen Dorff. “É o filho dele, então eu entendo. Acho que fizemos algo especial e poético nesta nova temporada. É o melhor papel da minha vida.”
Mas o controle do showrunner e roteirista atingiu novamente a direção. Contratado para comandar três episódios, o cineasta Jeremy Saulnier (“Sala Verde”), descontente com o andamento das filmagens, deixou a série após o segundo deles.
“Essas coisas acontecem. Não houve uma razão específica ou rancor de alguma parte. Os roteiros são exigentes em três linhas temporais diferentes. Há muito dinheiro e tempo envolvidos. É brutal, tudo precisa estar alinhado para dar certo”, explica Ali.
O próprio Pizzolatto assumiu a direção de dois episódios, mas a HBO exigiu a presença de Daniel Sackheim, veterano de “Game of Thrones”, para terminar a temporada, assim como a ajuda de Davil Milch (“Deadwood”) e Graham Gordy (“Quarry”) na coautoria de dois roteiros.
“Nunca experimentei isso antes. Sempre tive o diretor como o capitão do navio, mas Nic é o capitão em ‘True Detective’”, revela Dorff.
Apesar das diferenças, a relação entre o criador e os atores foi aberta. Quando Mahershala Ali assumiu o papel de Wayne Hays, que inicialmente era branco, Pizzolatto viu a oportunidade para injetar no roteiro elementos raciais, numa história passada em uma região conversadora.
“Nic me deu espaço para criar e seguir meus instintos. Ele me ajudava, e eu também fazia sugestões. Nic é um cara profundo e isso transparece na nova temporada”, conta Ali.
True Detective - 3ª temporada
Quando: 13/01, 0h. Onde: HBO
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