Mais barato que as campanhas de publicidade convencionais, o marketing de conteúdo pode ajudar a conquistar novos clientes.
A estratégia consiste em usar as redes sociais para falar sobre o universo da marca sem citar diretamente os produtos vendidos.
Como a maioria das novas mídias é baseada em modelos gratuitos, o resultado é uma publicidade mais acessível e menos intrusiva.
O recurso atrai até 3,7 vezes mais clientes em potencial e 2,6 mais tráfego nos sites, de acordo com um relatório deste ano da Rock Content, especializada em marketing de conteúdo. E pode dobrar o faturamento de uma empresa.
Foi o caso da GoAkira, focada em consultoria e treinamento nos ramos de franquias e varejo. A companhia passava por dificuldades quando seu presidente, José Fugice, 36, decidiu apostar todas as fichas no marketing digital.
Por meio de posts e vídeos com dicas para franquear o próprio negócio, Fugice não só aumentou os rendimentos, como triplicou a quantidade de pessoas que encontram a empresa na internet em pouco mais de um ano.
Hoje, ele destina quase metade da verba publicitária para o marketing de conteúdo, o que envolve manter uma pessoa na equipe para filmar e editar vídeos para o YouTube e pagar uma agência para escrever os posts do blog.
Para o empresário, a vantagem do marketing de conteúdo é permitir uma conversa direta com seu público-alvo.
“Por que anunciar na televisão, para milhares de pessoas, se eu nem teria equipe suficiente para atender a essas ligações?”, questiona.
Mas é preciso antes delinear o perfil do consumidor ideal, alertam especialistas. A partir desse estudo, as organizações devem escolher as plataformas com que trabalharão.
As mais comuns são blogs e redes sociais como Facebook, Instagram e Linkedin, este particularmente adequado às empresas B2B, que trabalham com clientes corporativos. Outros formatos de divulgação de conteúdo incluem newsletters, ebooks, infográficos, webinários e podcasts.
O último foi escolhido pela Kolekto, especializada em CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) para o setor automotivo, como carro-chefe de sua estratégia de marketing de conteúdo.
Lançada em maio no iTunes e no Soundcloud, a primeira temporada do “Por Trás da Nuvem” tem seis episódios de 20 minutos.
Cada um debate um tema relacionado à transformação digital, como aprendizagem autodidata ou maratonas de hacking (hackatons).
Mais do que aumentar o número de clientes, o objetivo do podcast é apresentar a ideologia da empresa de maneira ampla, afirma o diretor de marketing e negócios da Kolekto, Carlos Vicente, 42.
Os sete meses que se passaram desde o término da primeira temporada do podcast talvez não sejam suficientes para enxergar resultados, dizem os especialistas. Eles estimam que o prazo mínimo de retorno do investimento é mais próximo a um ano.
Por isso, o recurso não é indicado para quem tem pressa. Nesse caso, o ideal é investir em mídia paga para depois pensar em marketing de conteúdo, indica Vitor Peçanha, sócio da Rock Content.
O tempo também é decisivo na hora de produzir o conteúdo. Recomenda-se dedicar de três a quatro horas semanais para escrever e agendar as postagens.
Professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Marcelo Pontes ressalta que manter a interação com o público é fundamental. “Não faz sentido iniciar um diálogo se você não vai ouvir o outro lado. Isso inclui responder a dúvidas e críticas”, afirma.
Por fim, é preciso acompanhar as métricas diariamente, adequando a estratégia do conteúdo aos números de engajamento, como curtidas, compartilhamentos e comentários.
Dona da marca de moda surfe Zoé, a bióloga Bárbara Atolini, 33, afirma que o trabalho consome tantas horas que já pensou em contratar um estagiário para o serviço. Mas considera a estratégia uma das melhores formas de seu público-alvo se identificar com a marca. “Queremos estar em contato com essas pessoas”, diz.
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