Chile acusa mineradora por cratera gigante no Atacama

Extração excessiva de cobre causou buraco, diz agência reguladora; empresa afirma aguardar relatório final

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Santiago | AFP e Reuters

A agência reguladora ambiental do Chile formalizou nesta quinta-feira (6) quatro acusações contra a mineradora canadense Lundin por uma imensa cratera que apareceu em uma de suas minas de cobre na região do deserto do Atacama, no final de julho.

As infrações mais graves são extração excessiva e construção fora de zonas ambientalmente aprovadas; as mais brandas estão relacionadas ao transporte inadequado de minerais, segundo a Superintendência do Meio Ambiente (SMA, na sigla em espanhol).

"Grandes quantidades de água começaram a vazar para a mina a partir de locais onde a empresa interveio além do que foi considerado na avaliação ambiental", disse Emanuel Ibarra, superintendente do órgão.

Cratera na comuna de Tierra Amarilla, região de mineração de cobre - Johan Godoy - 1º.ago.22/Reuters

A cratera em Tierra Amarilla, 800 km ao norte de Santiago, atingiu mais de 36,5 metros de diâmetro e 64 metros de profundidade, em uma propriedade conjunta entre a Lundin Mining Corp, dona de 80% do terreno, e as japonesas Sumitomo Metal Mining e Sumitomo Corp, que respondem pelos 20% restantes.

A Lundin tem dez dias úteis para recorrer ou apresentar um plano de ação para sanar as infrações. Se nenhuma ação for tomada, a mineradora pode ser multada em mais de US$ 13 milhões (R$ 67,7 mi) e corre o risco de fechar ou ter sua licença ambiental cassada.

A mineradora afirmou que está analisando as acusações e que agiu de forma responsável para mitigar os possíveis efeitos da cratera. Disse ainda aguardar o relatório final das autoridades. "A empresa está convencida, com base nos dados coletados e analisados até o momento, que múltiplos fatores influenciaram a formação do buraco no terreno do nosso local", disse em comunicado. "A mineração é uma atividade relevante."

Marcela Hernando, ministra chilena de Minas, disse a jornalistas nesta sexta que a pasta está conversando com a empresa sobre a possibilidade de retomar as operações em partes não afetadas da mina, uma vez que a área atingida será "completamente fechada".

Logo após o surgimento da cratera, um perímetro de 100 metros foi criado no entorno do local. "Queremos dar tranquilidade ao setor trabalhista e às empresas contratantes", afirmou ela.

Responsável por mais de 26% da oferta global de cobre, o Chile é o principal produtor mundial do metal. A participação no mercado global, porém, já foi maior —em 2010, era de 34%, segundo o Conselho Mineiro, associação que reúne as empresas do setor.

Peru, China e República Democrática do Congo também são grandes fornecedores. O país latino-americano também é grande produtor de ouro, prata, molibdênio e ferro.

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