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Terceira colocada declara apoio a Javier Milei nas eleições da Argentina

Ultraliberal ofereceu Ministério da Segurança em eventual governo para conquistar apoio de Patricia Bullrich

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São Paulo

Patricia Bullrich, terceira colocada na corrida presidencial da Argentina, declarou nesta quarta-feira (25) apoio ao candidato ultraliberal Javier Milei. Ele disputará o segundo turno contra o governista Sergio Massa, ministro da Economia do atual presidente, Alberto Fernández.

Segundo o jornal La Nación, Bullrich se reuniu na noite desta terça com Milei e com o ex-presidente Mauricio Macri, de quem é aliada e correligionária, para sacramentar a aliança. A expectativa é que Bullrich, que terminou o primeiro turno com 23,8% dos votos, impulsione a candidatura do ultraliberal numa tentativa de derrotar o kirchnerismo, representado por Massa.

Patricia Bullrich, terceira colocada nas eleições da Argentina - Juan Mabromata/AFP

Ao lado de Luis Petri, seu companheiro de chapa, Bullrich disse que a "urgência do momento" os desafia a não serem neutros. "Como disse San Martín [herói da independência local], quando o país está em perigo, tudo é permitido, exceto não defendê-lo", disse ela, segundo o jornal argentino Clarín.

Bullrich, de direita, disse que a maior parte dos eleitores optou pela mudança —Massa, em primeiro lugar no primeiro turno, obteve 36,7% dos votos válidos, e Milei, 30%. Afirmou ainda que ela e Milei se "perdoaram mutuamente", em referência aos ataques entre os dois durante a campanha eleitoral. "Hoje o país precisa que possamos perdoar uns aos outros porque algo muito importante está em jogo", afirmou.

Para conseguir o apoio da candidata macrista, Milei ofereceu a Bullrich o Ministério da Segurança em um eventual governo. O ultraliberal disse ainda que "ficaria encantado" se ela assumisse o cargo. "Se ela quisesse se juntar, como eu não a incorporaria? Ela foi bem-sucedida na luta contra a insegurança", afirmou, referindo-se ao desempenho de Bullrich como ministra da área no governo Macri (2015-2019).

Após a votação do primeiro turno, Milei deu um giro em seu discurso, indicando que buscaria uma aliança com a coalizão de Bullrich, a Juntos pela Mudança, para o segundo turno. Analistas, no entanto, não veem como automática a transferência de votos da terceira colocada para um lado ou para outro e divergem quanto a quem sairá na frente nesta nova disputa —embora indiquem que o pêndulo está a favor de Massa.

O governista superou o favoritismo de Milei, que aparecia na frente na maioria das sondagens, e frustrou a expectativa dos apoiadores do ultraliberal de vitória no primeiro turno. Segundo analistas e diretores de empresas de pesquisas, diferentes fatores podem ter motivado o descompasso. Um deles é o eleitor indeciso ou que não votou nas prévias em agosto e que agora decidiu ir às urnas, mais inclinado a Massa. Mas especialistas também citam uma "necessidade de ajuste de ferramentas" nas sondagens.

Para Andrei Roman, CEO da brasileira AtlasIntel, uma das únicas que captaram a liderança de Massa desde setembro, o peronista claramente aparecia à frente entre os eleitores que não compareceram nas urnas em agosto, mas que agora foram votar.

Para o segundo turno, Massa deve atrair o voto mais racional contra um candidato com propostas radicais como a dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e a implementação de um sistema de educação pública baseado em vouchers. Já Milei pode absorver os eleitores que estão cansados de 20 anos das mesmas forças políticas, principalmente do kirchnerismo.

Para ganhar as eleições, Millei tem feito até mesmo acenos à esquerda, afirmando que incorporaria esse grupo caso vença o segundo turno, marcado para o dia 19 de novembro.

"Nós teremos o Ministério de Recursos Humanos. Em alguns aspectos das áreas que entram nesta pasta, as pessoas que mais sabem são de esquerda", disse o candidato em entrevista à rádio El Observador na segunda (23).

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