Ompal Bhatia, um sobrevivente do acidente ferroviário que deixou quase 300 mortos na Índia na sexta (2), conta ter achado que tivesse morrido. Ele estava viajando a trabalho com três amigos quando o trem em que estavam descarrilou em Balasore.
Bhati, 25, e seus amigos viajavam de pé dentro de um vagão lotado. A linha do Coromandel Express é utilizada por trabalhadores de indústrias nas regiões metropolitanas de Chennai e Bangalore, no sul da Índia.
A linha faz um trajeto de aproximadamente 1.600 quilômetros ao longo da costa leste do país, em uma viagem que dura mais de 24 horas, geralmente em condições de superlotação.
O acidente aconteceu ao entardecer, quando alguns passageiros terminavam seu jantar, enquanto outros tentavam pegar no sono.
Moti Sheikh, 30, estava no mesmo vagão conversando com seis pessoas de seu vilarejo de origem. Eles planejavam jantar e depois dormir sentados no chão, pois não havia assentos disponíveis.
De repente, ouviu-se um estrondo muito alto, e o trem começou a se movimentar na direção oposta, segundo os relatos dos viajantes. Sheikh conta ter inicialmente pensado que se tratava do barulho dos freios, mas daí o comboio tombou.
"Quando o acidente aconteceu, nós pensamos que havíamos morrido. Quando nos demos conta de que estávamos vivos, começamos a ir em direção à janela de emergência para sair do trem. O vagão havia descarrilado e caído sobre uma de suas laterais," disse Bhatia à Reuters por telefone no sábado (3).
Quando ele e seus amigos tentavam sair do vagão, eles viram uma cena de caos por todos os lados.
"Vimos muita gente morta. Todos estavam tentando salvas as próprias vidas ou procurando por seus conhecidos", conta. Bhatia e todos os seus amigos sobreviveram.
Sheikh diz que eles e seus amigos também pensaram que não iriam sobreviver. "Estávamos em prantos quando saímos", afirmou. Segundo ele, ajuda começou a chegar cerca de 20 minutos após o descarrilamento.
O Coromandel Express havia invadido outros trilhos e batido em um comboio de mercadorias estacionado ali. Em seguida, foi atingido pelo Superfast Express, que vinha em alta velocidade na direção oposta.
Archana Paul, uma dona de casa de Bengala Ocidental, estava no outro trem quando a colisão aconteceu. "Ouvi um barulho muito alto e de repente tudo ficou escuro", diz.
Ela, que viajava com seu irmão e seu filho de dez anos, percebeu que o trem havia descarrilado. "Eu estava bem, então comecei a procurar meu filho e meu irmão, mas não conseguia encontrá-los."
Lentamente, os outros passageiros começaram a se recompor. "Pediam para eu sair, mas eu recusava, precisava procurar pelo meu filho. Mas insistiram que eu saísse dali."
Já do lado de fora do vagão, Paul aguardava que seu filho saísse. Mas ele não apareceu, e ela, sangrando, precisou ser levada de ambulância para um hospital em Balasore.
Na enfermaria, ela conversou com a Reuters chorando e pedindo ajuda para encontrar o seu filho.
Kaushida Das, 55, viajava no mesmo trem. Ela sobreviveu, mas sua filha morreu.
"Mesmo viva, não há nada mais que faça a vida valer à pena. Minha filha era tudo para mim", diz.
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