Faxineiro é condenado por tentar espionar ministro da Defesa de Israel

Homem trabalhava na casa de Benny Gantz e segundo acusação venderia dados sigilosos a hackers do Irã

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São Paulo

Um faxineiro que trabalhava na casa do ministro da Defesa de Israel tentou espioná-lo a pedido de um grupo de hackers ligado ao Irã, segundo a Justiça israelense. Omri Goren Gorochovsky, 38, foi preso em novembro e condenado a três anos de prisão nesta terça-feira (6).

De acordo com a imprensa local, Gorochovsky teria entrado em contato com o grupo Black Shadow via Telegram no ano passado e, sob identidade falsa, informado que trabalhava para o chefe da pasta da Defesa israelense, Benny Gantz.

Benny Gantz, ministro da Defesa de Israel, em comício na cidade de Tel Aviv
Benny Gantz, ministro da Defesa de Israel, em comício na cidade de Tel Aviv - Jack Guez - 6.set.22/AFP

A Justiça o acusa de oferecer dados do político e implantar um software em seu computador em troca de US$ 7.000 (R$ 36,7 mil). Para provar que tinha, de fato, capacidade de fornecer o material, Gorochovsky enviou fotos tiradas de dentro da casa de Gantz, incluindo de seu computador, telefone, registros fiscais e porta-retratos.

Detalhes sobre o grupo Black Shadow são incertos. O jornal britânico The Guardian destacou que o coletivo de hackers já reivindicou vários ataques cibernéticos contra empresas e provedores israelenses de serviços de internet. Gorochovsky, aliás, teria pesquisado sobre esses episódios antes de enviar as mensagens no Telegram.

No julgamento, o faxineiro admitiu a maioria das acusações contra ele, ainda que tenha negado ter se aliado ao Irã para espiar Gantz. "Isso não é um escândalo de espionagem", disseram seus advogados após a sentença. Segundo os defensores, Gorochovsky estava com várias dívidas e tentou explorar as falhas de segurança na casa do ministro para pagá-las.

À emissora Canal 12, o homem disse que, se a inteligência israelense tivesse esperado alguns dias antes de prendê-lo, veria que ele não era um espião. "Eu queria enganar os iranianos e pegar o dinheiro sem enviar nenhuma foto ou documento" afirmou.

Nenhum dado chegou a ser enviado, segundo Tel Aviv. Embora tenha sido condenado a três anos de prisão, Gorochovsky conseguiu se livrar de acusações de espionagem, em um acordo entre a Justiça israelense e seus advogados.

Independentemente da intenção do faxineiro, o escândalo respingou no serviço interno de inteligência de Israel, o Shin Bet, conhecido como um dos mais avançados do mundo. Isso porque Gorochovsky foi contratado por Gantz mesmo tendo quatro sentenças de prisão –duas por assaltos a banco.

Esta não é a primeira vez que Israel acusa o Irã de espionar o chefe da Defesa. Em março de 2019, seu celular foi hackeado por grupos ligados a Teerã, segundo a imprensa local. No início deste ano, quatro judias de ascendência iraniana foram detidas acusadas de fotografar lugares estratégicos do país —incluindo o Consulado dos Estados Unidos em Tel Aviv—, estabelecer relações com políticos e fornecer informações sobre medidas de segurança do país a um agente do Irã.

Teerã também alega que espiões israelenses se infiltraram nos altos escalões da política do país.

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