Campanha de Biden vai continuar a usar TikTok apesar de banimento

Assessor diz que equipe utilizará 'medidas de segurança' e vê aplicativo como fundamental para contato com jovens

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Washington | Reuters

A campanha de reeleição do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja continuar usando a rede social TikTok para divulgar conteúdo. É o que indicou um funcionário da equipe do americano, logo depois do governo ter assinado um projeto de lei que proibiria o aplicativo se seu proprietário chinês, a ByteDance, não o não se desfizer dele em nove meses.

"Um ambiente de mídia fragmentado exige que apareçamos e encontremos os eleitores onde eles estão, e isso inclui a internet. O TikTok é um dos muitos lugares em que estamos garantindo que nosso conteúdo seja visto pelos eleitores", disse um assessor da campanha de Biden, que não quis se identificar.

O presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca em Washington - Jim Watson/AFP

Segundo esse funcionário, a campanha usará "medidas de segurança aprimoradas" ao usar o aplicativo. A assessoria de Biden para as eleições não é empregada pelo governo e nem lida com questões de segurança nacional. Assim, ela tem permissão para ter e utilizar o aplicativo em seus telefones.

A decisão ocorre no momento em que muitos eleitores jovens e de esquerda, uma parte significativa da base de usuários do aplicativo de vídeos curtos, estão agitados com a forma como Biden lidou com a guerra em Gaza e os protestos aumentaram nas universidades de todo o país.

A conta da campanha de Biden no TikTok, @bidenhq, postou cerca de 120 vídeos e tem mais de 306 mil seguidores. Rotineiramente, o perfil posta vídeos de Biden no aplicativo, mesmo quando a Casa Branca argumenta que a rede social causa "preocupações legítimas de segurança nacional".

A justificativa dada por defensores do projeto é que a relação da China com a ByteDance pode trazer riscos à segurança nacional dos Estados Unidos, uma vez que a companhia seria obrigada a compartilhar dados com o governo chinês.

Em resposta a Biden, o presidente-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, disse que a empresa espera questionar na justiça a legislação. "Fiquem tranquilos, não vamos a lugar algum", disse ele em um vídeo postado momentos depois do americano sancionar a lei.

Em 2020, a empresa processou o governo quando o então presidente Donald Trump emitiu um decreto para bloquear o aplicativo e deu à ByteDance 90 dias para se desfazer de seus ativos americanos e de quaisquer dados que o TikTok havia coletado nos EUA.

Os assessores de campanha de Biden não esperam que a decisão os prejudique com os eleitores mais novos. "Reduzir o voto dos jovens ao uso de um aplicativo de mídia social não é sério, é impreciso e é um insulto. Eleição após eleição, os jovens continuam a nos mostrar que entendem os riscos deste momento", disse o porta-voz da campanha de Biden, Seth Schuster.

Especialistas em segurança digital identificaram que o TikTok consegue rastrear a localização dos usuários, listas de contatos, detalhes pessoais e endereços IP, e uma cláusula em sua política de privacidade permite a coleta de dados biométricos, incluindo "impressões faciais e de voz".

Tudo isso, segundo esses especialistas, seriam potenciais riscos à privacidade e à segurança nacional. No entanto, pesquisadores concluíram que o TikTok não coleta mais dados do que qualquer outra rede social.

A empresa afirma que nunca compartilhou informações dos mais de 170 milhões de usuários norte-americanos, tampouco o fará no futuro.

Como parte de um plano para evitar a possível venda da operação, o TikTok gastou nos últimos três anos mais de US$ 1,5 bilhão no "Projeto Texas", um plano de reestruturação para proteger os dados e conteúdos dos usuários dos EUA da influência chinesa por meio de uma parceria com o grupo americano Oracle.

O TikTok é particularmente popular entre os jovens norte-americanos, um grupo crucial para Biden nas eleições de novembro contra o ex-presidente Donald Trump.

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