Descrição de chapéu The New York Times Moda

Entenda como grifes preservam a moda em armazéns climatizados

Empresa Garde Robe by Uovo cuida de roupas da Carolina Herrera e quer guardar peças de todos os estilistas americanos

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Christopher Barnard
Nova York | The New York Times

O conceito de roupas dignas de um lugar no museu é indiscutivelmente tão antigo quanto os próprios museus. Mas só na história moderna é que as exposições de moda de alto impacto realmente decolaram.

No Museu Metropolitano de Arte de Nova York (Met), a exposição "Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination", de 2018, atraiu cerca de 1,6 milhão de visitantes, de acordo com o museu. "Romantic and Glamorous Hollywood Design", uma exposição que abriu em 1974, teve cerca de 780 mil visitantes.

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Casaco de pele verde da grife Marina Moscone em depósito da Garde Robe by Uovo, no Brooklyn - Peter Garritano/The New York Times

Matthew Yokobosky, o curador sênior de moda e cultura material do Museu de Brooklyn, que nos últimos dois anos realizou exposições sobre os estilistas Christian Dior, Thierry Mugler e Virgil Abloh, disse que o interesse em ver as roupas em exposição cresceu "à medida que "as ocasiões para se vestir bem diminuíram".

Preservar coleções para a posteridade nem sempre foi uma prioridade na indústria da moda, que se concentra fortemente no futuro (na altura em que a maioria das roupas de primavera das marcas são lançadas, elas já estão exibindo peças para o outono).

"Lembro-me de uma conversa que tive com Valentino", disse Yokobosky, se referindo-se ao estilista de moda italiano que criou a grife que leva seu nome em 1960. "Ele disse que não estavam pensando em expor, estavam tentando vender vestidos".

Mais recentemente, porém, Yokobosky disse que um número maior de estilistas está pensando em como cuidar de suas peças depois de elas terem passado por uma passarela. "Nos últimos 10 a 15 anos", disse ele, as pessoas perceberam que essas peças "são valiosas e poderiam servir de tema a uma exposição".

Para algumas marcas americanas, a resposta é enviar peças de vestuário para a Garde Robe by Uovo. A empresa foi criada em 2021 depois que a Uovo, uma empresa de armazenagem de arte, adquiriu a Garde Robe, uma empresa de armazenagem de vestuário de alta qualidade.

Antes da aquisição, a Uovo trabalhava com um punhado de marcas, incluindo Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Thom Browne e Oscar de la Renta. A absorção de Garde Robe trouxe cerca de 20 outras, incluindo Carolina Herrera e Jason Wu. Brennan Lowery, gerente geral da Garde Robe by Uovo, está ansioso por conseguir mais clientes.

"Quero que todos os estilistas americanos armazenem aqui", disse Lowery, 42.

O estilista Jason Wu, 40, disse que costumava manter suas coleções em uma unidade de armazenagem alugada, depois de criar sua grife. Cerca de três anos mais tarde, começou a trabalhar com um arquivista e transferiu as suas peças para uma instalação especializada em armazenagem de arte. A instalação era boa para as roupas, ele disse, mas o acesso era difícil.

Em 2015, Wu —que emprestou desenhos ao Met para "In America: A Lexicon of Fashion" e "China: Through the Looking Glass"— começou a armazenar as peças da sua marca na Garde Robe.

Elas estão em um enorme armazém da Garde Robe by Uovo no bairro de Bushwick, em Brooklyn, que armazena cerca de 40.000 unidades —peças de vestuário individuais, sacolas ou pares de sapatos— pertencentes a Wu e outros clientes. Cerca de metade são de marcas de moda, disse Lowery, e o resto é propriedade de outros clientes, incluindo particulares.

As instalações em Brooklyn são um dos cinco armazéns em todo o território dos Estados Unidos em que a Uovo armazena moda; os outros ficam no bairro de Long Island City, em Queens; Orangeburg, Nova York; West Palm Beach, Flórida; e Glendale, Califórnia. Todos eles, exceto o armazém de Glendale, também armazenam obras de arte.

O vestuário começa a sua vida pós-morte na Garde Robe by Uovo em Brooklyn, com uma inspeção por um dos oito gerentes de guarda-roupa, que catalogam as peças e as examinam para detectar danos, manchas ou pragas. Quando os artigos têm um aspecto menos que imaculado, às vezes os especialistas recomendam uma lavagem a seco antes da armazenagem.

"Adoro ordem", disse Quinn Bradley, 38, a diretora de operações do armazém de Brooklyn. Bradley, que já tinha trabalhado na Garde Robe durante cerca de oito anos quando esta foi adquirida pela Uovo, tem um mestrado em moda e estudos têxteis pelo Fashion Institute of Technology. Ela disse que desenvolveu o seu amor pela gestão de coleções enquanto trabalhava em assuntos públicos no National Museum of the American Indian, em Nova York.

Todos os armazéns da Uovo utilizados para armazenagem de moda são climatizados, disse Bradley, especificamente a 21 graus Celsius e 50% de umidade, o que ela aponta serem padrões do setor.

"O importante é evitar grandes oscilações de temperatura ou umidade", acrescentou Lowery. Um ar condicionado de tamanho industrial regula as duas coisas no armazém de Brooklyn.

Assim que as peças são catalogadas e consideradas prontas para armazenagem, são fotografadas em um dos três estúdios do armazém. Dois dos estúdios têm câmaras que captam imagens em 360 graus; de acordo com Lowery, essas câmaras custam entre US$ 50.000 e US$ 60.000 cada.

Depois de serem fotografadas, as peças de vestuário que precisam ser penduradas são colocadas em sacos feitos de polipropileno (um plástico respirável). Outras peças são dobradas, embrulhadas em papel de seda sem ácido e colocadas em caixas azul-claro feitas de cartão canelado sem ácido. Os sapatos são guardados em caixas de plástico transparente. Todos esses sacos, caixas e caixotes são mantidos em trilhos e prateleiras que ocupam cerca de 1.850 metros quadrados dos 13,9 mil metros quadrados da instalação.

"Guardam nossas roupas como se fossem obras de arte", disse Emilie Rubinfeld, presidente da Carolina Herrera, que começou a utilizar a Garde

Robe em 2012. Anteriormente, as peças de vestuário da empresa eram guardadas em suas instalações.

Para armazenar moda, a Garde Robe by Uovo cobra por estante. Uma estante —que suporta até 50 peças de vestuário, 10 pares de sapatos e 10 bolsas ou outros acessórios— custa cerca de US$ 400 por mês. Os preços, especialmente para marcas de moda, podem variar com base no volume e na duração do tempo de armazenagem.

Tradução de Paulo Migliacci

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