Indústria de armas destrói a vida, e a de contraceptivos a previne, diz papa Francisco

Pontífice diz que nascimentos são indicador de esperança e que Europa está se tornando 'velha, cansada e resignada'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Roma | Reuters

O papa Francisco criticou as indústrias de armas e contraceptivos nesta sexta-feira (10), dizendo que uma destrói e a outra previne a vida. O pontífice fez o comentário em discurso em conferência sobre a crise demográfica na Itália e na Europa.

"Há um fato que um estudioso de demografia me disse. Atualmente, os investimentos que mais rendem são as fábricas de armas e contraceptivos. Uma destrói a vida, a outra previne a vida... Que futuro teremos? É feio", disse o papa.

Papa Francisco em conferência sobre natalidade em Roma
Papa Francisco em conferência sobre natalidade em Roma - Remo Casilli - 10.mai.24/Reuters

Francisco, 87, há muito tempo faz forte oposição à indústria de armas. Ele também reafirmou a proibição de longa data da Igreja Católica a métodos contraceptivos, embora apoie formas naturais de evitar a gravidez.

"Alguns acham, perdoem-me pela expressão, que para ser bons católicos, eles precisam se reproduzir como coelhos, mas não", afirmou durante um voo de volta das Filipinas em 2015, acrescentando que a Igreja promove a "paternidade responsável".

A taxa de fecundidade da Europa tem se mantido em torno de 1,5 nascimentos por mulher na última década. O índice está acima dos níveis extremamente baixos no Leste Asiático, mas muito aquém dos 2,1 —número considerado necessário para manter os níveis populacionais estáveis.

A escassez de bebês é particularmente aguda na Itália, onde os nascimentos bateram mínima recorde em 2023, a 15ª queda anual consecutiva. Sucessivos governos não conseguem reverter a tendência.

Na conferência em Roma, Francisco disse que o número de nascimentos é o primeiro indicador da "esperança de um povo", e que a Europa está se tornando cada vez mais "um continente velho, cansado e resignado".

"As casas estão cheias de objetos e vazias de crianças, tornando-se lugares muito tristes. Não faltam cachorrinhos, gatos, esses não faltam. Faltam crianças", disse o pontífice.

Os governos devem implementar políticas "sérias e eficazes" em favor das famílias para lidar com o problema, segundo o papa, e instou os jovens a terem confiança no futuro.

Francisco pediu políticas que permitam às mães não terem que escolher entre trabalho e cuidados infantis, e que deem a jovens casais a chance de um emprego estável e a possibilidade de comprar uma casa.

"Sei que para muitos de vocês o futuro pode parecer inquietante, e que em meio à queda das taxas de natalidade, guerras, pandemias e mudanças climáticas não é fácil manter viva a esperança. Mas não desistam, tenham fé", disse, referindo-se aos jovens.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.