Descrição de chapéu Financial Times guerra israel-hamas

Economia de Israel encolhe 20% desde início da guerra contra o Hamas

Convocação de reservistas, realocação de israelenses e restrições aos palestinos explicam queda, diz relatório

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Polina Ivanova Neri Zilber
Jerusalém e Tel Aviv | Financial Times

A economia de Israel encolheu quase 20% no último trimestre de 2023, mostraram dados oficiais, à medida que o país direcionava recursos para a guerra contra o Hamas em Gaza.

A queda acentuada no PIB, que foi muito mais abrupta do que os analistas haviam previsto, ocorreu enquanto centenas de milhares de reservistas israelenses foram mobilizados para lutar após o ataque do Hamas em 7 de outubro.

Bombas israelenses sendo disparadas na Faixa de Gaza - Jack Guez - 17.nov.23 /AFP

O PIB diminuiu 19,4% em comparação com o terceiro trimestre. Em uma base puramente trimestral, a economia contraiu 5,2% em comparação com os três meses anteriores.

A queda acentuada foi causada em parte pela convocação de 300 mil reservistas, que tiveram que deixar seus locais de trabalho e empresas para embarcar em meses de serviço militar, disse o Escritório Central de Estatísticas.

Outros fatores que afetaram a economia incluíram a ajuda do governo na questão da habitação para mais de 120 mil israelenses que tiveram de sair das áreas de fronteira ao norte e sul do país.

Após o ataque de 7 de outubro, Israel também impôs restrições severas à movimentação de trabalhadores palestinos da Cisjordânia no país. A medida afetou o setor da construção, causando escassez de mão de obra que se tornou um fator adicional de desaceleração do crescimento econômico, disse o escritório.

Em geral, Israel encerrou o ano com uma economia em crescimento, com o PIB subindo 2% em 2023 em relação a 2022 –isso comparado a um aumento de 6,5% no ano anterior.

A guerra desencadeou um crescimento acentuado nos gastos do governo, que aumentaram 88% nos três meses após o início do conflito em comparação com o trimestre anterior. Enquanto isso, os consumidores estavam gastando 27% a menos.

As importações de bens e serviços caíram 42%, afirma o relatório, ao passo que as exportações diminuíram 18%.

No início deste mês, a agência de notação financeira Moody's reduziu a nota da dívida soberana de Israel de A1 para A2 devido às preocupações com a guerra em Gaza, em particular sobre quanto tempo o conflito poderia durar e seu impacto mais amplo na economia do país.

A agência também descreveu o panorama da dívida de Israel como negativo devido ao risco de a guerra se estender para a linha de frente ao norte de Israel contra o Hezbollah.

Líderes israelenses criticaram o relatório, com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmando: "O rebaixamento da classificação não está relacionado à economia. É inteiramente devido ao fato de estarmos em guerra. A classificação voltará a subir no momento em que vencermos a guerra –e venceremos a guerra."

O premiê israelense prometeu publicamente continuar lutando até que a "vitória total" contra o Hamas seja assegurada. No início de fevereiro, ele disse que isso levaria vários meses, no mínimo.

O PIB per capita de Israel, tradicionalmente forte na economia e mais alto do que o do Reino Unido e da França, caiu 0,1% em 2023, segundo o relatório, enquanto a população cresceu 2,2%

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