Descrição de chapéu Eleições EUA

Proporção de eleitores que se identificam com Partido Republicano cresce nos EUA

Legenda de Trump ganha espaço entre trabalhadores brancos e população rural e se equipara ao Partido Democrata

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Ruth Igielnik
The New York Times

Na corrida para as eleições de 2020, mais eleitores nos Estados Unidos se identificaram como democratas do que republicanos. Em quatro anos de mandato de Joe Biden, no entanto, essa diferença diminuiu, e o país agora está quase igualmente dividido entre democratas e republicanos.

Os republicanos fizeram ganhos significativos entre eleitores sem diploma universitário, eleitores rurais e eleitores evangélicos brancos, de acordo com um novo relatório do Pew Research Center. Ao mesmo tempo, os democratas mantiveram grupos importantes, como eleitores negros e eleitores mais jovens, e avançaram em eleitores com diploma universitário.

O relatório oferece uma visão de como a identificação partidária mudou ao longo das últimas três décadas. O texto agrupa os independentes, que tendem a se comportar como partidários mesmo que evitem o rótulo, com o partido para o qual eles tendem a apoiar.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump em comício na Pensilvânia
O ex-presidente dos EUA Donald Trump em comício na Pensilvânia - Eduardo Muñoz - 13.abr.24/Reuters

"Os partidos Democrata e Republicano sempre foram muito diferentes demograficamente, mas agora estão mais diferentes do que nunca", disse Carroll Doherty, diretor de pesquisa política do Pew.

As implicações dessa tendência, que também apareceu nos dados de registro partidário entre os eleitores recém-registrados, permanecem incertas, já que a filiação partidária de um eleitor nem sempre prevê em quem ele votará em uma eleição.

Mas os padrões de filiação partidária oferecem pistas para ajudar a entender como as coalizões em mudança ao longo do último quarto de século moldaram os resultados políticos recentes. Durante o governo Trump, a coalizão do Partido Democrata cresceu, ajudando a trazer grandes vitórias nas eleições de meio de mandato de 2018 e uma vitória para Biden em 2020.

O Partido Republicano há muito tempo luta com o fato de que geralmente há menos americanos que se identificam como republicanos do que como democratas. Depois que Barack Obama foi reeleito presidente em 2012, o Partido Republicano produziu um relatório que concluiu que, para ter sucesso em futuras eleições, o partido precisaria ampliar sua base para incluir eleitores negros e hispânicos, que tradicionalmente não estavam alinhados com a sigla.

Doze anos depois, o partido fez alguns pequenos ganhos com eleitores hispânicos. Mas é o crescimento na classe trabalhadora branca e em eleitores rurais que impulsionou os republicanos para a se equipararem em números com os democratas.

O problema é que o total de eleitores registrados que são brancos da classe trabalhadora está lentamente diminuindo, então a estratégia republicana de depender fortemente desse grupo pode não ser sustentável a longo prazo.

Ao mesmo tempo, um realinhamento político amplo entre eleitores negros e hispânicos, muito falado, ainda não se materializou, pelo menos pelo critério de identificação partidária.

A crescente força dos republicanos com eleitores brancos da classe trabalhadora representa uma das maiores divisões políticas no país nos últimos 15 anos. Nos anos 1990 e início dos anos 2000, os democratas tinham uma leve vantagem na identificação partidária entre eleitores sem diploma universitário, enquanto eleitores com diploma universitário estavam mais divididos entre os dois partidos.

Começando no início dos anos 2010 —e acelerando durante a Presidência de Trump— eleitores sem diploma universitário, em particular eleitores brancos sem diploma, moveram-se cada vez mais em direção ao Partido Republicano.

Agora, quase dois terços de todos os eleitores brancos sem diploma se identificam como republicanos ou tendem a apoiar a legenda.

E os republicanos também estão ganhando força entre as mulheres brancas. Em 2018, um ano após a Marcha das Mulheres que atraiu milhões para protestar contra as políticas de Trump, o grupo estava dividido quase igualmente entre democratas e republicanos. Mas desde então os republicanos têm lentamente ganhado terreno. Agora eles têm uma vantagem de 10 pontos percentuais.

No geral, ao longo da maior parte dos últimos 30 anos, os eleitores brancos têm sido mais propensos a se identificar como republicanos do que como democratas, embora a diferença tenha diminuído brevemente no meio dos anos 2000.

Enquanto os eleitores hispânicos ainda são muito mais propensos a se identificar como democratas, a vantagem do partido com o grupo diminuiu recentemente. Hoje, 61% dos eleitores hispânicos se identificam como democratas ou tendem a apoiar a legenda, abaixo dos quase 70% em 2016. Essa tendência reflete pesquisas em 2020 e 2024 que mostraram o potencial de crescimento do apoio a Trump entre os eleitores hispânicos.

Essa mudança parece ser mais notável entre os eleitores hispânicos que não têm diploma universitário ou que se identificam como protestantes. Até 2017, este último grupo tendia para os democratas; agora, é mais provável que se identifiquem como republicanos, mesmo que os católicos hispânicos ainda sejam mais propensos a se identificar como democratas.

Essas mudanças na filiação partidária ficam aquém do que alguns previram como um realinhamento político, diz Bernard Fraga, professor associado de ciência política na Universidade Emory que estuda eleitores latinos.

Os eleitores latinos, entretanto, importam-se profundamente com a economia, observou Fraga, e latinos ideologicamente conservadores estão interessados nos republicanos e em seus planos para o país. "Também é importante lembrar que a população latina é extremamente dinâmica", disse Fraga. "Há um número enorme de eleitores recém-qualificados em cada ciclo eleitoral. E o que percebemos como uma mudança ou deslocamento para os latinos será desproporcionalmente devido aos novos eleitores."

"Cerca de um terço dos eleitores latinos nem sequer estavam no eleitorado antes de 2016", acrescentou.

Os eleitores negros ainda se associam esmagadoramente ao Partido Democrata: 83% dos eleitores negros se identificam como democratas ou tendem a ser democratas. Houve uma pequena queda desde 2020, quando esta parcela era cerca de cinco pontos percentuais mais alta. Entre os homens negros, 15% atualmente se identificam como republicanos, a mesma parcela de 30 anos atrás.

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