Descrição de chapéu América Latina

Morre Ramón Fonseca, advogado do escândalo dos Panama Papers, aos 71 anos

Panamenho era acusado de lavar dinheiro de famosos e líderes mundiais e aguardava julgamento

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Cidade do Panamá | AFP

O advogado panamenho Ramón Fonseca, um dos chefes do escritório de advocacia conhecido por seu envolvimento no escândalo dos Panama Papers, morreu nesta quinta-feira (9) aos 71 anos enquanto aguardava o julgamento no qual era acusado de lavagem de dinheiro.

A informação foi confirmada pela advogada de Fonseca à agência de notícias AFP, que informou a causa da morte como sendo em decorrência de "problemas de saúde", sem entrar em detalhes. A advogada, Guillermina Mc Donald, acrescentou que Fonseca já estava internado e morreu em um hospital na Cidade do Panamá.

O advogado panamenho Ramón Fonseca, morto nesta quinta-feira (9) - Telemetro Panama - 4.abr.16/AFP

O escândalo dos Panama Papers veio à tona em abril de 2016, resultado de uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ. A série de reportagens analisou milhões de documentos e revelou que a firma de advocacia Mossack Fonseca, com sede no Panamá, auxiliou líderes mundiais, celebridades e atletas a ocultar propriedades e lucros para sonegar impostos ou lavar dinheiro.

O esquema funcionava através da criação de empresas de fachada, registradas pela Mossack Fonseca no Panamá, que eram usadas para abrir contas bancárias em vários países e, assim, ocultar dinheiro —em alguns casos, provenientes de fontes ilícitas, como tráfico de armas e drogas.

Entre os líderes mundiais envolvidos estavam o presidente da Rússia, Vladimir Putin; o ex-premiê da Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson; o ex-presidente do Paquistão, Nawaz Sharif; o então primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, hoje ministro das Relações Exteriores; e o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri. Também apareceram na investigação nomes como o jogador de futebol Lionel Messi, o ator Jackie Chan e o diretor Pedro Almodóvar.

Ramon Fonseca fundou a firma junto com o colega Jürgen Mossack, nascido na Alemanha mas residente no Panamá. A Promotoria pediu 12 anos de prisão para cada um deles por lavagem de dinheiro, durante o julgamento, cujas audiências terminaram em 19 de abril.

No caso em que eram julgados, Mossack e Fonseca eram acusados de criar empresas que receberam milhões de euros de diretores da multinacional alemã Siemens que não foram declarados na contabilidade oficial da companhia.

Esse "caixa 2" teria sido utilizado para esconder dinheiro procedente do pagamento de comissões. Devido ao escândalo, o escritório da Mossack Fonseca fechou, e a imagem internacional do Panamá foi gravemente afetada.

"Reitero que tanto o meu parceiro como todas as pessoas que trabalharam comigo foram pessoas sérias, honestas e corretas", declarou Mossack no seu argumento final em 19 de abril. "Houve uma grande injustiça."

O sindicato de advogados panamenhos lamentou a morte e expressou suas condolências aos familiares e amigos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.