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John Legend diz que Grammy seguirá racista caso artistas se afastem da premiação

Ao lançar o disco 'Legend', cantor afirma que o prêmio só vai continuar relevante se tiver a participação de votantes jovens

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São Paulo

John Legend foi o primeiro homem negro da história a ostentar um Egot –ou seja, ele já conquistou os quatro principais prêmios de entretenimento americanos, o Emmy, o Grammy, o Oscar e o Tony. É um queridinho das premiações.

O cantor já levou 12 troféus no Grammy. No Oscar, saiu vitorioso em 2015 com a canção "Glory", do filme "Selma". Ganhou o Tony, prêmio máximo do teatro americano, por causa de sua participação na produção da peça "Jitney". O Emmy, ele venceu por causa do especial "Jesus Christ Superstar".

O cantor John Legend, que lança agora o disco 'Legend', seu oitavo álbum de estúdio
Cantor John Legend, que lança agora o disco 'Legend', seu oitavo álbum de estúdio - Divulgação

Lançado no último dia 9, "Legend", seu oitavo disco de estúdio, parece ter sido feito para entrar na corrida por outras estatuetas. É um álbum denso, pop e, ao mesmo tempo, conceitual, que emula várias características de discos premiados do cantor.

"Legend" tem 24 faixas e foi rachado ao meio. O primeiro pedaço, segundo o cantor, representa a noitada de um sábado, com músicas sexy e animadas. Já a segunda metade retrata a moleza de um domingo de manhã —as canções são mais relaxantes, íntimas e acústicas.

O artista coloca seu vozeirão para falar de romance e sexo, num disco que bebe das influências da música soul e até do hip-hop. É a área de conforto do americano –nove das suas estatuetas no Grammy foram conquistadas em categorias de R&B.

Talvez seja justamente por causa de sua proximidade com o Grammy que, quando questionado sobre as acusações de racismo e fraude que a premiação sofreu nos últimos anos, Legend queira soar esperançoso.

"Como alguém que confia no Grammy, meu objetivo é que tenhamos mais votantes jovens no processo que nos ajudem a moldar o futuro da premiação. O Grammy é decidido por um bando de músicos, não há fãs envolvidos. Precisamos de sangue novo para que o prêmio continue relevante", diz.

Apesar do sucesso estrondoso do álbum "After Hours", o cantor The Weeknd foi esnobado pelo Grammy em 2020, na esteira de várias outras polêmicas, uma envolvendo acusações de fraude e outros delitos de conduta. "O Grammy continua corrupto. Vocês devem transparência a mim, aos meus fãs e à indústria", disse The Weeknd em uma rede social.

Legend cutuca a decisão do colega. "Um jeito de expressar sua frustração é se afastar do prêmio, como alguns artistas fizeram. Mas eu acho que a forma de consertar alguma coisa é se engajar nela."

Se seus comentários sobre premiações soam quase utópicos, sua visão política é mais pragmática. Durante a pandemia, o americano criticou rappers que apoiavam a reeleição de Donald Trump, além do próprio presidente. "Trump não é forte. Ele é um covarde. E sua carreira nos negócios e no governo tem sido fracasso após fracasso", disse ele em uma rede social.

A inspiração para seu ativismo vem de alguns dos seus artistas favoritos, afirma Legend, como Stevie Wonder, Marvin Gaye, Nina Simone e Aretha Franklin.

"Negros americanos que arriscavam suas carreiras, protestavam, ficavam na linha de frente, essas são as minhas influências", diz. "Sempre fui assim, mas entendo que não é todo artista que se sente confortável em fazer isso."

Prova de que é mesmo um predileto das premiações, Legend foi levado ao palco da mais recente cerimônia do Emmy para apresentar a canção "Pieces", uma das mais belas do novo disco. Ele homenageou os artistas que morreram no último ano.

"Não foi você que disse que o pesar era um professor/ E a única coisa que você pode fazer é juntar os pedaços/ Fazer seu coração partido aprender a viver em pedaços", diz na música. Legend perdeu um filho recém-nascido em 2020.

"Pieces" dita o tom do segundo pedaço do álbum, que é mesmo mais reflexivo e romântico. A reta final do disco, aliás, é uma carta de amor à sua mulher. Em "Wonder Woman", ele canta: "Você é uma super humana / E eu sou apenas um homem". Na penúltima, "I Don’t Love You Like I Used To", o cantor afirma amar sua esposa cada dia mais desde que se casaram.

O casamento é um ponto-chave na sua carreira. Tanto é que ele fez questão de lembrar, durante a entrevista, que, no dia seguinte completaria nove anos de casado com sua mulher, Chrissy Teigen.

O comentário veio depois de uma pergunta sobre ele se sentir pressionado a alcançar o sucesso do seu megahit "All of Me", que tocou exaustivamente em cerimônias de casamento desde que foi lançada, em 2013. O clipe no YouTube já ultrapassou os dois bilhões de visualizações.

"Essa música é quase insuperável, é tipo uma das maiores da história. Eu sou grato por significar tanto para as pessoas. Eu sei que provavelmente nunca alcançarei o sucesso dela."

Até há o drama de "All of Me" no disco novo, mas ele abre espaço também para canções mais animadas, caso de "Waterslide" e "All She Wanna Do".

O cantor só não experimenta tanto como fez no ano passado com o DJ brasileiro Alok, na faixa "In My Mind", que tem pitadas de música eletrônica.

Ryan Tedder, que é produtor-executivo do disco "Legend", está tentando ligar o cantor americano a outra estrela brasileira. "Eu e Anitta trabalhamos com o mesmo produtor nos nossos últimos álbuns. Acho ela uma artista talentosa para caramba. Eu vou conversar sobre isso com o Ryan. Ele tem falado dela faz um tempo. Acho que seria legal nós cantarmos juntos", diz Legend.

O astro parece empolgado em continuar lançando material novo mesmo depois de criar um disco tão longo. "Provavelmente daqui a alguns meses estarei escrevendo novas canções. Espero que no ano que vem já consiga lançar mais um álbum."

Legend

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