Descrição de chapéu guerra israel-hamas

EUA vetam pela 3ª vez resolução no Conselho de Segurança para cessar-fogo entre Israel e Hamas

Para Washington, texto dificulta negociações por trégua; americanos têm proposta alternativa, mas sem data de votação

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São Paulo

Os Estados Unidos vetaram pela terceira vez, nesta terça-feira (20), uma proposta de resolução enviada ao Conselho de Segurança da ONU para determinar um cessar-fogo imediato na guerra Israel-Hamas.

Treze membros do órgão votaram a favor do texto redigido pela Argélia, enquanto o Reino Unido se absteve. Os EUA foram o único país a se manifestar de forma contrária à resolução.

A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, em sessão do Conselho de Segurança
A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, em sessão do Conselho de Segurança - Angela Weiss/AFP

A embaixadora de Washington nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, argumentou que o texto da Argélia poderia comprometer "negociações delicadas" em curso. Ela se referia aos diálogos que Washington mantém com autoridades do Egito, do Qatar e de Israel para estabelecer uma nova trégua na guerra em troca da libertação de reféns ainda mantidos em cativeiros na Faixa de Gaza.

A resolução redigida pela Argélia não vinculava o cessar-fogo à soltura dos reféns. O texto determinava, de forma separada, o estabelecimento de uma trégua humanitária imediata e a libertação das vítimas, mas autoridades israelenses afirmaram que o Hamas poderia não cumprir a determinação.

"Exigir um cessar-fogo imediato e incondicional sem um acordo que obrigue o Hamas a libertar os reféns não trará uma paz duradoura. Em vez disso, poderia prolongar a luta entre o Hamas e Israel", acrescentou Thomas-Greenfield. Ela já havia sinalizado no sábado (17) que o governo americano vetaria a proposta.

"Qualquer ação que este Conselho tome neste momento deve ajudar, não atrapalhar as negociações sensíveis e contínuas. E acreditamos que a resolução que está sendo discutida agora teria, de fato, um impacto negativo sobre essas negociações", acrescentou a embaixadora americana.

Foi a terceira vez que o governo de Joe Biden vetou uma resolução de cessar-fogo na guerra. Em outubro do ano passado, os EUA bloquearam uma proposta do Brasil sob a justificativa de que faltava uma afirmação do direito de Israel de se defender.

Depois, em dezembro, Washington barrou uma proposta apresentada pelos Emirados Árabes Unidos. "Não apoiamos os apelos a um cessar-fogo imediato", disse na ocasião Robert Wood, vice-embaixador dos EUA na ONU. "Isto plantaria sementes para a próxima guerra, porque o Hamas não deseja ver paz."

Nos bastidores, os Estados Unidos propuseram uma versão alternativa a uma resolução do Conselho de Segurança na qual se opõem a uma invasão em larga escala do Exército de Israel em Rafah, cidade que concentra os deslocados internos pelo conflito, segundo a agência de notícias Reuters.

A proposta, embora não se distancie das críticas recentes do governo de Joe Biden à escala de destruição em Gaza, é novidade no Conselho de Segurança, fórum no qual Washington tem blindado Tel Aviv e vetado resoluções que não mencionem o direito de defesa de Israel ou tréguas prolongadas no conflito.

O texto preliminar proposto pelos EUA "determina que, nas circunstâncias atuais, uma grande ofensiva terrestre em Rafah resultaria em mais danos aos civis e em seu deslocamento adicional, incluindo potencialmente para países vizinhos".

Israel disse que o prazo para invadir Rafah é dia 10 de março, início do Ramadã, caso o Hamas não solte os mais de cem reféns israelenses e estrangeiros ainda em seu poder.

Um alto funcionário do governo Biden afirmou à agência Reuters, porém, que não há pressa em votar a resolução proposta por Washington, que busca continuar com negociações.

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