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Análise: Novos líderes na Ásia elevam risco de conflito
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DAVID PILLING
DO "FINANCIAL TIMES"
Em rápida sucessão, os três gigantes do nordeste da Ásia escolheram novos líderes.
Xi Jinping foi selecionado como herdeiro da China em novembro. Shinzo Abe conquistou uma segunda chance de governar o Japão.
E anteontem, os sul-coreanos elegeram uma nova presidente. Se incluirmos Kim Jong-un, que assumiu o governo da Coreia do Norte depois da morte de seu pai no ano passado, são quatro novos líderes em uma das regiões mais tensas do planeta.
O potencial para jogos diplomáticos de risco -ou coisa ainda pior- é elevado.
Como se para marcar a possibilidade de que o futuro será mais perigoso, Kim comemorou o Carnaval regional de eleições, seleções e sucessões dinásticas da única maneira que sabe: disparou um míssil de longo alcance.
No dia seguinte, as Forças Armadas chinesas enviaram um avião de vigilância eletrônica em uma missão que, segundo Tóquio, representou a primeira violação do espaço aéreo japonês desde 1958.
Kim é neto de Kim Il-sung, o reverenciado fundador da Coreia do Norte, cujo culto de personalidade deriva do papel supostamente decisivo que desempenhou na libertação da península do jugo colonial japonês.
Xi é filho de Xi Zhongxun, herói revolucionário do Partido Comunista chinês, cuja legitimidade está ancorada em sua luta por expulsar os ocupantes japoneses.
Abe é neto de Nobusuke Kishi, ministro japonês na Segunda Guerra Mundial. É uma mistura familiar complicada. Filhos e netos reproduzem os conflitos de seus antepassados.
Na Coreia do Sul, esse trio receberá a adesão de Park Geun-hye, candidata de centro-direita que venceu a eleição presidencial. Ela é filha de Park Chung-hee, líder autoritário que, do golpe de Estado que liderou em 1961 ao seu assassinato em 1979, comandou a notável ascensão econômica do país.
As relações entre os quatro países são amargas e imprevisíveis, para dizer o mínimo. E três dessas relações precisam ser observados com a máxima atenção.
A primeira envolve as Coreias. A relação se deteriorou gravemente na presidência de Lee Myung-bak, o líder sul-coreano que está encerrando o mandato e adotou linha dura. A resposta norte-coreana foi intensificar a beligerância.
Park deve adotar atitude menos rígida. Não importa o que Seul faça, porém, pouca gente espera que a Coreia do Norte suspenda seu programa nuclear.
A segunda é a da Coreia do Sul com o Japão. Lee iniciou seu governo, cinco anos atrás, em tom conciliador. Os dois lados assinaram um acordo de câmbio e discutiram a possibilidade de um tratado de livre comércio. Mas a História se manifestou.
Lee se convenceu de que o Japão não estava refletindo devidamente sobre o passado. Visitou as ilhas Dokdo, controladas pela Coreia do Sul e conhecidas como ilhas Takeshima no Japão, que alega direito ao território.
O mais volátil dos relacionamentos é o do Japão com a China. A causa imediata é a disputa pelas ilhas Senkaku, inabitadas, controladas por Tóquio mas vistas por Pequim como território chinês.
Os ódios históricos são ainda mais assustadores. Abe quer revogar a Constituição pacifista de seu país e investir mais nas Forças Armadas. A situação no nordeste da Ásia há anos não parecia tão assustadora.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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