Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro volta a dizer que nazismo é de esquerda e se irrita com imprensa em Israel

Durante discurso, presidente defende fala em que elogiou torturador Brilhante Ustra

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O presidente Jair Bolsonaro, em visita ao Museu do Holocausto, em Jerusalém - Gali Tibbon/AFP
Jerusalém

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou irritação com jornalistas ao fim de um encontro com membros da comunidade brasileira em Israel, no hotel King David, em Jerusalém, nesta terça-feira (2). 

Em discurso durante o evento, o presidente discorreu sobre as mudanças no Brasil desde que foi eleito e lembrou o voto que deu a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT).

Na ocasião, em 2016,  Bolsonaro causou polêmica ao justificar seu voto “pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff".

Segundo o presidente, "um dono de centro de pesquisas falou que, depois daquele voto meu, não mais me elegeria sequer para vereador”. "Aconteceu exatamente o contrário."

"As palavras ali proferidas por mim tiveram um impacto dentro e fora do Brasil por alguns dias. Mas eram palavras que estavam sedimentadas em João 8:32. A verdade tinha que ser conhecida."

Carlos Alberto Brilhante Ustra chefiou o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército entre 1970 e 1974, durante a ditadura militar. Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, a unidade militar, na gestão de Ustra, foi responsável pela morte ou desaparecimento de ao menos 45 presos políticos.

Ao fim do evento, os jornalistas perguntaram por que o presidente lembrou esse evento em meio ao atual debate sobre os 55 anos do golpe militar de 1964.

“Mais alguma pergunta?”, respondeu o presidente, ignorando a indagação dos jornalistas.

Em seguida, irritado com uma questão sobre a definição de nazismo como um movimento de esquerda e a quantidade de viagens que está realizando, Bolsonaro afirmou que quer tratar os jornalistas "com o respeito que merecem".

"Essas perguntas menores só dão manchetes negativas em jornais. Não vou responder.”

Nesta terça (2), o presidente visitou o centro de memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, museu público israelense que lembra as vítimas e os que combateram o genocídio de seis milhões de judeus pelos nazistas.

Além do museu, o complexo Yad Vashem abriga um importante centro de pesquisas sobre o período nazista. Em seu site, a instituição traz um breve histórico sobre a ascensão do Partido Nazista na Alemanha entre guerras.

Ao abordar a situação alemã após o Tratado de Versalhes, que selou a paz entre as principais potências europeias após a Primeira Guerra, o museu explica que havia um clima de frustração que, "junto a intransigente resistência e alertas sobre a crescente ameaça do comunismo, criou solo fértil para o crescimento de grupos radicais de direita na Alemanha, gerando entidades como o Partido Nazista".

A definição feita pelo museu também contraria a afirmação do chanceler Ernesto Araújo, que associou o nazismo a movimentos de esquerda. Indagado pelos jornalistas sobre a fala do chanceler, Bolsonaro disse concordar com o ministro das Relações Exteriores.

“Não há dúvida. Partido Socialista... Como é que é? Da Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha.”

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