Quarta temporada de 'Psi', que reestreia na HBO, é marcada pela paranoia atual

Primeira história da nova safra da série criada por Contardo Calligaris aborda ciúme

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São Paulo

​“A cultura ocidental é paranoica”, diz Contardo Calligaris. “Há mais de 2.000 anos, ela tenta se defender do que considera a origem de todo o mal: o desejo feminino.”

O psicanalista e colunista da Folha explica por que a paranoia é tema recorrente de “Psi”, série criada por ele, cuja quarta temporada estreia neste domingo (24) na HBO.

“Pela primeira vez, pensamos em um assunto que percorresse todos os episódios”, continua. A paranoia está presente em todas as cinco histórias da nova safra. Cada uma é contada ao longo de dois episódios, um formato já adotado na temporada anterior. 

Os dois primeiros são uma trama de ciúme —a forma mais benigna de paranoia, segundo Calligaris— que culmina em um crime passional.

Outra característica é uma ligeira diminuição no protagonismo do psicanalista Carlo Antonini (Emilio de Mello), uma espécie de alter ego do próprio Calligaris. “Estamos aumentando o espaço dos outros personagens”, diz Roberto Rios, vice-presidente de produções originais da HBO Latin America. 

A ênfase maior nos coadjuvantes rendeu em 2018 uma indicação ao Emmy de melhor atriz para Denise Weinberg, que fez só dois episódios.

Isso não quer dizer que Carlo será posto de lado. O protagonista irá se envolver com Malu (Renata Becker), uma personagem que já havia surgido na terceira temporada, exibida há dois anos. Os dois terão uma relação pouco convencional, pois Malu é moradora de rua. Mas ela não se encaixa em nenhum estereótipo: é loura, não consome drogas e está nas ruas por livre e espontânea vontade.

A personagem aparece de relance em três das cinco novas histórias. A quinta e última é centrada nela, e seu desfecho deixa claro um outro tema inerente: a misoginia.

“Eu gosto de fazer uma peça, parar um tempo e depois retomar aquele espetáculo. É sempre uma experiência diferente. Com o ‘Psi’ acontece a mesma coisa”, diz Emílio de Mello, que interpreta Carlo desde 2013 (e que também concorreu ao Emmy de melhor ator, em 2015). “Carlo está mais solitário do que nunca.”

Solidão e paranoia que parecem ter se espalhado pelo Brasil e pelo mundo nos últimos tempos. “A não ser por alguns detalhes, a quarta temporada não tem nada de especificamente brasileiro”, diz Calligaris. “As tramas poderiam se passar em qualquer lugar.”

Com tantos assuntos —paranoia, misoginia, hipocondria— qual é a mensagem que “Psi” quer passar? “Nenhuma”, prossegue Calligaris. “Mensagem é uma coisa que me dá tédio mortal. Escrevo para contar histórias interessantes.”

Psi

  • Quando Domingo (24), às 21h
  • Onde HBO
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