A polícia da República Tcheca intensificou a patrulha em escolas e outros prédios públicos nesta sexta-feira (22), um dia após um atirador matar 14 pessoas em uma universidade de Praga naquele que é o pior ataque a tiros do país em 30 anos.
Na sede da Universidade Charles, onde estudantes foram assassinados, uma multidão que incluía o primeiro-ministro Petr Fiala e o embaixador dos EUA, Bijan Sabet, prestou homenagem às vítimas. Alguns se ajoelharam para acender velas e colocar flores, enquanto outros choravam e se abraçavam.
"Estamos aqui para mostrar nosso apoio aos nossos colegas", disse o estudante tcheco Daniel Broz. "Eu estava do outro lado do rio e ouvi tiros e estalos, mas não sabia o que estava acontecendo. Depois, vários carros da polícia passaram e foi absolutamente surreal, especialmente para um tcheco que nunca havia testemunhado um evento assim."
A Universidade Charles cancelou todas as palestras e eventos nesta sexta, um dia após o ataque no país com 10,9 milhões de habitantes, onde mais de 300 mil pessoas possuem armas, mas atentados a tiros são raros.
O Ministério da Saúde informou que 27 pessoas foram admitidas ou tratadas em seis hospitais de Praga, muitas com ferimentos a bala. Dentre elas, 12 permanecem em estado grave e, pelo menos uma, em estado crítico.
As autoridades também começaram a divulgar mais detalhes sobre o ataque e os eventos que o precederam. Elas disseram que o atirador, um estudante de 24 anos da faculdade de artes —onde ele realizou o ataque—, provavelmente se matou depois que a polícia o encurralou em uma sacada.
Ele estava com várias armas, segundo a polícia. "Ele ficou com uma espingarda, que não tem longo alcance, e quando estávamos nos aproximando da sacada, ele decidiu cometer suicídio", disse Petr Matejcek, diretor da polícia regional de Praga, em entrevista transmitida pela televisão pública tcheca.
A polícia divulgou imagens de vídeo de câmeras corporais mostrando agentes invadindo o prédio da universidade, vasculhando corredores e salas de aula e prestando os primeiros socorros às vítimas. O vídeo também mostra policiais no telhado carregando o que parece ser um corpo e, mais tarde, pessoas saindo do prédio com as mãos levantadas acima da cabeça.
As autoridades disseram que o suspeito, a quem pediram para não ser nomeado, havia matado seu pai em casa, nos arredores de Praga, antes de viajar para a capital. Um amigo do atirador disse aos policiais após o crime que o homem já havia dito que pretendia se matar.
O atirador deveria assistir a uma palestra na universidade, mas realizou o ataque no prédio principal da Faculdade de Artes, próximo a uma praça movimentada da capital tcheca e a apenas centenas de metros da Praça da Cidade Velha, uma das principais atrações turísticas da Europa.
Nesta sexta, a polícia intensificou as medidas de segurança em eventos e prédios em todo o país. As autoridades afirmaram que não há informações sobre mais "ameaças concretas".
A polícia também suspeita que o atirador tenha matado a tiros um homem e sua filha de dois meses em uma floresta perto de uma vila nos arredores de Praga na semana passada, num ataque que parece ter sido aleatório. Os agentes encontraram uma correspondência balística entre a arma usada neste ataque e na universidade.
"As pistas nos apontam para isso e estamos aguardando os resultados dos testes balísticos", disse o chefe de polícia de Praga, Matejcek, acrescentando que o atirador tinha licença de arma e nenhum registro criminal.
O governo declarou sábado (23) um dia de luto nacional.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.