Guerra em Gaza ainda vai durar muitos meses, diz comandante militar de Israel

Número de mortos no território palestino durante conflito passou de 21 mil, segundo pasta controlada pelo Hamas

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São Paulo

O comandante do Exército de Israel, Herzi Halevi, afirmou na noite desta terça-feira (26) que a guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 20 mil mortos no território palestino, "continuará por muitos mais meses".

"Os objetivos desta guerra são essenciais e não são fáceis de alcançar", disse Halevi um dia antes de um ataque israelense por terra, mar e ar no centro de Gaza deixar dezenas de mortos, segundo autoridades palestinas.

Corpos de palestinos mortos no norte de Gaza são enterrados em vala comum no sul do território, em Rafah - Mahmud Hams - 26.nov.2023/AFP

Na segunda (25), o Ministério das Finanças de Israel já havia projetado a continuação da guerra até fevereiro de 2024 —o que custará aos cofres públicos mais US$ 14 bilhões (R$ 68 bilhões), triplicando o déficit orçamentário antes previsto.

As afirmações acontecem no momento em que autoridades de Israel e dos Estados Unidos, principal aliado do Estado judeu, discutem uma nova fase do conflito.

Segundo um funcionário da Casa Branca que falou com a agência de notícias AFP sob condição de anonimato, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, reuniu-se nesta terça com o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, para discutir medidas que possam melhorar a situação humanitária em Gaza, devastada pela guerra.

A reunião ocorreu após o Conselho de Segurança da ONU entrar em um acordo por uma resolução que pede a entrega de ajuda humanitária com segurança e sem obstáculos.

O território, onde mais de 2,4 milhões de pessoas moram e cerca de 115 estão reféns do grupo terrorista, enfrenta falta de água, alimentos, medicamentos e combustível devido ao cerco de Tel Aviv. Quase 1,9 milhão de habitantes foram deslocados devido ao conflito, segundo as Nações Unidas.

Nesta quarta, cinco pessoas foram mortas em um ataque aéreo no distrito de Al-Maghazi, no centro de Gaza, disseram médicos, enquanto ao norte autoridades de saúde afirmaram que os corpos de sete palestinos mortos durante a noite chegaram ao Hospital Al-Shifa.

Em Rafah, cidade no sul do território onde muitos palestinos buscaram refúgio após um ultimato de Israel, centenas de pessoas foram à sede da companhia de água Abdul Salam Yassin na terça. Com baldes e garrafas, as pessoas entraram em uma fila para receber água potável.

"Esta era a carroça do meu pai", disse à AFP Amir Al-Zahhar, morador de Rafah. "Ele virou mártir durante a guerra. Usava a carroça para transportar e vender peixe; agora usamos para transportar água." Enquanto isso, uma mulher aproveitou o sol de terça para lavar roupa com as mãos. "Implorei às pessoas por água. Não tenho absolutamente nada, peguei tudo emprestado dos outros, até os cobertores."

Em Khan Yunis, também no sul, um ataque aéreo israelense perto do Hospital Al-Amal nesta quarta matou 20 palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Não houve comentários imediatos dos militares israelenses.

Também nesta quarta, a pasta disse que Israel entregou os corpos de 80 pessoas mortas no conflito, ainda não identificadas. Autoridades do território disseram que os corpos foram entregues por Israel por meio da passagem de fronteira de Kerem Shalom. Eles foram enterrados na terça em uma longa vala no cemitério de Rafah.

De acordo com o coordenador da equipe de emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde), Sean Casey, a capacidade de atendimento médico em Gaza atualmente representa 20% do que era oferecido há 80 dias. "Estamos vendo apenas casos de trauma passarem pela porta e em uma escala que é bastante difícil de acreditar. É um banho de sangue, uma carnificina." Segundo ele, nenhum lugar em Gaza está seguro.

O agravamento da crise humanitária aumentou os apelos por um cessar-fogo, ao mesmo tempo em que crescem ataques na região de grupos ligados ao Hamas, provocando temores de uma propagação do conflito no Oriente Médio. Na terça, os EUA anunciaram ter derrubado vários drones e mísseis no Mar Vermelho lançados por rebeldes houthis do Iêmen.

Desde o início da guerra, desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, trocas de tiros entre soldados israelenses e membros do Hezbollah têm ocorrido praticamente diariamente na fronteira com o Líbano.

Nesta terça, um combatente do Hezbollah e dois civis morreram em um ataque aéreo de Israel no sul do Líbano, segundo a imprensa estatal libanesa. A Agência Nacional de Informação afirmou que "aviões inimigos" bombardearam uma casa no centro de Bint Jbeil, a dois quilômetros da fronteira.

A agência identificou os mortos como Ali Bazzi, seu irmão, Ibrahim, e sua cunhada, Shourouk Hammoud. Um fotógrafo da AFP viu uma casa de dois andares completamente destruída e foi informado por um amigo da família que Bazzi tinha nacionalidade australiana.

Desde 7 de outubro, a violência deixou 160 mortos no lado libanês da fronteira.

Nesta quarta o Irã afirmou que vai responder ao assassinato de um de seus comandantes por parte de Israel com "ações diretas" e com outras lançadas por grupos pró-Teerã no Oriente Médio. Na segunda, o governo iraniano acusou Israel de assassinar na Síria o general Razi Mussavi, um alto comandante da força Quds, a elite da Guarda Revolucionária do país.

"Nossa resposta ao assassinato de Mussavi será uma combinação de ações diretas e outras lançadas pela frente de resistência", declarou o porta-voz da Guarda Revolucionária, Ramazan Sharif, nesta quarta, segundo a agência de notícias local Mehr.

A violência também afeta a Cisjordânia ocupada, onde uma operação israelense em um campo de refugiados deixou seis mortos nesta quarta-feira (27), segundo o Ministério da Saúde palestino. As tensões geradas pelo conflito já deixaram mais de 300 mortos no território, segundo a pasta. Militares israelenses inicialmente não responderam às perguntas sobre a operação.

Com AFP e Reuters

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