Um faxineiro que trabalhava na casa do ministro da Defesa de Israel tentou espioná-lo a pedido de um grupo de hackers ligado ao Irã, segundo a Justiça israelense. Omri Goren Gorochovsky, 38, foi preso em novembro e condenado a três anos de prisão nesta terça-feira (6).
De acordo com a imprensa local, Gorochovsky teria entrado em contato com o grupo Black Shadow via Telegram no ano passado e, sob identidade falsa, informado que trabalhava para o chefe da pasta da Defesa israelense, Benny Gantz.
A Justiça o acusa de oferecer dados do político e implantar um software em seu computador em troca de US$ 7.000 (R$ 36,7 mil). Para provar que tinha, de fato, capacidade de fornecer o material, Gorochovsky enviou fotos tiradas de dentro da casa de Gantz, incluindo de seu computador, telefone, registros fiscais e porta-retratos.
Detalhes sobre o grupo Black Shadow são incertos. O jornal britânico The Guardian destacou que o coletivo de hackers já reivindicou vários ataques cibernéticos contra empresas e provedores israelenses de serviços de internet. Gorochovsky, aliás, teria pesquisado sobre esses episódios antes de enviar as mensagens no Telegram.
No julgamento, o faxineiro admitiu a maioria das acusações contra ele, ainda que tenha negado ter se aliado ao Irã para espiar Gantz. "Isso não é um escândalo de espionagem", disseram seus advogados após a sentença. Segundo os defensores, Gorochovsky estava com várias dívidas e tentou explorar as falhas de segurança na casa do ministro para pagá-las.
À emissora Canal 12, o homem disse que, se a inteligência israelense tivesse esperado alguns dias antes de prendê-lo, veria que ele não era um espião. "Eu queria enganar os iranianos e pegar o dinheiro sem enviar nenhuma foto ou documento" afirmou.
Nenhum dado chegou a ser enviado, segundo Tel Aviv. Embora tenha sido condenado a três anos de prisão, Gorochovsky conseguiu se livrar de acusações de espionagem, em um acordo entre a Justiça israelense e seus advogados.
Independentemente da intenção do faxineiro, o escândalo respingou no serviço interno de inteligência de Israel, o Shin Bet, conhecido como um dos mais avançados do mundo. Isso porque Gorochovsky foi contratado por Gantz mesmo tendo quatro sentenças de prisão –duas por assaltos a banco.
Esta não é a primeira vez que Israel acusa o Irã de espionar o chefe da Defesa. Em março de 2019, seu celular foi hackeado por grupos ligados a Teerã, segundo a imprensa local. No início deste ano, quatro judias de ascendência iraniana foram detidas acusadas de fotografar lugares estratégicos do país —incluindo o Consulado dos Estados Unidos em Tel Aviv—, estabelecer relações com políticos e fornecer informações sobre medidas de segurança do país a um agente do Irã.
Teerã também alega que espiões israelenses se infiltraram nos altos escalões da política do país.
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