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08/11/2012 - 04h00

Após reeleição por margem reduzida, Barack Obama acena a republicanos

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LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A CHICAGO

A promessa de fazer o impossível deu lugar ao discurso do possível.

Reeleito presidente dos EUA com uma coalizão de eleitores mais magra do que a de 2008 e com apenas 50% dos votos, Barack Obama usou seu discurso da vitória, na madrugada de ontem, para apelar por conciliação e convidar o rival derrotado a conversar.

Obama se reelegeu graças aos mesmos grupos de 2008: mulheres, negros, latinos e jovens. Mas suas margens em todos eles --exceto entre os latinos-- se estreitaram.

Mais do que isso, o presidente perdeu entre o eleitorado independente --em 2008, obteve 52% nesse segmento; neste ano, 45%, segundo bocas de urna.

É um efeito de cincos anos de crise econômica (a principal preocupação do eleitor), que Obama estancou, mas não reverteu por completo.

A polarização também aumentou: quase todos os democratas (92%) votaram no presidente, e quase todos os republicanos (93%) votaram contra ele, ampliando o abismo da última eleição.

A vitória de Obama ficou menor tanto na votação popular (de 53% para 50%) quanto no Colégio Eleitoral --o conjunto de representantes de cada Estado que se reúne para defender o vencedor em sua jurisdição e, assim, eleger o presidente.

Os 365 votos obtidos no colégio em 2008, de 538 possíveis, passariam para 332 com a definição da Flórida. O Estado-chave não havia terminado de contabilizar seus resultados até a conclusão desta edição, com uma margem de 0,5 ponto a favor do presidente inflada sobretudo pelo eleitorado latino.

Os latinos foram cruciais para Obama, que os cortejou com a promessa (não cumprida) de reforma imigratória.

Eles votaram em maior peso --foram 10% do eleitorado, um ponto a mais do que em 2008-- e preferiram o democrata por margem de 71%, ante 66% no pleito anterior.

Selaram sua vitória no Colorado, em Nevada, no Novo México e na Flórida.

ALERTA

Para os republicanos, fica o alerta: os latinos ainda podem expandir sua participação política, já que representam hoje 16,7% da população e crescem mais rápido do que outras fatias demográficas.

Mas em todos os outros segmentos, Obama encolheu. Recuou um ponto entre as mulheres, dois entre os negros, três entre os mais escolarizados e seis entre os jovens --que continuaram a seu favor (a participação dos mais jovens também avançou).

Ele perdeu o apoio dos homens, que preferiram Romney por 52% a 45%, e do eleitor de meia-idade (51% a 47%), e não conseguiu conquistar os mais velhos.

Entre os Estados, ficou sem a Carolina do Norte e Indiana, que conseguira atrair em 2008. Ainda assim, manteve seu mapa eleitoral quase intacto, conquistando os oito Estados decisivos graças a uma estratégia agressiva.

Pôs em campo milhares de voluntários para convencer o eleitor a ir às urnas (nos EUA, o voto não é obrigatório), abriu quase o triplo de comitês políticos do rival e moldou sua mensagem segundo a preocupação do eleitor, lotando os intervalos de TV com comerciais anti-Romney.

No crucial Estado de Ohio, que em razão de seu perfil dividido serve de fiel da balança no Colégio Eleitoral, foi beneficiado pela injeção de dinheiro na cambaleante indústria automotiva, que manteve o nível de desemprego ali abaixo da média nacional.

PAÍS RACHADO

As perdas, contudo, foram notórias, e Obama sabe que governará um país rachado não só política e ideologicamente, mas também social, étnica e geograficamente.

Por pelo menos mais dois anos, lidará com um Congresso polarizado (republicanos serão maioria na Câmara, e democratas, no Senado), onde os impasses vistos desde 2010, quando ele perdeu a maioria, tendem a seguir.

"A polarização atual é severa, mas já foi mais extrema em alguns períodos do século 19 e nos anos 1930 [da Grande Depressão]", lembra o historiador Alexander Keyssar, de Harvard, que estuda voto e democracia nos EUA.

"No entanto, em nenhuma dessas vezes as instituições do governo ficaram tão paralisadas como agora", afirmou, acrescentando que as trincheiras hoje são entre radicais e centristas mais do que entre esquerda e direita.

Atento a isso e à perda de suas margens de popularidade e voto, Obama prometeu em seu discurso conversar com Romney e com os líderes da oposição.

"Tenha eu merecido seu voto ou não, ouvi sua voz", disse no discurso da vitória. "Aprendi com vocês e voltarei à Casa Branca mais inspirado do que nunca."

 

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