Exército intervém contra protestos por resultados eleitorais no Zimbábue

Ao menos três pessoas morreram; violência começou após resultados da eleição serem divulgados

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Harare (Zimbábue) | Associated Press e Reuters

Pelo menos três pessoas foram mortas em Harare, capital do Zimbábue, nesta quarta-feira (1º) após o Exército ser empregado para dispersar manifestantes da oposição que acusam o partido governista de manipular os resultados das eleições presidenciais e parlamentares de segunda (30). 

Houve tiroteios pelas ruas enquanto as tropas, apoiadas por veículos blindados e um helicóptero militar atuavam. 

O Exército foi chamado a pedido da polícia, que afirmou não ter condições de lidar com a escalada dos protestos, segundo a porta-voz da polícia, Charity Charamba. Ela disse que mos mortos ainda não foram identificados. 

Os protestos começaram depois que dados oficiais indicaram que a legenda do presidente  Emmerson Mnangagwa, o Zanu-PF, havia conquistado maioria parlamentar. Os resultados presidenciais não foram divulgados ainda.

Os manifestantes bloquearam ruas próximos ao hotel onde está sendo feita a contagem de votos e jogaram pedras nos policiais, que responderam usando canhões de água.

O candidato de oposição Nelson Chamisa, 40, e Mnangagwa, 75, foram os principais candidatos da eleição de segunda-feira (30), a primeira desde que o ditador Robert Mugabe foi forçado a renunciar em novembro após quase 40 anos no poder.

Os resultados parciais divulgados pela Comissão Eleitoral mostram que o Zanu-PF conquistou 144 das 210 cadeiras na Câmara, o suficiente para poder mudar a Constituição. O MDC de Chamisa ficou com 61 vagas e 3 seguem indefinidas . A expectativa da oposição era ficar à frente da sigla governista.

 

Não foram divulgados ainda, porém, os resultados da eleição presidencial. Pesquisas divulgadas antes da votação mostravam Mnangagwa com 40% das intenções de voto e Chamisa com 37%. Caso ninguém conquiste a maioria, haverá um segundo truno em 8 de setembro.

Nas redes sociais, Chamisa acusou a comissão de divulgar os resultados da eleição parlamentar antes para preparar a população para uma vitória de Mnangagwa na disputa pela Presidência.

"A estratégia tem como objetivo preparar o Zimbábue mentalmente para aceitar resultados presidenciais falsos. Nós temos mais votos do que EM (Emmerson Mnangagwa). Nós ganhamos o voto popular e vamos defendê-lo", escreveu.

Mnangagwa, que durante anos foi o responsável por comandar as forças de segurança do país, assumiu a Presidência em novembro do ano passado no lugar de Mugabe, que foi forçado a renunciar pelos militares —ele estava no poder desde 1980.

Apesar de serem ex-aliados e de ambos estarem no mesmo partido, o Zanu-PF, o ex-ditador anunciou que apoiava a oposição, sem especificar se iria votar em Chamisa ou em outro candidato.

O atual presidente pediu também pelas redes sociais que a população se mantenha calma e tenha paciência enquanto aguarda os resultados.   

A oposição diz que a Comissão Eleitoral desrespeitou as regras porque não publicou os números da votação em cerca de 20% dos colégios eleitorais do país. A lei obriga que os resultados de cada local sejam afixados do lado de fora dos locais de votação.

A suspeita dos opositores é que os resultados destes locais não foram colocados porque estão sendo sejam manipulados pelo governo, que nega a acusação.  

Grupos africanos de observação da eleição disseram que as votações foram pacíficas, organizadas e amplamente em linha com a lei, mas levantaram preocupações sobre a imparcialidade da mídia estatal e da Comissão Eleitoral do país.

Os observados da União Europeia fizeram uma análise semelhante e disseram que não entendem a demora para a publicação dos resultados. Eles criticaram o controle da imprensa, a falta de transparência da votação e a intimidação dos eleitores, mas afirmaram que a realização do pleito mostrou um avanço da democracia no país.

 
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