Descrição de chapéu América Latina Venezuela

Opositora inabilitada de Maduro indica substituta para disputar eleições

María Corina Machado, impedida de concorrer, escolhe a acadêmica Corina Yoris para ser adversária de Maduro em julho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Boa Vista

A principal líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, indicou nesta sexta-feira (22) Corina Yoris como candidata a enfrentar Nicolás Maduro nas eleições presidenciais do país no dia 28 de julho.

María Corina está inabilitada por 15 anos e não poderia ser a candidata escolhida, apesar de não haver, até esta sexta, descartado sua candidatura. O período para postulação de almejantes ao cargo termina na segunda-feira (25).

María Corina Machado (esq.), principal opositora da ditadura de Nicolás Maduro, abraça Corina Yoris-Villasana, anunciada como sua substituta nas eleições de julho; María Corina está inabilitada para assumir cargos públicos por 15 anos
María Corina Machado (esq.), principal opositora da ditadura de Nicolás Maduro, abraça Corina Yoris-Villasana, anunciada como sua substituta nas eleições de julho; María Corina está inabilitada para assumir cargos públicos por 15 anos - Gaby Oraa - 22.mar.2024/Reuters

"Sinto-me neste momento não apenas orgulhosa, mas tremendamente comprometida com o povo, com a cidadania, com María Corina, com este ato de confiança de depositar em mim esse desafio que ela tem", afirmou Yoris.

Corina Yoris-Villasana, 80, é licenciada em filosofia e letras, doutora em história e professora da Universidade Católica Andrés Bello (Ucab). Há poucos dias, foi indicada à Academia Venezuelana da Língua, algo que comemorou em publicação em seu perfil no X no último dia 18. Ela também é colunista do jornal El Nacional.

Segundo disse María Corina ao apresentar sua substituta, Corina Yoris tem três filhos e sete netos. "Todos admiramos sua atitude impecável, transparente, equânime quando foi membro da comissão nacional de primárias. Ali foi onde eu a conheci, e seu amor pela Venezuela me impactou. Vamos lutar juntas", afirmou María Corina.

A ditadura tem perseguido opositores, particularmente nas últimas semanas. Na quarta-feira (20), um dia antes do início das postulações de candidaturas, o regime Maduro acusou de "ações desestabilizadoras" e mandou prender nove aliados de María Corina, incluindo coordenadores políticos e sua chefe de campanha e braço direito, Magalli Meda.

"Sabem que estão derrotados, porque não há maneira de vencerem uma eleição contra nós", disse María Corina sobre o novo avanço contra os seus aliados.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos também se pronunciou sobre as últimas prisões. "A decisão de Maduro e seus representantes de deter dois membros da campanha da principal candidata da oposição e de emitir mandados de prisão para outros sete representa uma escalada perturbadora da repressão", disse o porta-voz da pasta, Matthew Miller, nesta sexta.

Yoris afirmou durante o anúncio ao lado de María Corina que, se eleita, seu primeiro ato como presidente será libertar os prisioneiros políticos da Venezuela, que somam ao menos 250 e incluem civis e membros das Forças Armadas.

A opositora havia vencido com folga as primárias realizadas em outubro passado com a anuência do regime, num resultado suspenso pela Justiça logo em seguida —Yoris participou da organização da comissão que realizou as prévias, como disse María Corina.

Alguns institutos apontam que María Corina derrotaria o ditador Nicolás Maduro com folga, tendo em média 70% das intenções de voto, contra entre algo entre 15% e 20% dele.

Até a indicação de Yoris, havia mistério sobre o que a oposição faria. A inegável força política de María Corina ia de encontro a sua inabilitação, reforçada pelo Judiciário venezuelano, alinhado ao regime, em janeiro.

O combo inabilitação e perseguição, na prática, deixam Maduro sozinho no pleito, sem adversários com chances reais. A oposição conta apenas com duas cédulas partidárias autorizadas: da MUD, a antiga aliança substituída pela atual Plataforma Unitária (PUD), e Um Novo Tempo (UNT), de Manuel Rosales, que enfrentou Hugo Chávez nas eleições presidenciais de 2006, esteve exilado no Peru e agora é governador do estado de Zulia (oeste).

Uma das opções nesse cenário seria justamente a indicação de uma candidatura substituta, na tentativa de que as intenções de votos em María Corina migrassem para o novo nome. Além de sem garantias, a estratégia ainda pode topar com eventual nova inabilitação pelo chavismo, que tem o Legislativo, o Judiciário e o órgão máximo eleitoral como instituições aliadas.

Outra possibilidade seria ainda menos promissora: endossar uma oposição tradicional, mais palatável ao chavismo e, também por isso, com menos força eleitoral; ou ainda candidatos vistos como colaboracionistas —que se dizem antichavistas, mas são acusados de colaborar com o regime.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.