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Colômbia renova Congresso e escolhe candidatos à Presidência neste domingo

Primeiro turno presidencial será em 29 de maio, e esquerdista Gustavo Petro aparece como favorito

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Buenos Aires

A Colômbia vai às urnas neste domingo (13) para escolher os 280 membros de seu Congresso bicameral e definir, em primárias, quais serão os nomes de três das principais coligações ao pleito presidencial, que ocorre em 29 de maio.

Por ora, há 16 pré-candidatos, mas o desempenho de cada um nessa rodada e nas pesquisas pode mudar o cenário —como se deu na eleição anterior, quando o atual presidente, Iván Duque, saiu vitorioso na escolha do grupo Centro Democrático e, para fortalecer sua chapa, chamou para vice a conservadora Marta Lucía Ramírez, que antes pretendia concorrer por conta própria.

Colombianos passam por cartazes com candidatos das prévias presidenciais, em Bogotá - Juan Barreto - 10.mar.22/AFP

Os principais levantamentos hoje indicam uma vantagem da esquerda nos dois pleitos, legislativo e presidencial. Para a disputa do Congresso, o instituto EcoAnalítica aponta que a coalizão Pacto Histórico lidera com 38% das intenções de voto. Em seguida vêm o Partido Liberal, com 14%, e o Centro Democrático (ambos mais à direita), com 12%. A coalizão de centro tem 6,5% da preferência.

Na corrida presidencial, a liderança clara é do esquerdista Gustavo Petro, que neste domingo disputa a primária do Pacto Histórico —ele tem pouco risco de derrota, já que os outros quatro pré-candidatos do grupo apresentam desempenho muito fraco nas pesquisas até aqui.

A sondagem do instituto Invamer mostra o atual senador com 44,6% das intenções de voto na eleição nacional. Caso seu nome esteja mesmo na urna, será a segunda vez que ele concorre a presidente: em 2018, ele foi derrotado por Duque no segundo turno.

Petro foi prefeito da capital do país, Bogotá, e um dos principais apoiadores do acordo de paz do Estado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), assinado em 2016 pelo então presidente Juan Manuel Santos. Ele próprio foi guerrilheiro do M-19, uma força que atuava na luta armada e que, por meio de outro tratado, entrou para a política convencional em 1990.

Outra coalizão que elege seu candidato neste domingo é a Centro Esperanza, que, apesar de embolada, tem como favorito Sergio Fajardo, ex-governador de Antioquia e ex-prefeito de Medellín, conhecido pelas reformas urbanísticas que resgataram a cidade. O político ligado à centro-esquerda ficou em terceiro lugar na corrida presidencial de 2018 e, pelas sondagens atuais, teria 15% das intenções de voto.

Fajardo disputa a indicação com o ex-ministro da Saúde e ex-reitor da Universidad de los Andes Alejandro Gaviria e com o ex-senador Juan Manuel Galán —filho do líder histórico Luis Carlos Galán Sarmiento, assassinado a mando de Pablo Escobar em plena campanha eleitoral no fim dos anos 1980.

Os três têm em comum o apoio ao acordo de paz com as Farc.

A terceira coalizão com primárias neste domingo, a Equipo por Colombia, é mais ligada à direita e deve ter como candidato outro ex-prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez —que, apoiado por forte presença nas redes sociais e foco nos eleitores mais jovens, marca 10% das intenções nas pesquisas nacionais.

Na cédula, além dos votos para o Congresso, cada eleitor pode indicar seu preferido em apenas uma coalizão. Analistas veem como crucial que os ganhadores das prévias angariem o apoio dos derrotados e construam a unidade dentro das alianças, de modo a terem força para enfrentar o franco favorito Petro.

A urna em 29 de maio deve ter ainda outros nomes que preferiram concorrer de forma independente, sem disputar prévias. Um deles é o da ex-congressista Ingrid Betancourt, sequestrada pelas Farc durante a campanha de 2002 e mantida em cativeiro por seis anos. Ela participaria das primárias da Centro Esperanza, mas um desentendimento com Gaviria a fez preferir se lançar por conta própria —pesquisas dão 6,2% das intenções de voto à ex-senadora.

Além dela, há o empresário Rodolfo Hernández, espécie de outsider, que tem 9,5% das preferências, e o veterano Óscar Zuluaga, que hoje marca 8%. A presença do ex-candidato presidencial, derrotado por Juan Manuel Santos em 2014, é marcante por representar o combalido governismo do Centro Democrático.

Duque, o atual presidente, tem rejeição alta, na casa de 70%, segundo o Invamer, e seu grupo político sofre com o esvaziamento da figura de seu padrinho, o líder histórico da direita Álvaro Uribe. Seu estilo carismático de caudilho ainda é uma influência no país, mas os problemas com a Justiça —ele é alvo de processos por corrupção e abuso de direitos humanos— vêm enfraquecendo sua imagem. De acordo com números do instituto Datexco, Uribe tem hoje a rejeição de 66% dos colombianos. Os candidatos da direita, em geral, se opõem ao acordo de paz com as Farc e, embora tenham de dar seguimento a sua implementação por razões constitucionais, propõem a redução do alcance de alguns de seus elementos.

Caso seja necessário um segundo turno no pleito presidencial, ele será realizado em 19 de junho. Nas sondagens mais recentes, Petro venceria todos os demais candidatos.

Sua campanha agora se concentra em tentar reduzir a rejeição que ele ainda tem pelo fato de ter sido guerrilheiro. O senador esquerdista é o candidato que mais tem se exposto em viagens e comícios pelo país —e já realizou encontros com religiosos e militares, setores que não o apoiaram em 2018.

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