Marketing de conteúdo triplica em 1 ano o acesso a empresa pela internet

Redes sociais são usadas para falar sobre o universo da marca sem citar diretamente os produtos

Clara Balbi
São Paulo

Mais barato que as campanhas de publicidade convencionais, o marketing de conteúdo pode ajudar a conquistar novos clientes.

A estratégia consiste em usar as redes sociais para falar sobre o universo da marca sem citar diretamente os produtos vendidos.

Como a maioria das novas mídias é baseada em modelos gratuitos, o resultado é uma publicidade mais acessível e menos intrusiva.

O recurso atrai até 3,7 vezes mais clientes em potencial e 2,6 mais tráfego nos sites, de acordo com um relatório deste ano da Rock Content, especializada em marketing de conteúdo. E pode dobrar o faturamento de uma empresa.

Foi o caso da GoAkira, focada em consultoria e treinamento nos ramos de franquias e varejo. A companhia passava por dificuldades quando seu presidente, José Fugice, 36, decidiu apostar todas as fichas no marketing digital.

Por meio de posts e vídeos com dicas para franquear o próprio negócio, Fugice não só aumentou os rendimentos, como triplicou a quantidade de pessoas que encontram a empresa na internet em pouco mais de um ano.

José Fugice, presidente da GoAkira, na sede da empresa, no Paraíso, zona sul de São Paulo
José Fugice, presidente da GoAkira, na sede da empresa, no Paraíso, zona sul de São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress

Hoje, ele destina quase metade da verba publicitária para o marketing de conteúdo, o que envolve manter uma pessoa na equipe para filmar e editar vídeos para o YouTube e pagar uma agência para escrever os posts do blog.

Para o empresário, a vantagem do marketing de conteúdo é permitir uma conversa direta com seu público-alvo.

“Por que anunciar na televisão, para milhares de pessoas, se eu nem teria equipe suficiente para atender a essas ligações?”, questiona.

Mas é preciso antes delinear o perfil do consumidor ideal, alertam especialistas. A partir desse estudo, as organizações devem escolher as plataformas com que trabalharão.

As mais comuns são blogs e redes sociais como Facebook, Instagram e Linkedin, este particularmente adequado às empresas B2B, que trabalham com clientes corporativos. Outros formatos de divulgação de conteúdo incluem newsletters, ebooks, infográficos, webinários e podcasts.

O último foi escolhido pela Kolekto, especializada em CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) para o setor automotivo, como carro-chefe de sua estratégia de marketing de conteúdo.

Lançada em maio no iTunes e no Soundcloud, a primeira temporada do “Por Trás da Nuvem” tem seis episódios de 20 minutos.

Cada um debate um tema relacionado à transformação digital, como aprendizagem autodidata ou maratonas de hacking (hackatons).

Mais do que aumentar o número de clientes, o objetivo do podcast é apresentar a ideologia da empresa de maneira ampla, afirma o diretor de marketing e negócios da Kolekto, Carlos Vicente, 42.

Os sete meses que se passaram desde o término da primeira temporada do podcast talvez não sejam suficientes para enxergar resultados, dizem os especialistas. Eles estimam que o prazo mínimo de retorno do investimento é mais próximo a um ano.

Por isso, o recurso não é indicado para quem tem pressa. Nesse caso, o ideal é investir em mídia paga para depois pensar em marketing de conteúdo, indica Vitor Peçanha, sócio da Rock Content. 

O tempo também é decisivo na hora de produzir o conteúdo. Recomenda-se dedicar de três a quatro horas semanais para escrever e agendar as postagens. 

Professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Marcelo Pontes ressalta que manter a interação com o público é fundamental. “Não faz sentido iniciar um diálogo se você não vai ouvir o outro lado. Isso inclui responder a dúvidas e críticas”, afirma.

Por fim, é preciso acompanhar as métricas diariamente, adequando a estratégia do conteúdo aos números de engajamento, como curtidas, compartilhamentos e comentários.

Dona da marca de moda surfe Zoé, a bióloga Bárbara Atolini, 33, afirma que o trabalho consome tantas horas que já pensou em contratar um estagiário para o serviço. Mas considera a estratégia uma das melhores formas de seu público-alvo se identificar com a marca. “Queremos estar em contato com essas pessoas”, diz.

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