EUA e UE vão anunciar meta de redução das emissões de metano em 30% até 2030

Acordo deve ser anunciado até o fim da semana, de acordo com agência de notícias Reuters

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A pouco mais de um mês da realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, os Estados Unidos e a União Europeia (UE) pactuaram um acordo para reduzir em 30% as emissões de gás metano até 2030, em comparação com os níveis lançados na atmosfera em 2020. A informação foi obtida pela agência de notícias Reuters.

A medida é mais um passo dado após ampla pressão da comunidade científica mundial, que tem insistido na relevância do metano para o aquecimento global —relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sugere que entre 30% e 50% do aumento das temperaturas se deve a ele.

Gasoduto que move gás metano do aterro sanitário Frank R. Bowerman para uma usina elétrica na Califórnia (EUA) - Mike Blake - 15.jun.21/Reuters

O anúncio do pacto deve ser feito por autoridades americanas e da UE no final desta semana, durante reunião das principais economias que emitem carbono —uma espécie de prévia da COP-26, que será realizada em Glasgow, a mais populosa cidade escocesa e referência global pelo compromisso com a sustentabilidade.

Países como Brasil, China, Rússia e Índia figurariam em uma lista de duas dúzias de nações que os EUA e o bloco europeu pretendem pressionar para que se somem à meta de redução das emissões de metano.

Trecho do documento que embasa o trato reportado pela Reuters argumenta que "a curta vida atmosférica do metano significa que tomar medidas agora pode reduzir rapidamente as taxas de aquecimento global".

Após o lançamento do relatório do IPCC em agosto, especialistas projetaram que, se as emissões de metano forem reduzidas em 40% ou 45% na próxima década, seria possível limitar em 0,3°C o aumento da temperatura até 2040 —o Acordo de Paris, documento mais relevante sobre o tema, fixa a meta de impedir que o aquecimento global ultrapasse 2°C até 2100 (de preferência, não mais que 1,5°C).

Mesmo durante a pandemia de Covid, com políticas de lockdown e isolamento social que, em alguns casos, mostraram ligeiras diferenças positivas no ambiente, as emissões de gases de efeito estufa cresceram em 2020. No caso do metano, de forma ainda mais preocupante: análises da Agência de Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA mostram que a quantidade média do gás na atmosfera cresceu 14,7 ppm (partes por milhão) no período, o maior aumento anual desde que a medição começou, em 1983. No caso do dióxido de carbono, o aumento foi de 2,6 ppm.

Os planos a serem traçados para consolidar a meta de redução das emissões de metano estariam voltados para as principais fontes emissoras do gás: os setores de petróleo e gás, as atividades agrícolas e os aterros sanitários. A inovação tecnológica seria a ponta de lança para tornar a redução possível sem que, para isso, as economias nacionais fossem enfraquecidas.

O anúncio vem na esteira de outras metas já estruturadas para mitigar a emergência climática e preparar o terreno para a COP-26. Em abril, durante a Cúpula do Clima promovida pelos EUA, o presidente americano, Joe Biden, anunciou que o país vai cortar 50% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030. Disse, ainda, que o objetivo é zerar as emissões líquidas de carbono até 2050 e exortou as demais economias mundiais a assumirem responsabilidade semelhante.

Já a UE, em julho, tornou público um ambicioso pacote para reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 55% até 2030, tendo como base os níveis de 1990. Entre os instrumentos para tornar a meta viável, o bloco enumerou o veto à fabricação de automóveis movidos a combustão a partir de 2035, o aumento dos impostos sobre combustíveis fósseis e a criação de taxas extras para importação de produtos fabricados sem respeito às regras ambientais —que ficou conhecida como "fronteira de carbono".

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