Em lockdown desde 15 de janeiro, Portugal começará a desconfinar, em ritmo lento e de forma gradual, a partir da próxima segunda (15). Mesmo se a pandemia se mantiver sob controle, a reabertura do país só será concluída em 3 de maio. Será uma reabertura "prudente, cautelosa, gradual e a conta-gotas", afirmou o primeiro-ministro António Costa, em pronunciamento oficial na noite desta quinta-feira (11).
O desconfinamento luso começará com a volta ao ensino presencial para crianças (creches, jardins de infância e escolas do primeiro ciclo) e a reabertura de salão de cabeleireiros, livrarias e bibliotecas.
A maior parte das medidas hoje em vigor —restrições de deslocamento, toque de recolher e fechamento de lojas— deve permanecer até a Páscoa. Para evitar reuniões de amigos e familiares durante o feriado —como aconteceu no Natal—, haverá medidas adicionais, mais duras, entre 26 de março e 5 de abril.
É somente a partir daí que o desconfinamento começa a engrenar, com a reabertura de escolas dos segundo e terceiro ciclos (ensino fundamental). Também serão reabertas as lojas com até 200 m², e reuniões de até quatro pessoas em espaços abertos passam a ser permitidas, assim como a prática de esportes com baixo risco de contaminação.
Em 5 de abril, poderão funcionar ainda museus, palácios, monumentos nacionais e galerias de arte.
Duas semanas depois, uma nova etapa se inicia, com a autorização do funcionamento do comércio em geral e dos shoppings. Também retornam as aulas presenciais no ensino secundário e nas universidades.
Restaurante e cafés poderão reabrir, mas com limites de ocupação: grupos de no máximo quatro pessoas em espaços fechados e de até seis ao ar livre. Estabelecimentos só poderão funcionar até as 22h durante a semana —e até as 13h aos sábados e domingos. Na mesma data, voltam também cinema e teatros.
Em 3 de maio, na última etapa do plano, restaurantes e cafés passam a funcionar com horário livre, mas os limites de ocupação permanecem, ainda que mais amplos: seis pessoas em ambientes fechados, e dez ao ar livre. Academias de ginástica também serão liberadas.
O premiê português afirmou que é preciso haver cautela no desconfinamento, para não ameaçar o bom resultado conseguido recentemente pelo país. "Julgamos que a vida e a saúde têm de ser salvaguardadas, e, se fomos capazes nestes dois meses de alcançar resultados notáveis, depois de termos sido durante alguns dias os piores do mundo, temos de continuar a manter esta trajetória, e não estragar", justificou.
Costa afirmou que o plano de desconfinamento estará sujeito a revisões constantes e que pode chegar a ser interrompido caso as condições sanitárias se deteriorem. Ao menos até a Páscoa, as fronteiras permanecem fechadas. Viajantes que chegam do Brasil permanecem obrigados a fazer quarentena obrigatória e a apresentar teste PCR negativo para a Covid-19 realizado 72 horas antes do embarque.
Considerado um bom exemplo na primeira onda da pandemia, Portugal viu a situação sair de controle em janeiro, após um pico de contaminação provocado pela diminuição das restrições de circulação e aglomeração no período de Natal. Com recorde de mortes e casos, o país viu seu sistema de saúde próximo do colapso e chegou a pedir ajuda a outros países da União Europeia.
Uma espécie de confinamento soft foi implementado em 15 de janeiro. Com escolas e universidades abertas e muitas exceções, a medida não funcionou, e os índices de circulação permaneceram elevados.
Em 22 de janeiro, o governo optou pelo lockdown alargado e a interrupção de aulas presenciais. A nova restrição foi eficaz e, hoje, Portugal tem uma das taxas de transmissão mais baixas da Europa. Nesta quinta, o país de 10 milhões de habitantes registrou 627 novos casos.
Em 28 de janeiro, o recorde até agora, haviam sido 16.432.
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