Ex-marido de galerista morto no Rio foi o mandante do crime, diz suspeito preso

Alejandro Prevez afirmou que Daniel Sikkema prometeu US$ 200 mil pelo assassinato e enviou a chave da casa da vítima

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Rio de Janeiro

O cubano Alejandro Triana Prevez, de 30 anos, suspeito de matar o galerista americano Brent Sikkema, no Rio de Janeiro, mudou sua versão, confessou o crime e apontou o ex-marido da vítima, Daniel Sikkema, como mandante.

Nesta quinta (8), o promotor Alexandre Murilo Graça pediu a decretação da prisão preventiva de Daniel e a conversão da prisão temporária de Prevez para preventiva.

Em sua primeira versão, Prevez negava o crime. As novas informações foram dadas num segundo depoimento à polícia, na semana passada. Procurado pela reportagem pelo número de telefone que consta no processo, o ex-marido não atendeu as ligações.

Brent Sikkema, de 75 anos, era sócio de uma importante galeria de arte em Nova York - ArtBO/Divulgação

Segundo Prevez, Daniel Sikkema prometeu pagar US$ 200 mil, cerca de R$ 1 milhão, pelo assassinato do galerista. Ainda de acordo com o cubano, ele chegou a fazer remessas de dinheiro por intermédio de uma empresa de transferências financeiras internacionais.

Na versão do suspeito, Daniel teria enviado uma cópia da chave do sobrado em que Brent morava no Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, por meio de uma empresa de logística. Assim, ele conseguiu entrar na casa do galerista sem resistência. O cubano revelou os nomes das empresas à polícia.

Prevez prestou depoimento acompanhado por seus advogados, dentro do Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio, onde se encontra preso.

No relato feito à polícia, cujas informações constam em processo judicial, o cubano afirma que Daniel teria dito que o galerista pagava valores baixos de pensão, gastava dinheiro com drogas, festas e garotos de programa. Além disso, tinha receio de que um novo relacionamento de Brent pudesse prejudicar a repartição dos bens. Daniel e Brent tinham brigas após o divórcio e o galerista teria confidenciado a amigos que estava novamente apaixonado.

Após a mudança no depoimento, a promotoria do Rio de Janeiro pediu o declínio da competência para o Tribunal do Júri.

Brent Sikkema era coproprietário da galeria Sikkema Jenkins & Co, no bairro nova-iorquino do Chelsea, dono de uma fortuna, e um dos nomes mais celebrados da cena artística mundial. Ele era marchand do artista Jeffrey Gibson, que representa os Estados Unidos na próxima Bienal de Veneza, em abril.

COMO FOI O CRIME, SEGUNDO A POLÍCIA

Alejandro Triana Prevez, de 30 anos, é cubano e foi preso por suspeita do assassinato de Brent Sikkema, a facadas, na madrugada de 14 de janeiro no Rio de Janeiro. A polícia afirma que ele saiu de São Paulo no dia anterior para cometer o crime e retornou ao estado logo depois.

Imagens do pedágio da rodovia Presidente Dutra auxiliaram a polícia a chegar ao paradeiro do suspeito.
O veículo utilizado no crime, um Fiat Palio, de cor prata, ficou estacionado em frente ao sobrado que o americano usava para passar férias no Rio de Janeiro.

As imagens da Dutra mostram o cubano passando pelo pedágio, na altura de Paracambi, às 13h20 de sábado, 13 de janeiro, vindo de São Paulo, com direção ao local do crime. Ele estacionou na rua da vítima às 16h53 do mesmo dia.

Às 22h42, o suspeito desceu do carro e seguiu em direção a um restaurante, retornando logo em seguida. O americano chega a sair de casa à noite e fica cerca de uma hora e meia fora da residência, retornado sozinho. Nesse período, Prevez permaneceu no carro.

O suspeito sai do carro novamente às 3h42 da madrugada de domingo, ficando, então, dentro do veículo estacionado por cerca de 11 horas até entrar na casa da vítima.

A investigação afirmava que ele utilizou para entrar na residência uma chave micha, instrumento capaz de abrir fechaduras. Após ficar cerca de dez minutos no local, ele saiu da residência, entrou no carro, e retornou para São Paulo.

Com o rastreamento da placa, a polícia localizou o endereço da proprietária do veículo e solicitou a cooperação da Polícia Civil de São Paulo.

Os policiais civis de São Paulo foram até a residência da proprietária, na Chácara Monte Alegre, na capital paulista. Lá, encontraram o filho da dona do veículo que informou aos agentes que o carro estava sendo utilizado por Prevez.

O filho da proprietária afirmou que a mãe de Prevez era amiga da sua mãe e, por isso, ela emprestou o carro após ele dizer que precisava fazer entregas. O suspeito foi preso em Minas Gerais e pretendia, segundo a polícia, fugir para a Bolívia.




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