A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão pediu ao Ministério Público Federal de Brasília nesta terça-feira que apure a conduta do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, em relação às suas recentes declarações no Twitter sobre a morte do congolês Moïse Kabagambe.
Kabagambe foi espancado até a morte num quiosque de beira de praia na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no início do mês. Segundo Camargo, "o brutal assassinato nada teve a ver com racismo!". "Moïse foi vítima da selvageria de pretos como ele", escreveu o presidente da Palmares.
Ainda segundo Camargo postou em uma rede social, "Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam". "Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes."
O congolês foi alvo de 39 pauladas de taco de beisebol, tendo sido imobilizado com uma chave de perna a partir do 36º golpe. Três suspeitos foram presos após confessarem à polícia a autoria do crime.
No ofício enviado ao MPF, o procurador Carlos Alberto Vilhena afirma que causa desconforto a vítima ser tratada como "vagabundo", dado que o crime supostamente ocorreu por uma dívida trabalhista do quiosque com o congolês.
Vilhena também diz que o presidente da Palmares facilitou a circulação das ofensas ao fazer uma postagem com esse tom para seus mais de 30 mil seguidores no Twitter. Ele pede a apuração das condutas de Camargo objetivando uma possível responsabilização civil, criminal e administrativa dele.
Lembra ainda que a polícia fluminense disse a veículos de imprensa que o racismo estrutural está relacionado ao tema em questão —se não ao crime em si, ao menos à situação de vulnerabilidade da vítima.
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