Para empreender, vale mais investir em serviço de qualidade do que em ideia genial

Empresas que são referência, como Google, não deslancharam inovando, mas melhorando o que já existia

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São Paulo

Você já foi procurado para fazer isso? Você já fez gratuitamente e deu certo? Essas são as primeiras perguntas que a empresária Liliane Rocha sugere para quem pensa em transformar uma ideia em empreendimento.

Antes mesmo de realizar pesquisas de mercado ou consultar especialistas, essas perguntas podem ajudar o empreendedor aspirante a testar o potencial de uma ideia. Também revelam que nem sempre é preciso ter uma ideia inédita para abrir um negócio bem-sucedido.

Quem quer empreender deve refletir sobre quais são os seus diferenciais dentro da própria área de atuação, diz Rocha, presidente-executiva da Gestão Kairós, que ajuda pequenos empreendedores a estruturar seus negócios. 

A empresária Liliane Rocha, fundadora da Gestão Kairós, no coworking em que trabalha, em SP
A empresária Liliane Rocha, fundadora da Gestão Kairós, no coworking em que trabalha, em SP - Lucas Seixas/Folhapress

Empresas que hoje são referência na área de tecnologia, como Google, por exemplo, não deslancharam a partir de um conceito inovador, mas apresentando a melhor versão de um produto que já existia, pontua Piero Contezini, da fintech Asaas. 

“Um empreendimento jovem não precisa de um produto ou de um serviço inovador. O importante é a conexão entre os seus produtos e serviços e as necessidades do mercado”, afirma Giovanni Harvey, fundador da Incubadora Afro Brasileira.

Harvey defende que o melhor jeito de se testar uma ideia é colocá-la em prática, oferecendo o produto ou serviço no mercado para testar sua aceitação. 

Essa foi a estratégia de Rocha, da Kairós. Ela trabalhava havia dez anos na área de desenvolvimento sustentável em multinacionais quando percebeu uma demanda por políticas de diversidade nas empresas. 

Em 2015, começou a ser contratada para projetos e cursos como freelancer. Abriu então a Gestão Kairós. O seu diferencial, afirma, era fazer o trabalho de um jeito diferente, aliando sustentabilidade e diversidade. 
Para Rocha, planejamento e visão de futuro são cruciais para transformar uma ideia em empresa. Isso inclui ter domínio de todos os aspectos do próprio negócio. “Se o meu contador se demitir hoje, amanhã eu estou fazendo o que ele faz”, afirma. 

Vinícius Hirota e Giovanna Assef trilharam caminho semelhante ao fundar a OCA.1989, que assessora marcas de luxo.

Ambos já atuavam na área em outras agências e percebiam mudanças que poderiam ser implantadas num futuro negócio próprio, como a taxa de sucesso —ganhos atrelados ao cumprimento de metas, hoje um dos grandes diferenciais da OCA.1989.  

Sem capital inicial, os dois preferiram testar a ideia e fortalecer a marca em paralelo ao seus empregos nas agências.

Foi só quando juntaram nove clientes que Hirota pediu demissão e passou a se dedicar inteiramente à agência. 

Para o empresário, é necessário fugir da visão romântica da ideia genial que se converte do dia para a noite em uma empresa inovadora. “Não adianta ter conceito sem a consistência de um bom serviço”. 
Nessa etapa de pré-operação se aproximar de quem já atua no mercado é importante para fortalecer o próprio nome e, também, perceber os próprios diferenciais. 

“As empresas concorrentes não são um inimigo, mas um termômetro”, afirma Hirota. 

Essa primeira fase é também uma boa hora para buscar financiamento. Para isso, recomenda Rocha, da Kairós, é preciso escrever um plano de ação, fazer orçamentos e ter objetivos concretos —seja criar um site ou contratar um estagiário. 

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