Lula diz que Putin e Zelenski gostam da Guerra da Ucrânia

Na Suíça, presidente brasileiro diz que não defende interesses de Vladimir Putin e que está 'do lado da paz'

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (13) que seus homólogos da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Volodimir Zelenski, respectivamente, estão "gostando da guerra" em curso no Leste Europeu há mais de dois anos. O conflito vem provocando milhares de mortes e destruição.

"Se o Zelenski diz que não tem conversa com o Putin, e o Putin diz que não quer conversa com o Zelenski... ou seja, é porque eles estão gostando da guerra. Porque, se não, já tinham sentado para conversar e tentar encontrar uma solução pacífica", afirmou o presidente brasileiro na Suíça.

Lula, com expressão séria, fala ao microfone, iluminado contra um fundo escuro, destacando-se como a figura central em um momento de discurso
O presidente Lula discursa em evento no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel - 11.jun.24/AFP

Lula viajou ao país europeu para participar da reunião anual da OIT (Organização Internacional do Trabalho). O líder petista também se encontrou com a presidente da Suíça, Viola Amherd, que o convidou a participar de uma conferência de paz organizada pelo governo suíço na cidade de Lucerna.

O brasileiro recusou o convite sob o argumento de que uma solução para a crise só deve ocorrer quando Rússia e Ucrânia estiverem representadas. Moscou não participará da conferência, e o Kremlin disse, em maio, que não vê sentido na iniciativa.

"A guerra é feita por duas nações. Se você quiser encontrar a paz, tem que colocar os dois numa mesa de negociação. Se você coloca só um lado, você não quer paz", disse Lula. A diplomata escolhida para ser observadora do Brasil na conferência da Suíça é a embaixadora do país em Berna, Claudia Buzzi.

Após a conversa, o Palácio do Planalto divulgou nota: "O presidente cumprimentou a Suíça pela organização da conferência, mas reiterou a posição do Brasil de que uma solução para a crise demandaria a participação de representantes dos dois lados do conflito. E reiterou o interesse do Brasil de participar e ajudar a viabilizar discussões de paz entre as duas partes."

Lula já falou diversas vezes sobre o conflito que se desenrola no Leste Europeu. Em muitos casos, ele foi criticado ao equiparar as responsabilidades de Moscou e de Kiev, apesar de a invasão territorial ter partido da Rússia.

"O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: 'basta'", disse ele no ano passado, por exemplo.

Nesta quinta, o presidente negou que defenda os interesses de Putin e afirmou que está do lado da paz. "Não, eu não faço a defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão de um país. O que eu não faço é ter lado. O meu lado é a paz. O meu lado não é ficar do lado do Zelenski contra o Putin, do lado do Putin contra o Zelenski", disse Lula.

Lula conversou com Putin na segunda (10) e defendeu uma proposta de negociação para a guerra assinada no final de maio por Brasil e China. Durante viagem a Pequim, Wang e Amorim divulgaram um documento chamado "Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia". O texto apresentou seis pontos que, segundo os dois países, deveriam ser observados para a construção de um processo de paz efetivo na Ucrânia.

Entre os pontos estão a não escalada dos combates, o aumento da assistência humanitária e a rejeição ao uso de armas de destruição em massa, principalmente as nucleares. Brasil e China também disseram no documento que apoiam a realização de uma conferência internacional de paz "em um momento apropriado" e que seja reconhecida por Rússia e Ucrânia.

Durante a guerra o petista também defendeu a proposta da criação de uma espécie de "clube da paz" para o fim da Guerra da Ucrânia, um balaio que englobaria países como o Brasil, a China e a Indonésia. Segundo ele, as negociações deveriam ser conduzidas por um grupo semelhante ao G20, que reúne as maiores economias do mundo. A ideia ventilada, porém, não encontrou eco no exterior.

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