Depois de o fogo destruir a Assembleia Nacional da África do Sul, na Cidade do Cabo, a polícia acusou um homem de 49 anos de incêndio criminoso e de outros crimes, incluindo roubo. Uma audiência sobre o caso está marcada para esta terça-feira (4).
Em comunicado, a polícia de elite sul-africana, chamada Hawks, informou que o suspeito provavelmente entrou no Parlamento por uma janela nos escritórios. Segundo o porta-voz da corporação, Nomthandazo Mbambo, que falou à emissora eNCA, é possível que novas acusações sejam apresentadas envolvendo o incêndio, já que aparentemente houve uma falha na segurança.
Nosiviwe Mapisa-Nqakula, porta-voz da Assembleia, onde atuavam os deputados, disse que o crime, se confirmado, representaria um ataque à democracia do país.
As chamas atingiram a mais antiga das três alas do prédio do Parlamento no domingo (2). Apesar de ter sido mantido sob controle na manhã desta segunda, o fogo voltou a ganhar força por volta das 17h locais.
Um porta-voz dos bombeiros da Cidade do Cabo informou que o vão sob o teto da Assembleia, que colapsou neste domingo, estava em chamas. A corporação recebeu reforços para lidar com o novo foco.
Um jornalista da agência de notícias Reuters que está no local disse que a velocidade do vento, um fator-chave para incêndios, havia aumentado significativamente, o que pode atrapalhar o combate às chamas.
Uma atualização divulgada pelo governo local por volta das 17h (em Brasília) detalhou que o quarto e o quinto andares da ala nova, acima da Assembleia, foram completamente destruídos e que as chamas ameaçavam a histórica sala Tuynhuys, escritório do presidente Cyril Ramaphosa na Cidade do Cabo.
O incêndio deste domingo começou por volta das 5h, na ala construída em 1884, que também teve parte de seu teto colapsado, e depois se espalhou para as áreas mais recentes, que datam de 1920 e 1980.
Não houve registro de vítimas e não se sabe ainda a dimensão completa dos estragos a itens armazenados no histórico edifício vitoriano —informações iniciais apontaram que ao menos o documento original do primeiro hino nacional em africâner, "Die Stem Suid-Afrika" (a voz da África do Sul), cantado durante o período do apartheid, havia sido seriamente danificado.
Em compensação, não foram atingidos um museu com obras de arte e objetos patrimoniais, além de uma tapeçaria, que ficava no térreo da ala antiga, cujo bordado conta a história da província de Cabo Oriental.
O Parlamento teve um papel crucial na transição do governo de minoria branca como o lugar onde uma legislação transformadora foi aprovada, ajudando a reverter políticas repressivas da época do apartheid.
Este é o segundo incêndio em menos de um ano na sede Parlamento sul-africano. Em março de 2021, o fogo começou na Antiga Assembleia e não houve feridos, mas o incidente deste domingo foi mais sério.
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