Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Bilionário padrinho político de Zelenski é preso na Ucrânia

Acusado de lavagem de dinheiro, Ihor Kolomoiski é dono de canal que catapultou presidente com programa de humor

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Boa Vista

O Serviço de Segurança da Ucrânia prendeu neste sábado (2) o bilionário Ihor Kolomoiski sob acusações de fraude e lavagem de dinheiro, com fiança equivalente a mais de US$ 13 milhões —ele deve ficar dois meses sob custódia. Proeminente, o oligarca é considerado o padrinho político do presidente Volodimir Zelenski.

De acordo com comunicado das autoridades, Kolomoiski embolsou o equivalente a US$ 14 milhões de 2013 a 2020 ao retirar dinheiro do país por meio de bancos que controlava. O bilionário também já teve participações em grandes empresas do setor de energia, além das indústrias bancária e de telecomunicações.

Ihor Kolomoiski, bilionário e padrinho político de Zelenski, chega a tribunal em Kiev
Ihor Kolomoiski (de azul), bilionário e padrinho político de Zelenski, chega a tribunal em Kiev - Vladyslav Musiienko - 2.set.23/Reuters

Advogados de defesa disseram que o magnata, que compareceu a um tribunal na capital Kiev neste sábado, apelaria da decisão, questionando sua legalidade, mas que não pagaria a fiança para garantir sua liberdade, segundo a imprensa local.

Um dos homens mais ricos do país, Kolomoiski é dono do popular canal de TV 1+1, cujo programa "Servo do Povo" foi protagonizado pelo hoje presidente Zelenski. Ele representava um professor que viraliza após um discurso inflamado contra a corrupção e acaba eleito líder do país.

Pouco depois, Zelenski se lançou candidato de fato à Presidência ucraniana com uma plataforma anticorrupção e venceu como outsider sob um partido com mesmo nome do programa.

Embora inicialmente o atual presidente fosse tratado por seus opositores como marionete de Kolomoiski, os dois se afastaram —Zelenski nega que o bilionário tenha influenciado seu governo.

Neste sábado, Zelenski se pronunciou nas redes sociais por meio de um vídeo em que agradece as forças policiais por "levarem à justa conclusão casos há muito tempo parados" e afirma que "não haverá mais 'negócios como de costume' para os que saquearam a Ucrânia e se colocaram acima da lei e das regras".

A declaração não menciona o oligarca, mas é um recado velado ao padrinho político e sinaliza ao Ocidente o esforço de Kiev para conter fraudes e corrupção durante o conflito com a Rússia, uma das condições para que o apoio militar a Kiev continue e seja ampliado.

Neste ano, a Ucrânia tem feito sinalizações nesse sentido em meio a escândalos de superfaturamento e mau uso de recursos. Procuradores, vice-ministros e governadores foram afastados dos cargos, e as suspeitas chegaram a derrubar Oleksii Reznikov da chefia do Ministério da Defesa, em pleno conflito.

Agentes de segurança falam com o bilionário Ihor Kolomoiski, em imagem divulgada neste sábado (2), sem informações sobre o local
Agentes de segurança falam com o bilionário Ihor Kolomoiski, em imagem divulgada neste sábado (2), sem informações sobre o local - Serviço de Segurança da Ucrânia via Reuters

Kolomoiski expandiu sua riqueza na indústria após o colapso da União Soviética. A partir de então começou a acumular influência em assuntos políticos e econômicos da agenda doméstica. Ele está sob sanções dos Estados Unidos desde 2021, em razão de seu "envolvimento significativo em corrupção" —o bilionário sempre negou ter cometido irregularidades.

Em 2020, o oligarca esteve ao lado do ex-presidente americano Donald Trump, do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro como finalista do prêmio de pessoa do ano na categoria crime organizado e corrupção da OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project’s), consórcio internacional de jornalistas investigativos e centros de mídia independentes —na ocasião, Bolsonaro foi o escolhido pelo júri.

Com Reuters

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