Hamas rebate fala de Biden sobre trégua iminente em Gaza, mas negociação avança

Israel teria proposto libertar, pela 1ª vez, palestinos presos por acusações de terrorismo em troca de mulheres, idosos e feridos

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São Paulo

Membros do alto escalão do Hamas disseram ser prematuros os comentários do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a possibilidade de um novo cessar-fogo na guerra em Gaza, contra Israel, ser anunciado já no início da próxima semana.

Sem dar detalhes, duas figuras da facção afirmaram à agência Reuters que há "grandes lacunas a serem superadas", ainda que tampouco tenham desmentido que um novo acordo pode ser selado.

Crianças palestinas aguardam por distribuição de comida em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza
Crianças palestinas aguardam distribuição de comida em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza - 26.fev.24/AFP

Na última semana, delegações de Israel, EUA, Egito e Qatar estiveram em Paris para costurar um possível novo acordo, e o documento está agora sob revisão do grupo terrorista que controla Gaza. Alguns detalhes da proposta israelense começam a ser apresentados.

Também à Reuters uma pessoa familiarizada com as negociações disse que o plano enviado ao Hamas prevê um cessar-fogo de 40 dias durante o qual a facção teria de libertar cerca de 40 reféns que ainda tem sob seu controle, em troca da libertação de cerca de 400 detentos palestinos —uma proporção de 10 para 1.

Acredita-se que um desses reféns ainda sob controle do grupo seja o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, 59, sequestrado no último 7 de outubro. Ele é natural de Niterói, no Rio de Janeiro, e, desde a data do sequestro, sua família não tem notícias dele.

Ainda durante a vigência do suposto acordo, Israel reposicionaria suas tropas fora de áreas povoadas. Residentes de Gaza, com exceção de homens em idade de combate, seriam autorizados a retornar para suas casas em áreas que tenham sido esvaziadas, e a ajuda humanitária que entra por Rafah, na fronteira com o Egito, seria intensificada.

As linhas gerais do plano não atendem a demandas que já haviam sido apresentadas antes pelo Hamas, como a de libertar 1.500 detentos palestinos. Uma delegação do grupo está nesta semana no Qatar junto a uma delegação de Tel Aviv para as tratativas.

Ainda assim, por parte de Israel, autoridades também teriam sinalizado que poderiam libertar prisioneiros palestinos de alta segurança em troca de soldados israelenses que foram capturados pelo Hamas. Até aqui, acordos de cessar-fogo excluíam os militares capturados, limitando-se a civis reféns.

A proposta teria partido de Washington, segundo o jornal The New York Times, e envolveria libertar cinco soldados israelenses reféns em troca de 15 palestinos condenados por terrorismo.

Os negociadores do conflito tentam que o novo acordo seja selado antes do início do Ramadã, sagrado para os muçulmanos, no próximo dia 10. Anteriormente, o governo de Binyamin Netanyahu já havia dito que a temida invasão no sul de Gaza, onde estão mais de 1,4 milhão de palestinos deslocados internos do conflito armado, poderia ocorrer concomitantemente com o feriado.

As propostas apresentadas por Israel também dependem do perfil dos reféns —acredita-se que cerca de cem sigam com o Hamas. Tel Aviv diz que ainda há mulheres reféns, e em troca de cada uma delas poderia libertar três palestinos detidos. No caso de homens com 50 anos ou mais, seriam dez detentos. E, no caso de feridos, cerca de 12. Tudo ainda está sob avaliação.

No final do ano passado, um acordo de cessar-fogo estendido por algumas vezes permitiu a libertação de cerca de 70 reféns mulheres e crianças, além de 210 palestinos que estavam presos.

Acordos paralelos também permitiram a libertação de trabalhadores tailandeses que haviam sido sequestrados —essa mão de obra é muito comum no sul de Israel— e de cidadãos russos.

Com Reuters e The New York Times

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