Netanyahu pode visitar o Brasil em junho

Premiê israelense condiciona viagem a melhora de acordos de cooperação internacional

Daniela Kresch
Jerusalém

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, estuda fazer uma viagem histórica ao Brasil ainda neste ano. Segundo o jornal israelense “Jerusalem Post”, a visita aconteceria em junho, mas a data ainda não está confirmada.

De acordo com fontes ouvidas pela Folha, as negociações para a visita estão avançadas, mas, se ela ocorrer, certamente será marcada para antes do início da campanha para as eleições presidenciais. Pelo calendário do TSE, a propaganda eleitoral terá início em 16 de agosto.
 
Netanyahu – que também atual como chanceler – aceitou o convite de visitar o Brasil feito pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, em encontro nesta terça-feira (27), em Jerusalém, no primeiro dia de uma viagem oficial de sete dias ao Oriente Médio.

Mas, segundo informações do embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, condicionou a visita à atualização e aprimoramento de acordos de cooperação internacional com o Brasil.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, se encontra com o premiê israelense Binyamin Netanhyahu em Jerusalém
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, se encontra com o premiê israelense, Binyamin Netanhyahu, em Jerusalém - Daniela Kresch/Folhapress

 
"Israel está muito interessado nos contatos com o Brasil e acredita em seu potencial", disse Netanyahu no encontro com o chanceler brasileiro.
 
Nunca um premiê israelense pisou no Brasil. Em setembro, Netanyahu visitou Argentina, Colômbia e México, na primeira viagem oficial de um primeiro-ministro israelense à América Latina. O Brasil ficou de fora. 

Para diminuir um pouco um certo mal-estar causado pela decisão, Netanyahu se encontrou com o presidente Michel Temer dias depois, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Além da data da visita, ainda paira no ar uma dúvida a quanto se Netanyahu estará no poder até junho. Ele está sendo investigado por corrupção e pode ser indiciado em algum dos casos em que está envolvido.

Pela lei israelense, ele não é obrigado a renunciar mesmo se for indiciado. Mas seu antecessor, o ex-premiê Ehud Olmert, retirou-se do cargo em julho de 2008, um mês antes de ser indiciado (acabou sendo condenado e cumpriu 19 meses de prisão de fevereiro de 2016 a julho de 2017).
  
A visita de Aloysio Nunes a Israel, a primeira de um chanceler brasileiro à região desde 2012, está sendo encarada como a retomada de um relacionamento mais estreito entre os dois países.

Em todos os encontros do primeiro dia da visita, o chanceler fez questão de salientar que o incômodo são águas passadas e que o Brasil que aprofundar o relacionamento com Israel em termos econômicos e diplomáticos.
 
 "O ministro está dando continuidade à uma retomada das relações", disse à Folha o embaixador do Brasil em Israel, Paulo César Meira de Vasconcellos, se referindo à crise diplomática entre os dois países em 2015 e 2016, quando o governo Dilma Rousseff não aceitou a nomeação de um embaixador israelense para o cargo em Brasília.

"Houve aquele período muito ruim e, de um ano para cá, isso vem melhorando. Então, ele veio para sedimentar essa retomada."
 
Antes do encontro com Netanyahu, o chanceler brasileiro se reuniu com o presidente israelense, Reuven Rivlin, que notou a importância de trabalhar para fortalecer os laços com o Brasil e observou: “Nós concordamos sempre politicamente, mas devemos ser claros que os boicotes não promovem o entendimento”.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.