Descrição de chapéu Coreia do Norte

Coreia do Norte dispara mísseis e critica presença militar dos EUA na Ásia

Projéteis teriam caído fora da Zona Econômica Exclusiva do Japão, faixa situada para além das águas territoriais

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São Paulo

A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos neste domingo (17) em direção ao mar do Japão, ou mar do Leste, de acordo com a Guarda Costeira do Japão e o Exército sul-coreano.

"Nossos militares detectaram um suposto míssil balístico de curto alcance disparado da região de Pyongyang em direção ao mar do Leste por volta das 22h38 [horário local]", declarou o Estado-Maior da Coreia do Sul após o lançamento do primeiro artefato. O Japão fica no extremo oposto no mar do Leste em relação à Coreia do Norte e do Sul.

Foto mostra exercício naval combinado feito pelos Estados Unidos e Coreia do Sul no mar do Japão
Exercício naval combinado feito pelos Estados Unidos e Coreia do Sul no mar do Japão - Ministério da Defesa da Coreia do Sul/AFP

Cerca de 20 minutos depois da informação sobre o lançamento, a guarda costeira de Tóquio disse que o míssil já havia caído fora da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Japão, faixa situada para além das águas territoriais.

O Exército sul-coreano afirma ter reforçado seus mecanismos de mapeamento e compartilhou informações sobre o ocorrido com os Estados Unidos.

O lançamento ocorreu depois de alertas de autoridades de Seul e Tóquio de que a Coreia do Norte, país com armas nucleares, estava se preparando para testar um míssil, incluindo um de seus mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) de maior alcance neste mês.

Menos de meia hora após o lançamento, a mídia estatal norte-coreana divulgou uma declaração do Ministério da Defesa criticando os EUA e a Coreia do Sul por aumentarem as tensões ao realizarem exercícios e demonstrações de força na região.

"As Forças Armadas da Coreia do Norte neutralizarão completamente a tentativa dos EUA e de suas forças de deflagrarem uma guerra nuclear", disse o comunicado.

Neste sábado (17), a Coreia do Sul e EUA trocaram farpas com Pyongyang, dizendo que qualquer ataque nuclear significaria o fim do regime norte-coreano.

Em menos de 12 horas, já nesta segunda-feira (18) no horário local, a Coreia do Norte disparou outro míssil que poderia chegar a uma distância de 15 mil quilômetros. "Nesse caso, todo o território dos EUA estaria dentro do alcance", afirmou o vice-ministro da Defesa do Japão, Shingo Miyake. O artefato, porém, caiu no mar, a oeste da ilha de Hokkaido, cerca de uma hora após o lançamento, segundo a Guarda Costeira japonesa.

Todas as atividades de mísseis balísticos da Coreia do Norte são proibidas pelas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Após o lançamento, o assessor de Segurança Nacional do governo dos EUA, Jake Sullivan, conversou com o diretor do Gabinete de Segurança Nacional da Coreia do Sul, Cho Taeyong, e com o general Akiba Takeo, do Japão, e condenou o teste —"uma violação flagrante de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU", segundo a Casa Branca.

Em setembro passado, porém, a Coreia do Norte fez uma emenda à Constituição que permite intensificar sua política para desenvolvimento de força nuclear, segundo informou a agência estatal KCNA. Na ocasião, Kim Jong-un prometeu acelerar a produção de armas nucleares para deter o que ele chamou de "provocações" dos EUA.

No episódio, Kim chamou a cooperação trilateral entre EUA, Coreia do Sul e Japão de a "versão asiática da Otan", a aliança militar ocidental capitaneada por Washington.

"A política de construção de uma força nuclear da República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país] foi estabelecida de forma permanente como lei básica do Estado, que ninguém pode burlar por nenhum meio", disse o ditador norte-coreano.

Em uma demonstração de seus avanços tecnológicos, a Coreia do Norte teria usado pela terceira vez em testes combustível sólido nos mísseis lançados, segundo a Coreia do Sul. Os mísseis de combustível sólido não precisam de ser abastecidos imediatamente antes do lançamento, costumam ser mais fáceis e seguros para operar e requerem menos apoio logístico, o que os torna mais difíceis de detectar e mais resistentes do que as armas de combustível líquido.

"Essas características atendem muito melhor em tempos de crise", afirmou à agência de notícias Reuters Ankit Panda, pesquisador sênior do Carnegie Endowment for International Peace, com sede nos EUA.

Horas depois do lançamento, nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, conversou com o embaixador da Coreia do Norte em Pequim, Ri Ryong-nam, e afirmou em comunicado que a China sempre vê seus laços com o país vizinho de uma perspectiva estratégica e de longo prazo.

A Coreia do Norte é oficialmente o único aliado da China. Ambos estão vinculados por um tratado assinado em 1961 para tomar todas as medidas necessárias, incluindo as militares, para ajudar um ao outro no caso de um ataque.

Com Reuters e AFP

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