Reunião entre ministros da Venezuela e da Guiana no Itamaraty dura 7 horas

Mauro Vieira intermediou o encontro, cujo objetivo era reduzir tensões entre os países em meio à disputa por Essequibo

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Brasília

Os chefes da diplomacia da Venezuela e da Guiana —cuja disputa acerca de Essequibo, hoje território guianense, foi reavivada no final do ano passado— passaram sete horas em uma reunião sobre o tema no Itamaraty nesta quinta-feira (25).

Vista aérea da região de Essequibo, na fronteira da Venezuela com a Guina. - Roberto Cisneros-10.12.2023/AFP

Yván Gil Pinto, representante de Caracas, e Hugh Todd, de Georgetown, tiveram seu diálogo intermediado pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Ao final da reunião, os três afirmaram à imprensa que o encontro havia sido um "bom começo". Mas não fizeram declarações diretas sobre Essequibo e não anunciaram nada de concreto, ainda que Todd tenha afirmado esperar uma nova reunião "num tempo razoável".

"A Guiana acredita na lei internacional e respeita a santidade de tratados. E acreditamos em resolver todos os problemas de forma pacifica", disse o guianense. A menção à lei internacional é argumento do país contra a anexação dos venezuelanos do território.

Já o representante da Venezuela declarou que há compromisso de seu país em "preservar o Caribe como zona de paz". "Maduro está plenamente comprometido em buscar alternativas que permitam chegar a solução mutuamente aceitável em relação à controvérsia", afirmou ele, também sem citar diretamente a região em disputa.

Na véspera, o ministro venezuelano esteve no Palácio do Planalto para uma conversa com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Entre outras coisas, segundo relatos, foi dito que as eleições no país devem ocorrer neste ano, no segundo semestre, como previsto.

Além da questão de Essequibo, área rica em petróleo e outros recursos naturais que faz parte da Guiana, mas é reivindicada pelo regime do ditador Nicolás Maduro, o evento também discutiu temas de interesse das duas nações, como cooperação ambiental e comercial.

As tensões em torno de Essequibo se intensificaram no final do ano passado, quando Venezuela realizou uma consulta popular para anexar a área que corresponde a 2/3 do território da Guiana. O resultado do plebiscito foi um apoio de 96% do eleitorado a transformar a região em uma nova unidade federativa da Venezuela e conceder nacionalidade venezuelana aos seus 125 mil habitantes.

Dois dias antes do plebiscito, a Corte Internacional de Justiça havia exortado a Venezuela a não seguir em frente com a consulta.

O Brasil teve papel importante na tentativa de reduzir as tensões na região. Em 14 de dezembro, Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, reuniram-se pela primeira vez para tentar estabelecer um diálogo.

Um aperto de mãos, seguido de aplausos, fechou o encontro de cerca de duas horas, de acordo com um vídeo enviado do Ministério da Comunicação e Informação da Venezuela. Em comunicado conjunto, os dois líderes se comprometiam a manter a paz regional.

O evento, realizado em São Vicente e Granadinas, foi acompanhada por Amorim, como enviado de Lula. Foi a ocasião que estabeleceu as bases para o prosseguimento de reuniões sobre o tema como a que ocorreu nesta quinta em Brasília.

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