Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Moradores de Gaza buscam sobreviventes em meio a retorno das comunicações

Acesso a internet e aos serviços de telefonia começa a ser restabelecido enquanto combates no território se intensificam

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Gaza | Reuters

Moradores da Faixa de Gaza procuravam por familiares e, em alguns casos, recebiam notícias de que foram mortos à medida que a comunicação era reestabelecida nesse território no domingo (29).

Ataques de Israel nesta sexta-feira (27) deixaram a Faixa de Gaza sem acesso a internet e serviços de telefonia, de acordo com entidades que atuam no local.

Escombros de prédios bombardeados são visto em meio a fumaça na Faixa de Gaza
A cidade de Sderot ao norte da Faixa de Gaza, que teve intensificação em bombardeios de Israel - Jack Guez/AFP

Ao mesmo tempo, as Nações Unidas afirmam que os palestinos estão desesperados por suprimentos de comida e que a ordem civil estava se desintegrando após três semanas de guerra.

Os combates se intensificaram na noite de sexta-feira, quando as forças israelenses realizaram operações terrestres em Gaza, o que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu descreveu como a segunda fase da guerra que tem como objetivo eliminar o comando do Hamas do território.

Shaban Ahmed, um funcionário público que trabalha como engenheiro e tem cinco filhos, descreveu os ataques israelenses como "o dia do juízo final".

"Esta manhã, domingo, descobri que meu primo foi morto em um ataque aéreo em sua casa na sexta-feira", disse Ahmed, que permaneceu na Cidade de Gaza apesar de avisos israelenses para que palestinos se dirijam para o sul.

"Soubemos apenas hoje. Israel nos isolou do mundo para nos exterminar. Estamos ouvindo os sons das explosões." Ahmed disse que os ataques na sexta-feira, por ar, mar e terra, continuaram sem parar por horas.

O porta-voz militar de Israel se recusou a responder se Israel estava por trás do apagão nas telecomunicações em Gaza, mas afirmou que o país faria o que fosse necessário para proteger suas forças.

Ataques aéreos israelenses têm atingido o território desde que o Hamas, grupo extremista islâmico que governa a Faixa de Gaza, lançou, no dia 7 de outubro, a maior ofensiva em anos contra Israel. Em resposta, Netanyahu declarou guerra. O Hamas disse no domingo que iria continuar enfrentando a ofensiva das forças israelenses.

Os palestinos estavam lutando para encontrar entes queridos no caos generalizado. Uma mulher buscava um de seus filhos sobre os escombros e gritou: "não sei onde ele está".

Em outra parte de Gaza, no bairro de Al-Nasir, residentes também procuravam por sobreviventes após os ataques aéreos israelenses. No cenário, era possível ver pessoas retirando um corpo dos escombros em meio a fumaça e outras carregando feridos.

Muitas pessoas usavam rádios enferrujados em busca de notícias, o único meio de obter informações sobre os ataques.

Os avisos do Exército israelense pedindo para que civis sigam em direção ao sul "imediatamente" ocorreram em meio a uma ação terrestre no norte de Gaza ao longo deste sábado (28), realizada pelo terceiro dia consecutivo.

"Não é mera precaução, é uma recomendação urgente para a proteção dos civis", disse Daniel Hagari, porta-voz dos militares, em vídeo publicado nas redes sociais.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o conflito "passou para uma nova fase" após Tel Aviv afirmar ter bombardeado ao menos 150 alvos subterrâneos do grupo terrorista Hamas.

Nesse cenário, serviços médicos ficaram sobrecarregados e ambulâncias tiveram que parar de atender chamadas. Muitas pessoas atingidas por bombardeios só conseguiam chegar a hospitais com a ajuda de voluntários para levá-las.

Moradores do sul da Faixa de Gaza disseram ter ouvido as explosões, mas não tinham meios de verificar a situação de familiares e amigos.

A barbearia de Bilal Abu Mostafa foi destruída há duas semanas e, como muitos residentes da área, ele se abrigou em um hospital. Ali, transformou uma ambulância danificada em uma barbearia improvisada. À noite, no hospital, ele diz atender "pessoas gravemente queimadas ou feridas e que não podem descer".

O envio de suprimentos de ajuda está prejudicado desde que Israel começou a bombardear o território. O apagão nas comunicações também afetou as agências de ajuda, complicando ainda mais a escassez de alimentos, combustível e medicamentos.

Milhares de residentes de Gaza invadiram armazéns e centros de distribuição da agência de refugiados palestinos da ONU (UNRWA), levando farinha e "itens básicos de sobrevivência", disse a organização no domingo.

"Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a se desintegrar após três semanas de guerra e um cerco rigoroso a Gaza", disse a UNRWA em comunicado.

Israel afirmou no domingo permitiria um aumento humanitária nos próximos dias, pedindo novamente aos civis palestinos que se dirijam ao que foi descrito como uma "zona humanitária" no sul do território.

Também neste domingo, o Crescente Vermelho, versão da Cruz Vermelha para o mundo islâmico, afirmou que recebeu pedidos de autoridades israelenses para esvaziar imediatamente o hospital Al-Quds, na Faixa de Gaza.

"O pronunciamento do Crescente Vermelho Palestino sobre ameaças ao hospital Al-Quds em Gaza é profundamente preocupante", escreveu Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), na plataforma X, antigo Twitter.

"Reiteramos: é impossível esvaziar hospitais cheios de pacientes sem colocar suas vidas em perigo."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.