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Episódio antissemita de vice-governador desperta críticas na Alemanha

Político de centro-direita do estado da Baviera teria produzido panfleto e feito saudação nazista na adolescência

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DW

O governador do estado alemão da Baviera, Markus Söder, disse neste domingo (3) que vai manter no cargo seu vice, Hubert Aiwanger, após virem à tona, nesta semana, acusações de antissemitismo.

"Sei que nem todos vão gostar da minha decisão, e outros ainda terão dúvidas. Mas volto a sublinhar que essa decisão é fruto de um processo justo e ordenado", disse Söder em uma entrevista coletiva incomum. Na Alemanha —e sobretudo na predominantemente católica Baviera—, eventos políticos do tipo não costumam ser realizados aos domingos.

Cartaz de campanha de Hubert Aiwanger, vice-governador da Baviera, em Munique, na Alemanha
Cartaz de campanha de Hubert Aiwanger, vice-governador da Baviera, em Munique, na Alemanha - Christof Stache - 29.ago.23/AFP

Durante a semana, Aiwanger foi alvo de duras críticas após reportagem do jornal Süddeutsche Zeitung (SZ), com sede em Munique, atribuir-lhe a autoria de um panfleto antissemita que circulou quando ele era adolescente e estava no ensino médio. Segundo o SZ, o folheto zombava do Holocausto e dos campos de concentração nazistas.

Logo depois da divulgação do artigo, o irmão do vice-governador, Helmut, foi a público afirmar que era o verdadeiro autor do panfleto. Mesmo assim, a pressão sobre Aiwanger persistiu —devido também a outras alegações relacionadas a sua juventude, como a de que teria conduzido uma saudação nazista na escola.

O governador da Baviera disse que tomou a decisão após analisar cuidadosamente as alegações. Segundo Söder, Aiwanger cometeu erros graves durante a juventude, mas se afastou deles e demonstrou arrependimento. Ele também disse que não há provas de que Aiwanger tenha sido o autor do panfleto ou o tenha distribuído, além de mencionar que tudo ocorreu "há 35 anos". "Quase nenhum de nós está hoje como era aos 16."

Söder pediu que Aiwanger respondesse a 25 perguntas. O teor dos questionamentos e as respostas não foram divulgados. No entanto, Söder disse que, com base no questionário, era possível perceber que o evento havia sido uma experiência drástica para o vice.

Em declarações publicadas neste domingo pelo jornal Bild am Sonntag, Aiwanger afirmou que não via "nenhuma razão para renunciar ou ser exonerado do cargo". Além de vice-governador da Baviera, ele é líder do parceiro de coalizão de Söder, a sigla de centro-direita Freie Wähler (Eleitores Livres).

Logo após o jornal Süddeutsche Zeitung noticiar o assunto, Aiwanger negou responsabilidade direta pelos panfletos, o que depois foi corroborado pelo irmão Helmut. Os dois têm apenas um ano de diferença de idade e frequentaram a mesma escola na década de 1980.

Dias depois do texto do SZ, Aiwanger pediu desculpas por possíveis erros na juventude, embora também tenha dito que não se lembrava de outras acusações, como de ter sido visto conduzindo uma saudação nazista na escola. Ainda assim, afirmou que "lamenta profundamente" se suas ações causaram ofensa.

Apesar disso, disse que as acusações faziam parte de uma campanha política contra seu partido, semanas antes das eleições estaduais da Baviera, em 8 de outubro. Também disse acreditar que não é justo desenterrar comentários de tanto tempo atrás e argumentou que tais escândalos podem impedir outras pessoas de entrar na política.

Partido de Söder, a CSU é de longe a força dominante na Baviera e o braço no estado da CDU, o partido da ex-primeira-ministra Angela Merkel. A vitória da CSU é sempre dada como certa na Baviera, restando saber apenas se ela vai ou não precisar formar uma coalizão para governar —ou seja, ter maioria no Parlamento estadual.

Em 2018, a CSU precisou formar uma coalizão —e, para isso, escolheu o partido de Aiwanger. Isso levou Aiwanger, um desconhecido fora de seu estado natal, a se tornar vice de Söder, uma figura popular em toda Alemanha, e também seu secretário da Economia.

Uma das principais demandas do Freie Wähler é maior independência local em relação ao governo nacional em Berlim.

Desde 2008, a sigla detém pelo menos 9% dos votos na Baviera. Porém, pesquisas recentes indicam que o partido pode ter este ano um seu desempenho ligeiramente melhor do que os 11,6% registrados em 2018.

Com AFP e Reuters

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