Motim mostra 'rachaduras' na autoridade de Putin, avalia secretário dos EUA

Antony Blinken afirma que ação de grupo levanta questões profundas sobre problemas do presidente russo

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Jaroslav Lukiv
BBC NEWS

O motim armado na Rússia mostra "rachaduras reais" na autoridade do presidente Vladimir Putin, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Ele afirmou que a rebelião dos combatentes do Grupo Wagner, liderado por Ievguêni Prigojin, foi um "desafio direto" a Putin, que o forçou a um acordo de anistia.

O acordo interrompeu a marcha do Grupo Wagner sobre Moscou. Os mercenários já haviam tomado duas grandes cidades russas. Putin acusou o grupo de traição, mas todas as acusações foram retiradas.

Combatentes do grupo mercenário Wagner nas ruas de Rostov-do-Don
Combatentes do grupo mercenário Wagner nas ruas de Rostov-do-Don - 24.jun.23/Reuters

Sob o acordo, os combatentes de Wagner devem retornar às suas bases de campo, Prigojin se mudar para a vizinha Belarus, cujo líder Alexandr Lukachenko esteve envolvido nas negociações do conflito.

O paradeiro atual de Prigojin, um ex-aliado de Putin, é desconhecido. Ele foi visto pela última vez em público saindo de Rostov-do-Don, uma das duas cidades do sul onde seus combatentes assumiram temporariamente o controle de instalações militares.

Representantes de Prigojin disseram que ele responderia a perguntas da mídia "quando tiver meios de comunicação normais", informou o site de notícias RTVI da Rússia na tarde de domingo (25). Não foram dados mais detalhes. Enquanto isso, o presidente Putin não foi visto em público desde seu discurso nacional na TV na manhã de sábado, quando condenou o motim.

No domingo, Blinken disse à CBS que a rebelião de 24 horas na Rússia "levanta questões profundas, mostra rachaduras reais". Ele, que também apareceu em vários outros programas de entrevistas nos EUA, disse que era "muito cedo" para prever o impacto que o motim poderia ter no Kremlin ou na invasão da Rússia à Ucrânia.

"Dezesseis meses atrás Putin estava às portas de Kiev, na Ucrânia, tentando tomar a cidade em questão de dias, para apagar o país do mapa", disse Blinken à ABC. "Agora, ele teve que defender Moscou, a capital da Rússia, contra um mercenário de sua autoria."

O diplomata dos EUA acrescentou que não queria "especular" sobre onde tudo isso poderia levar a Rússia e o presidente Putin. A Rússia não comentou publicamente as declarações de Blinken.

O editor da BBC para assuntos da Rússia em Moscou, Steve Rosenberg, disse que o presidente Putin não parece ter saído mais forte.

Ele justifica que essa visão sobre um Putin mais fraco ocorre porque o Grupo Wagner conseguiu assumir o controle de instalações militares em uma grande cidade russa com aparente facilidade e depois avançou em direção a Moscou, antes do acordo que suspendeu o motim.

E Prigojin segue como um homem livre, apesar de ter tentado derrubar a liderança militar da Rússia.


Esse texto foi publicado originalmente aqui.

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