Descrição de chapéu América Latina

Protestos na Colômbia contra nova reforma tributária têm 70 presos e 50 feridos

Plano de Ivan Duque é menos ambicioso que o anterior, mas marchas contra o projeto tomaram as ruas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bogotá | AFP

Após mais de um mês de pausa, milhares de pessoas voltaram às ruas na Colômbia nesta terça-feira (20), feriado da Independência do país, para protestar contra uma versão revisada da reforma tributária que originou uma revolta da população no último mês de mês de abril.

Os manifestantes saíram às ruas agitando a bandeira colombiana de cabeça para baixo e gritando contra o presidente, Iván Duque, que apresentou o novo plano ao Congresso. Eles exigem uma reforma policial e um Estado mais solidário diante da devastação causada pela pandemia, que elevou a pobreza a 42% no país de 50 milhões de habitantes.

Manifestantes queimam bandeira dos EUA em protestos antigoverno em Bogotá no feriado da Independência da Colômbia
Manifestantes queimam bandeira dos EUA em protestos antigoverno em Bogotá no feriado da Independência da Colômbia - Santiago Mesa/Reuters

O governo registrou 195 protestos em 95 municípios. Confrontos entre a polícia de choque e manifestantes armados com escudos e facões deixaram ao todo 50 feridos, entre civis e agentes de segurança, segundo a polícia. Cerca de 70 pessoas foram presas.

No fim da tarde, o ministro do Interior, Daniel Palacios, afirmou à imprensa que "a manifestação pacífica prevaleceu sobre os atos de violência".

Mais de 60 pessoas morreram e milhares ficaram feridas desde o início das manifestações em 28 de abril, segundo o Ministério Público e autoridades civis.

A mobilização deste feriado foi convocada pelo Comitê Nacional de Paralisação, que é o maior grupo de manifestantes, embora não represente todos os setores insatisfeitos. Formado por estudantes, indígenas e organizações sociais, o grupo quer levar suas reivindicações ao Congresso "porque o governo não quis negociar", segundo disse Fabio Arias, líder da Central de Unidade dos Trabalhadores, à W Radio.

Desta vez, o Executivo renunciou aos pontos mais polêmicos da reforma tributária e propôs arrecadar US$ 3,9 bilhões, uma redução substancial em relação à iniciativa de US$ 6,3 bilhões que desencadeou a revolta popular e custou o cargo do então ministro da Fazenda.

Em Bogotá, cerca de 5.000 pessoas se reuniram e marcharam em direção à praça central Bolívar. Os policiais, porém, bloquearam o caminho para o Congresso e a sede presidencial.

O governo tem reclamado de suposta infiltração de grupos armados nos protestos, inclusive de guerrilheiros do ELN (Exército de Libertação Nacional) e dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Autoridades também têm dito que as marchas podem aumentar o contágio por Covid-19 em um momento em que o país deixa para trás a pior onda da pandemia.

Segundo o Ministério da Defesa, mais de 53 mil policiais e 36 mil militares vigiaram as manifestações em todo o país.

Brutalidade policial

A um ano de deixar o poder e com um nível de impopularidade de 76%, Duque enfrenta um inédito movimento de protestos desde 2019.

Neste ano, o que começou como uma manifestação contra um plano governamental fracassado de aumento dos impostos da classe média foi reavivado pela repressão policial, criticada pela comunidade internacional.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que visitou o país em meio aos protestos, denunciou a resposta das forças de segurança como "desproporcional" e "letal".

A ONG Human Rights Watch acusa as forças de segurança de estarem envolvidas em pelo menos 20 homicídios durante os protestos e afirma que 16 das vítimas foram baleadas por agentes do Estado com a intenção de matar.

Embora tenha admitido casos de violência policial, o governo contesta os números.

No dia 28 do último mês, manifestantes derrubaram uma estátua de Cristóvão Colombo localizada na cidade de Barranquilla, no norte do país.

Duque inaugurou na manhã desta terça-feira o trabalho da nova legislatura, que terá a difícil tarefa de discutir a nova reforma tributária.

"Ouvimos as vozes nas ruas e elas devem alimentar os debates, mas vocês são chamados pela história para serem os porta-vozes de um país em plena transformação", disse Duque ao Congresso durante a cerimônia de posse.

No fim do dia, Duque presidiu um desfile militar sem público devido à pandemia em comemoração da festa nacional.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.