Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Rússia e Ucrânia trocam ataques aéreos após novo pacote de ajuda dos EUA

Moscou volta a atingir sistema de energia de Kiev, que mira refinarias próximas do mar Negro

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Kiev | Reuters

Um ataque com mísseis da Rússia atingiu instalações de energia no centro e no oeste da Ucrânia neste sábado (27), poucos dias após a aprovação do novo pacote de ajuda militar dos EUA a Kiev que promete melhorar a capacidade de defesa aérea do país invadido.

Paralelamente, a Ucrânia também mirou o setor energético russo e atacou duas refinarias de petróleo em Krasnodar, região do sul do país vizinho banhada pelo mar Negro, segundo afirmou uma pessoa da área de inteligência ucraniana à agência de notícias Reuters.

Pessoas em Kiev se abrigam em estação de metrô durante ataque aéreo russo
Pessoas em Kiev se abrigam em estação de metrô durante ataque aéreo russo - Alina Smutko - 27.abr.24/Reuters

Moscou usou mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro disparados por terra, por sua frota naval e por aeronaves. Esta foi a quarta grande ofensiva russa mirando infraestrutura energética ucraniana desde o dia 22 de março, quando o Kremlin lançou um mega-ataque e chamou a guerra de guerra pela primeira vez —até então oficialmente nomeada "operação militar especial".

Em comunicado, a Força Aérea ucraniana afirmou que 21 dos 34 mísseis identificados foram destruídos. A Rússia utilizou, segundo Kiev, 9 mísseis de cruzeiro Kh-101 e Kh-555 lançados de uma aeronave Tu-95; 9 mísseis ar-terra Kh-59 e Kh-69; 2 mísseis antiaéreos S-300; 2 mísseis de cruzeiro Iskander, lançados da Crimeia; 4 hipersônicos Kinjal; 8 mísseis de cruzeiro Kalibr.

"O inimigo novamente bombardeou em massa instalações de energia ucranianas", disse a DTEK, maior empresa privada de eletricidade, acrescentando que quatro de suas seis usinas termelétricas sofreram novos danos durante a noite.

Equipes de resgate foram chamadas para apagar incêndios em várias instalações nas regiões de Lviv e Ivano-Frankivsk, no leste ucraniano, que fazem fronteira com Polônia e Romênia, ambos membros da Otan (aliança militar ocidental), disseram autoridades.

O fornecimento de água também foi interrompido após ataques a instalações na região central de Dnipropetrovsk, segundo autoridades locais. "Infelizmente, não pudemos evitar as consequências. Instalações de energia nas regiões de Dnipropetrovsk e Krivii Rih foram danificadas, e incêndios eclodiram", disse o governador Serhii Lisak.

Nenhuma das instalações atingidas foi identificada pelo nome —parte do que autoridades dizem ser uma medida de segurança essencial para evitar que a Rússia avalie rapidamente o impacto de sua ofensiva.

A Rússia nega visar civis durante os ataques, mas diz que o sistema de energia ucraniano é um alvo militar legítimo. As autoridades ucranianas relataram um trabalhador de energia ferido durante a noite.

Na cidade de Kharkiv, fortemente bombardeada nas últimas semanas, um míssil atingiu a área de um hospital com 60 pacientes durante a noite, ferindo uma mulher e danificando o prédio, tubulações de água próximas e linhas de energia, segundo o governador da região.

Já o ataque com drones realizado pelo serviço de segurança ucraniano às refinarias russas causou incêndios nas instalações, de acordo com a pessoa da área de inteligência do país à Reuters. Drones ucranianos também atacaram a base aérea militar de Kuschevsk da Rússia na mesma região sul.

A refinaria de petróleo Slaviansk foi forçada a suspender algumas operações após ser danificada no ataque, segundo a agência de notícias estatal russa Tass, citando um executivo responsável pela instalação.

A Ucrânia perdeu 80% de sua geração de energia térmica e 35% de sua capacidade hidrelétrica durante os ataques russos, dizem autoridades.

Embora o grosso do sistema de energia venha da energia nuclear, a capacidade perdida desempenha uma função de equilíbrio na rede.

Apagões rotativos planejados foram introduzidos em várias regiões, mas o impacto total dos ataques ainda não foi sentido porque o consumo, que é mais alto no inverno e no pico do verão, está em baixa sazonal devido ao clima mais ameno no país atualmente.

"Os ataques da noite passada destacam a necessidade contínua e urgente de os aliados da Ucrânia fornecerem sistemas de defesa aérea mais fortes", disse Maxim Timchenko, CEO da DTEK.

Os Estados Unidos aprovaram um grande pacote de ajuda para a Ucrânia e outros aliados nesta semana, superando um impasse no Congresso do país que se arrastou por meses e viu os estoques de armas de Kiev se esvaziarem.

"Estou garantindo que os envios comecem imediatamente. Nas próximas horas, literalmente, vamos começar a enviar para a Ucrânia equipamentos de defesa aérea, artilharia, sistemas de foguetes e veículos blindados", disse o presidente Joe Biden ao assinar, na quarta (24), a lei chancelada pelo Congresso na noite anterior.

Foram US$ 60,8 bilhões aprovados para a Ucrânia. Na sexta-feira (26), o Pentágono anunciou que comprará US$ 6 bilhões em novas armas para o aliado, incluindo munições para o sistema de defesa aérea Patriot.

A Rússia também enviou mais tropas para Ocheretine, no leste da Ucrânia, para reforçar sua ofensiva terrestre no local. As forças de Kiev ainda mantêm boa parte do vilarejo e esperam que as entregas de armas de Washington mudem a situação a seu favor, disse o Exército ucraniano no sábado.

As tropas de Moscou avançaram lentamente por cerca de seis vilas na frente de batalha desde a captura da cidade Avdiivka em fevereiro, em meio ao racionamento de suprimentos e munições por parte da defesa ucraniana. O local era considerado chave para o avanço russo no leste ucraniano, onde ainda não controla parte das províncias ilegalmente anexadas por Vladimir Putin em 2022.

Ocheretine foi palco de combates intensos neste sábado, mas Nazar Volochin, porta-voz do comando leste, disse que as forças ucranianas tinham a situação "sob controle" e dominavam ainda dois terços da vila.

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