Criolo foi da crueza do rap de protesto à celebração festiva da diversidade brasileira e à música africana em show panorâmico no palco Sunset do Rock in Rio na noite deste sábado (3).
Com a companhia no palco do DJ Dandan, Criolo começou a apresentação pontualmente às 19h05 com "Subirusdoistiozin", de 2013. Com projeção de imagens de favelas nos telões, a primeira parte do show retomou raps dos álbuns "Convoque Seu Buda", de 2014, e singles cortantes como "Boca de Lobo", de 2017.
Logo depois de "Pretos Ganhando Dinheiro Incomodam Demais", de seu último álbum, "Sobre Viver", o público puxou cantos de xingamento ao presidente Jair Bolsonaro. "Que a gente possa celebrar um novo amanhã", disse o rapper.
Ao longo do show, ele exaltou o fato de o rap ocupar um palco inteiro do Rock in Rio nesta edição. "É uma conquista de uma geração de MCs que sonharam em cantar rap. Não dá para chegar aqui sozinho."
A leveza melódica do sucesso "Não Existe Amor em SP", que projetou Criolo no cenário do rap brasileiro em 2011, deu a senha para a segunda parte do show, que trouxe a voz e o ritmo da cabo-verdiana Mayra Andrade.
Com tranças no cabelo e vestida em um largo macacão laranja, ela entrou no palco para fazer o dueto de "Ogum Ogum", faixa que divide com Criolo em "Sobre Viver".
Em ritmo marcado pelo tambor afro, a música começa com um salmo bíblico, celebra a diversidade da fé no Brasil, canta ao orixá Ogum e denuncia a intolerância religiosa.
Mayra —que nasceu em Cuba e morou ainda em Senegal, Angola, Alemanha e França— também cantou músicas de seu próprio repertório, com acento pop e referências da cultura cabo-verdiana, como a música crioula.
As cores e a diversidade das festas no Brasil deram o tom da parte final do show. Criolo e Mayra cantaram "Andar com Fé", de Gilberto Gil, e a dançante "Cartão de Visita", de 2014.
De camisa social, chapéu e cavaquinho, o sambista Ricardo Rabelo dividiu com Criolo a interpretação de "Menino Mimado", samba de 2017. A dançante "Nas Águas", do mesmo álbum, fechou o show com o rapper repetindo "Axé" como palavra de ordem. Antes de terminar a apresentação, o público ainda entoou gritos de "Lula lá".
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