Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Ministro de Israel diz que tempo para evitar conflito com Hezbollah é curto

Declaração de Yoav Gallant ocorre após atentados e ataques que aumentaram instabilidade no Oriente Médio

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São Paulo

Após atentados e ataques que aumentaram a instabilidade no Oriente Médio, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse a autoridades dos Estados Unidos que há "um curto espaço de tempo para que se chegue a um entendimento diplomático" com o Hezbollah, grupo islâmico xiita patrocinado pelo Irã e que apoia o Hamas.

A declaração foi feita durante encontro com o enviado especial dos EUA para a região, Amos Hochstein, segundo o jornal The Times of Israel. "Estamos em uma encruzilhada. Preferimos um acordo diplomático, mas temos um curto espaço de tempo [para evitar a expansão do conflito]", afirmou Gallant. "Não toleraremos as ameaças feitas pelo Hezbollah e garantiremos a segurança de nossos cidadãos."

Libaneses em funeral de líder do Hamas morto em Beirute
Libaneses em funeral de líder do Hamas morto em Beirute - Aziz Taher - 3.jan.23/Reuters

Desde o começo da guerra entre Israel e Hamas, em outubro, o Hezbollah tem trocado ataques diários com militares de Tel Aviv no norte do território israelense. Baseado no Líbano, o grupo extremista diz ter comprometido cerca de um terço das forças do rival na região fronteiriça. A facção, contudo, por ora tem evitado expandir o conflito —o último combate aberto entre ambos os lados ocorreu em 2006.

Mas a crise regional se agravou na última terça (2), quando o vice-chefe da ala política do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto em Beirute em um ataque de drone atribuído a Israel. A ação, numa área controlada pelo Hezbollah, teria sido a mais importante das forças israelenses fora de suas fronteiras na guerra.

O líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, disse ser inevitável uma resposta a Tel Aviv após o ataque na capital libanesa. "Não podemos nos calar perante uma violação dessa magnitude, porque significaria que todo o Líbano estaria exposto [no futuro]", disse ele em discurso televisionado nesta sexta.

Ao comentar um ataque com drone feito pelos EUA na quinta (4) que teria matado o chefe de um grupo pró-Teerã em Bagdá, Nasrallah instou outros governos da região a agir. Segundo ele, o Iraque tem uma "oportunidade única" para se livrar da presença americana, ainda residual no país após as ações principais de combate relacionadas à invasão de 2003, que derrubou o regime de Saddam Hussein.

As ameaças aumentam os temores de que a guerra entre Israel e Hamas se espalhe no Oriente Médio. Também ocorrem em um momento ainda mais complexo no conflito: na segunda-feira (1º), Tel Aviv havia anunciado o início de uma nova etapa de suas operações militares contra o grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza desde 2006.

As mudanças incluem a retirada de parte de suas tropas do território palestino. Embora a maioria dos soldados deva voltar à vida civil, relatos na imprensa israelense sugerem que pode haver um deslocamento de efetivo para reforçar a fronteira norte com o Líbano.

Gallant, o ministro da Defesa israelense, apresentou pela primeira vez, na quinta, propostas para o pós-guerra em Gaza. O plano prevê a remoção do Hamas e recomenda a criação de uma força-tarefa liderada pelos EUA em parceria com a União Europeia e parceiros regionais para reabilitar o território palestino.

Ele descartou a criação de assentamentos israelenses na Faixa. "Os residentes de Gaza são palestinos, portanto, os órgãos palestinos estarão no comando, com a condição de que não haja ações hostis ou ameaças contra o Estado de Israel", disse ele. O ministro ainda defendeu que Tel Aviv continue a fornecer informações para orientar os civis e continue a inspecionar os produtos que entram no território.

Gallant afirmou que as ações israelenses em Gaza vão continuar até a devolução dos reféns, o desmantelamento das capacidades militares e de governo do Hamas e a "eliminação total" das ameaças militares no território.

Na próxima fase da guerra, segundo o ministro, as ações militares mais pesadas, incluindo ataques aéreos e demolição de túneis, devem ficar limitadas à região norte de Gaza. No sul, a tendência é uma diminuição da presença de militares, com a área ficando sujeita a ações direcionadas para eliminar líderes do Hamas e resgatar reféns.

Na reunião com o enviado dos EUA, Gallant ainda defendeu, sem entrar em detalhes, uma "nova realidade" na fronteira norte de Israel. Cerca de 80 mil israelenses tiveram de ser removidos da região ainda no início do conflito devido às escaramuças com o Hezbollah.

O encontro ocorreu a poucos dias de uma nova visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Tel Aviv. O americano faz um giro pelo Oriente Médio numa tentativa de arrefecer a crise. Ele planeja discutir detalhes da guerra com os líderes israelenses, além de "medidas imediatas para aumentar substancialmente a ajuda humanitária a Gaza", segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Com Reuters e AFP

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