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Relembre lançamentos literários de 2022 que podem ser bons presentes de Natal

Edição da newsletter Tudo a Ler traz retrospectiva dos livros do ano e sugestões de presentes

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São Paulo

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Para alguns, o fim de ano pode ser a ocasião de ter um pouco mais de tempo livre para descansar e colocar as leituras em dia. Para outros, é o momento de fazer a lista de presentes e ir às compras.

Proponho então uma espécie de retrospectiva dos lançamentos literários do ano misturada a sugestões de presentes –e até mesmo dicas de decoração da casa para as festas.

Para alguns, o fim de ano traz tempo livre para descansar e colocar as leituras em dia. Para outros, é o momento de fazer a lista de presentes e ir às compras. - Gabriel Cabral/Folhapress

Não precisa nem embrulhar

Alguns livros saem em edições tão requintadas que não precisam nem de papel de presente. É o caso "O Diário de um Louco", que reúne os contos completos do escritor Lu Xun, um dos mais importantes autores da China e essencial para entender o país no século 20. "Fala-se de taoísmo e de budismo, de imperadores e linhagens perdidas no tempo, de gente pobre que bebe à beça, faz troça e troca sopapos. Não há nada de folclórico", escreveu Mario Sergio Conti numa coluna que dedicou ao livro em junho.

A crítica literária e professora da USP Eliane Robert Moraes assina outro volume que pode chegar ao presenteado apenas com uma bela dedicatória. É dela a seleção e organização dos textos em "Seleta Erótica de Mário de Andrade", ilustrado com colagens de Julio Lapagesse.

Outra opção é "A Rua", da americana Ann Petry. Publicado originalmente nos anos 1940, o romance sobre uma mãe solo no bairro nova-iorquino do Harlem foi o primeiro livro escrito por uma mulher negra a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos.

Enfeites na árvore

Que tal pendurar livros na árvore de Natal? As 56 páginas de "O Jovem", da mais recente ganhadora do Prêmio Nobel, não fará curvar um dos galhos da plantinha. "Tanto iniciantes quanto iniciados na obra de Ernaux devem, provavelmente, se perguntar como é possível que um escritor possa fazer caber absolutamente tudo o que realmente importa (desejo e morte) em uma história tão concisa e transitiva", escreveu Tati Bernardi numa coluna do mês passado sobre o pequeno romance da francesa Annie Ernaux.

Com pouco menos de cem páginas, "O Crepúsculo do Mundo" revisita a história de Hiroo Onoda, soldado japonês que seguiu lutando a Segunda Guerra décadas a fio numa ilha das Filipinas. O leitor e a leitora podem pensar que já conhecem a história real, mas vale a pena lê-la contada pelo cineasta alemão Werner Herzog –aquele que fez um barco atravessar a floresta amazônica ao som de ópera.

Com 128 páginas, mas apenas um pouco mais de 200 gramas, "Corpo Desfeito" também pode estar ao lado das tradicionais bolinhas vermelhas. Em seu romance de estreia, a cearense Jarid Arraes, já premiada por seus contos e conhecida por seus poemas, traça um retrato de três gerações de mulheres marcadas pela violência.

O presente que garante a ceia

Vai passar a noite de Natal ou a virada de ano na casa de um parente distante ou de um amigo de uma amiga? Não conhecer o anfitrião pode levar à insegurança sobre o que dar de presente. É a deixa para apostar em autores best-sellers ou consagrados, como a autora mais vendida do ano, Colleen Hoover. Em "É Assim que Começa", continuação de "É Assim que Acaba", que colocou a escritora americana no topo das paradas, o público reencontra a protagonista Lily, que conseguiu sair de um relacionamento violento e busca uma nova relação amorosa.

Outra americana best-seller é Taylor Jenkins Reid, que ficou conhecida no Brasil com "Os Sete Maridos de Evelyn Hugo". Neste ano ela voltou às prateleiras com "Carrie Soto Está de Volta", sobre o retorno às quadras de uma veterana tenista.

E pode ser que seu anfitrião ou anfitriã tenha lido, nos anos 1990, "A Casa dos Espíritos" –ou pelo menos tenha visto o filme inspirado na obra. Pois a chilena Isabel Allende lançou, em 2022, "Violeta", no qual uma mulher escreve uma carta a seu neto contando a história da família ao longo de cem anos sob pano de fundo de um país imaginário da América Latina que passa por ditaduras e crises econômicas e ambientais.

Um livro de um ganhador do Prêmio Nobel nunca faz feio. O vencedor do ano passado, o tanzaniano Abdulrazak Gurnah, estreou em prateleiras brasileiras com "Sobrevidas", sobre pessoas que resistem ao colonialismo na África Oriental.

O japonês Kenzaburo Oe foi laureado em 1994. Chega agora "A Substituição ou as Regras do Tagame", tradução de um romance originalmente lançado em 2000, sobre um escritor que tenta lidar com o suicídio de um amigo a partir de fitas deixadas por ele.

Para a mesa de centro

Uma história em quadrinhos pode ser uma boa opção de presente para aquele amigo ou amiga que ainda torce o nariz para a nona arte. Mas pode ser também uma oportunidade de ocupar os convivas, deixando-os ler, por exemplo, "Monstros", enquanto esperam a ceia. O britânico Barry Windsor-Smith levou 35 anos para compor esse álbum sobre um experimento nazista feito nos Estados Unidos para criar um supersoldado. A ceia deve demorar menos que isso para ficar pronta.

Histórias de sexo, álcool e drogas ilícitas contadas com algum sarcasmo animam "Meu Diário de Nova York", clássico do quadrinho underground da canadense Julie Doucet que chegou no primeiro semestre às livrarias. Num registro mais fofo, "Heartstopper" conquistou ainda mais fãs ao ser adaptado em série, disponível na Netflix. O quadrinho da britânica Alice Oseman, de 28 anos, que narra a descoberta do amor por dois meninos adolescentes, foi um dos livros mais vendidos do ano no país.

Para fazer peso na base da árvore

Grandes embrulhos podem impressionar crianças e adultos quando colocados aos pés da árvore de Natal. Se o leitor e a leitora já se valeram desse truque com "Graça Infinita" em 2014, David Foster Wallace pode ajudar a repetir o feito. "O Rei Pálido", romance inacabado do escritor americano morto em 2008, recheia mais de 600 páginas com termos contábeis numa história que se passa na Receita Federal.

Beirando as mesmas 600 páginas, "Lições", novo livro de Ian McEwan, parte de uma história de violência sexual de uma professora de piano sobre seu aluno de 11 anos para falar da Guerra Fria, da crise do estado de bem-estar social, da emergência do neoliberalismo, do brexit e da atual guerra na Ucrânia.

Para lembrar que um bom presente de Natal, para si e também para pessoas queridas, pode ser uma inscrição em uma biblioteca pública, vale ler "Cidade nas Nuvens". As mais de 700 páginas deste romance nos levam a uma viagem pela conservação de escritos ao longo dos séculos, que servem de ponte com o passado para a construção de uma cultura comum.

Presentes para si

Deixar um pouco de lado os romances para enveredar por ensaios pode ser uma boa resolução de Ano Novo. Se for este o caso para 2023, há boas opções entre as novidades para pensar a política, brasileira e do mundo. Já bem conhecida por aqui, a francesa Élisabeth Roudinesco faz em "O Eu Soberano" uma crítica a como os movimentos identitários abriram mão de conceitos mais amplos para privilegiar marcadores particulares. "O que partia de uma boa posição emancipatória —para mulheres, negros e homossexuais— começou a derivar em direção a posições hostis à liberdade de expressão", disse a historiadora em entrevista à Folha em março.

Depois de "Verifique se o Mesmo", de 2019, o artista plástico Nuno Ramos volta à escrita, desta vez em textos breves, com "Fooquedeu", em que compõe uma espécie de diário de suas criações marcado por reflexões sobre a política nacional, entre o impeachment de Dilma Rousseff e os momentos logo após a eleição de Bolsonaro.

A história política recente do país também motiva "O Diálogo Possível", de Francisco Bosco. Ali, o ensaísta busca balizar conceitos-chave da política e estabelecer a relevância de constribuições de pensadores de esquerda e de direita.

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